SXSW 2024: IA e computação espacial permitirão à humanidade cocriar a realidade
Durante o SXSW, o futurista Neil Redding falou sobre como ferramentas tecnológicas nos ajudarão a moldar a realidade ao nosso redor
A convergência entre a inteligência artificial e a computação espacial nos permitirá transformar aquilo que sonhamos em uma realidade compartilhada – abrindo as portas para novos modelos de negócio no processo. Essa foi a leitura do futurista Neil Redding sobre o impacto de novas tecnologias no nosso cotidiano, durante a keynote “Co-Creating the Near Future with Spatial Computing & AI”, apresentada nesta semana no SXSW 2024, em Austin, no Texas.
Redding se auto-intitula um “futurista próximo”. Na prática, ele estuda as conexões entre o que “é possível e o que é prático”, atuando na convergência de tecnologias físicas e digitais. Ao longo dos últimos anos, estudou os potenciais de tendências como realidade aumentada (RA), realidade virtual (RV), IA e seus ecossistemas.
Para ele, a realidade não é objetiva, e pode ser considerada uma cocriação humana, carregada da subjetividade de como observamos o mundo e nos relacionamos com aqueles à nossa volta. “Nós não percebemos que a própria realidade é cocriada”, disse.
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A ideia de que a realidade é uma cocriação entre pessoas não é tão estranha quanto pode parecer à primeira vista. Exemplo disso, segundo Redding, é a mecânica quântica, área amplamente estudada e comprovada da ciência moderna. Ele citou o exemplo das partículas quânticas, que podem existir em dois estados diferentes, de forma superposta e simultânea, e só se “fixam” na realidade quando são observadas. A realidade, para Redding, não é diferente.
Citando o físico quântico norte-americano John Archibald Wheeler, o futurista lembrou também do conceito de que o observador desempenha um papel fundamental na formação da realidade. Segundo Wheeler, o universo não é uma entidade estática e predeterminada, mas é ativamente moldado e influenciado pelo ato de observação. Para o físico, é o ato de medir ou observar que leva um sistema quântico de um estado de potencialidade para realidade.
Em sua fala, Redding resgatou ainda Marshall McLuhan para apoiar seu argumento. O filósofo canadense argumentou que, assim como a humanidade molda suas ferramentas, ela é também moldada por elas. Exemplo disso, citou o futurologista, são as redes sociais, que transformaram a forma como nos relacionamos e vemos o mundo em um período de apenas 15 anos.
“Não há dúvidas que nossas ferramentas estão nos moldando profundamente. A tecnologia humana e a tecnologia da natureza estão cada vez mais nessa relação ecossistêmica, evoluindo juntos ou entrelaçando-se ao passado. Então, a realidade é, em última análise, cocriada pelos ecossistemas dos quais participamos”, disse.
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Para exemplificar sua visão, o futurista tomou como exemplo a ferramenta Sora, recém-anunciada pela OpenAI, que é capaz de transformar prompts de texto em vídeos ultra realistas. Se plataformas como a Sora forem agregadas à computação especial, a capacidade humana de moldar a realidade à sua volta será expandida.
“Acredito que a convergência entre a computação espacial e a IA será um grande habilitador para a promessa da realidade cocriativa”, disse.
Segundo o futurista, a computação espacial é o mediador entre a realidade espacial, ou física, e a realidade digital. Isso dá aos computadores uma compreensão do mundo físico para que possam interagir mais naturalmente com ele. “Isso é essencial para que robôs, veículos autônomos, drones e muitos outros casos de uso emergentes, combinados com IA, redefinam o que é possível para a humanidade e para os nossos modelos de negócios”, explicou.
“Então, hoje podemos usar a linguagem para criar modelos espaciais 3D e modelos que podem se tornar parte de simulações imersivas, ou ser a base para o processo de design ou fabricação de produtos, espaços residenciais, comerciais, ou qualquer coisa física”, completou.
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