Anil Ganjoo: ‘Nossa estratégia é globalizar a transformação, mas atuar localmente’

HCLTech anuncia expansão agressiva no mercado brasileiro para crescer no país

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5:57 pm - 04 de outubro de 2022
Anil Ganjoo e Fabiano Funari Anil Ganjoo e Fabiano Funari

A indiana HCLTech tem valor de mercado superior a US$ 50 bilhões e operações em mais de 52 países. Agora, a empresa olha para o Brasil com um novo posicionamento para atender o mercado local e não apenas operações globais com presença no país.

Em entrevista ao IT Forum, Fabiano Funari, country manager da HCLTech Brasil, e Anil Ganjoo, Chief Growth Officer Americas da HCL, contaram um pouco mais sobre o foco renovado nas operações do Brasil e seus planos agressivos – eles dizem mirar para a contratação de até mil colaboradores no país nos próximos anos.

“Na América Latina, o maior mercado para nós é o Brasil, com certeza. Ao falar das Américas, os Estados Unidos são o maior mercado pois estamos lá há muitos anos. Mas vemos um enorme potencial no Brasil. Todos estão falando desse ponto de inflexão da demanda e da necessidade de transformação. Há, também, uma enorme demanda de talentos e novos requisitos de talentos qualificados. Portanto, tudo isso está criando uma grande oportunidade e adequação para uma organização como a nossa, que vem de uma sólida formação em engenharia”, contou Anil.

Confira os melhores momentos do bate-papo:

IT Forum: Quais são os planos para o Brasil?

Anil Ganjoo: O Brasil sempre fez parte do cenário global para nós, mas definitivamente se tornou muito mais proeminente e visível. É um país que teve muito mais atenção nos últimos dois ou três anos – época que também crescemos e temos tido uma ótima experiência, o que nos ajudou a ficar muito mais confiantes em investir mais na região. Não apenas por apoiar nossos clientes locais, o que temos feito todos esses anos, mas agora por apoiar todas as organizações locais no Brasil. Portanto, é uma estratégia de mercado muito direcionada ao mercado brasileiro.

IT Forum: Quando vocês comentam sobre esses últimos anos, eles coincidem com a pandemia e o aumento da busca da transformação digital. Em um país como o nosso, onde a maior parte das empresas são pequenas e médias, essa foi uma oportunidade para vocês?

Fabiano Funari: Sim, acho que sim. Como dissemos, antes nós trabalhávamos para clientes globais com operações no Brasil, mas não buscávamos o mercado local. E nos últimos anos, decidimos investir em alguns países do mundo.

Basicamente, a estratégia é globalizar mais a organização, mas atual localmente. No Brasil também fizemos essa escolha, buscando transformar e trazer tecnologia global para os desafios que o Brasil está enfrentando.

Como você disse, o Brasil tem a maior parte de suas empresas como pequenas ou médias e elas têm a capacidade para fornecer centenas de negócios, mas sem transformar os negócios. E esta é uma grande oportunidade para organizações que nasceram na área de engenharia para criar soluções, para criar software. Nós criamos e podemos entregar localmente, mas também trabalhamos muito próximos dos ecossistemas locais. A gente conversa com empresas ou startups que tenham realmente conhecimento da realidade do comportamento do Brasil. Trabalhamos em conjunto com essas empresas para criar valor agregado para os clientes em transformação digital, porque eles não têm a tecnologia, mas têm a mão de obra. E, tudo bem.

Anil Ganjoo: Se você olhar para a história da HCL Tech, é muito importante saber que quando estávamos em nossos primeiros dias, éramos uma empresa de engenharia. Sempre fomos engenharia centrada em tecnologia. Costumávamos construir nossos próprios produtos e quando você vem de uma engenharia tão forte e enraizada, têm ouro em habilidades e tecnologia.

Agora, basicamente, neste novo momento, se você precisa trazer todas essas habilidades fortes, elas incluem a transformação digital. É preciso ter conhecimento de nuvem, inteligência artificial, entre outros. Por isso, estamos procurando alavancar talentos globalmente e não apenas para empresas globais, mas mercados locais. É nesse cenário que o Brasil está se tornando crucial para a nossa estratégia de crescimento.

IT Forum: Essa lógica também faz sentido para pequenas e médias empresas que não querem investir em tecnologia internamente, correto?

Fabiano Funari: Sim. Nós temos 50 laboratórios em todo o mundo para diferentes tecnologias que são emergentes para o Brasil, mas temos uma experiência profunda porque começamos a pesquisar antes em todo o mundo, como por exemplo 5G e IoT. Para essas e outras tecnologias, nós temos os Labs em que trabalhamos com parceiros e clientes para desenvolver algumas soluções.

IT Forum: Existe algum tipo de tecnologia emergente que o brasileiro esteja olhando mais?

Anil Ganjoo: Sim, a resposta é 5G e IoT. Pois estas são tecnologias do futuro que estão presentes. Este é um grande investimento que foi feito para essas tecnologias e para os laboratórios que as estão experimentando. Construir diferentes tipos de casos de uso e depois aplicá-los para atender negócios muito específicos, como recursos naturais, petróleo e gás, telecom, serviços financeiros e agricultura. As empresas brasileiras estão olhando para essas tecnologias e olhando para empresas que têm uma experiência profunda para atendê-las.

Fabiano Funari: Outro exemplo a se imaginar é o metaverso. As empresas ainda estão tentando entender como monetizar o metaverso, como rentabilizar a tecnologia.

IT Forum: Vocês estão olhando para alguma vertical específica no Brasil?

Fabiano Funari: Não, nós cruzamos com todas as verticais. Mas temos mais demandas em verticais como telecom, energia e óleo e gás, por exemplo. Existem muitas oportunidades nestas áreas porque os negócios estão sofrendo algumas alterações na regulamentação e está muito aberto para a transformação digital.

Anil Ganjoo: Além disso, eles têm muitas dessas indústrias curiosamente fizeram o passado que hoje é considerado um sistema legado que precisa de uma grande modernização de transformação e se enquadram nessa categoria de transformação digital.

IT Forum: Nós falamos sobre o mercado do Brasil em geral, mas o que esse mercado significa para a região das Américas ou América Latina?

Anil Ganjoo: Na América Latina, o maior mercado para nós é o Brasil, com certeza. Ao falar das Américas, os Estados Unidos são o maior mercado pois estamos lá há muitos anos. Mas vemos um enorme potencial no Brasil. Todos estão falando desse ponto de inflexão da demanda e da necessidade de transformação. Há, também, uma enorme demanda de talentos e novos requisitos de talentos qualificados. Portanto, tudo isso está criando uma grande oportunidade e adequação para uma organização como a nossa, que vem de uma sólida formação em engenharia.

IT Forum: Pensando em toda a operação do Brasil, podemos esperar a contratação de novos profissionais no país?

Anil Ganjoo: Sim, absolutamente! Nós já crescemos substancialmente nos últimos 2/3 anos e estamos muito positivos em relação ao crescimento incremental, por causa das conversas que estamos tendo com empresas locais aqui em termos de suas necessidades.

Então, tendo isso em mente e os investimentos que fizemos por todos esses anos, estamos muito felizes em ver que há muito talento aqui. Nós temos uma academia muito forte de treinamento de habilidades, como IoT ou 5G.

Eu acredito que o treinamento de talentos em tecnologias e indústrias específicas é um diferencial para atendermos novos clientes. Mantendo isso em mente, nos próximos dois anos, definitivamente estamos planejando mais mil pessoas?

IT Forum: Esses treinamentos vão ao encontro da minha próxima pergunta. Como vocês pretendem preencher essas vagas com o gap de profissionais sofrido no país?

Anil Ganjoo: Nós temos experiência em encontrar talentos. Mas, em seguida, atualizar esse talento para ter mais habilidades. Ou seja, temos o modelo sobre como identificamos o talento, como treinamos o talento e como o aprimoramos. Esse é o modelo que vamos replicar aqui no Brasil.

Nós trabalhamos com muitas universidades e isso é outra grande coisa que planejamos fazer aqui. Estamos conversando com as instituições para que possamos dar a eles o conteúdo do programa de treinamento que é ensinado nas faculdades e universidades.

Fabiano Funari: Nós acreditamos que precisamos atrair e reter os talentos. O profissional precisa ver que a organização está crescendo e que ele tem a oportunidade de acompanhar e fazer mais projetos. Se você entrega soluções e tecnologia de alto nível, cria uma barreira para a perde de talentos também.

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