Por que a sustentabilidade está se tornando uma das principais iniciativas para executivos

As tecnologias sustentáveis podem aumentar a eficiência dos serviços de TI (e aumentar a eficiência geral da empresa) usando tecnologias como rastreabilidade, analytics, inteligência artificial e energia renovável – e a questão agora é uma das 10 principais iniciativas para CEOs, CIOs e outros altos executivos, de acordo com a um novo relatório da empresa de pesquisa Gartner.

O Gartner descobriu que a questão da sustentabilidade atravessa todas as tendências tecnológicas estratégicas para 2023. Até 2025, 50% dos CIOs terão métricas de desempenho vinculadas à sustentabilidade da organização de TI.

As descobertas fazem parte de um relatório sobre as 10 principais tendências tecnológicas estratégicas que as organizações precisam explorar em 2023. O Gartner anunciou as descobertas durante seu IT Symposium/Xpo, esta semana, em Orlando. A sustentabilidade ambiental ficou em 14º lugar em 2019 e 20º em 2015.

Os investimentos em tecnologia sustentável podem compensar ao fornecer novas áreas de crescimento. Por exemplo, a empresa de transporte japonesa Mitsui O.S.K. Lines usa modelos com inteligência artificial para melhorar a eficiência do transporte marítimo no setor marítimo. E concessionárias como a Dubai Electricity & Water Authority (DEWA), usam IoT e gêmeos digitais – uma cópia virtual do sistema de abastecimento de água que pode simular como ele se comporta – para criar soluções inteligentes de gerenciamento de edifícios que usam 50% menos água.

Em maio, uma pesquisa do Gartner descobriu que as iniciativas ambientais, sociais e de governança (ESG) são agora uma das três principais prioridades para os investidores, depois de lucro e receita.

“À medida que os líderes empresariais sentem a pressão das principais partes interessadas para fazer mais pela sustentabilidade ambiental, eles agora estão tratando as mudanças necessárias como oportunidades para impulsionar a eficiência dos negócios e o crescimento da receita”, disse Mark Raskino, distinto Vice-Presidente de Pesquisa do Gartner, em comunicado.

Setenta e quatro por cento dos CEOs concordaram que reforçar os esforços de ESG atrai investidores. Dos 80% dos CEOs que pretendem investir em produtos novos ou aprimorados este ano e no próximo, a sustentabilidade ambiental foi citada como o terceiro maior impulsionador, atrás apenas do desempenho funcional e da qualidade geral.

A sustentabilidade também se tornou algo como um diferencial competitivo – na verdade, está no mesmo patamar da confiança da marca entre os entrevistados.

A pandemia, observou Raskino, trouxe à tona várias “tendências sociais profundas”, como o desejo de mudar a maneira como os funcionários trabalham e a fragilidade das cadeias de suprimentos globais de longa distância. Mais recentemente, a invasão russa da Ucrânia simplificou os fatores macroeconômicos que os CEOs agora enfrentam, como a inflação, disse Raskino.

Ao mesmo tempo, as ambições de negócios digitais dos CEOs continuam inabaláveis pela pandemia e crises relacionadas. Isso significa que os executivos precisam gastar mais em soluções inovadoras projetadas para atender às metas de sustentabilidade baseadas em ESG.

“Para fazer isso, as organizações precisam de uma nova estrutura de tecnologia sustentável…”, disse Raskino.

Jack Gold, Analista Principal da J. Gold Associates, disse que está vendo muito interesse em sustentabilidade, mas por enquanto há mais fumaça do que fogo.

Algumas empresas agora têm diretores de sustentabilidade, “e isso é bom, pois concentra o potencial de ação estratégica”, disse Gold. Mas eles ainda representam uma minoria de empresas, “especialmente se você não estiver na Fortune 1000, ou uma empresa não negociada publicamente.

“Há uma pressão crescente nos mercados públicos para investir em empresas orientadas para a sustentabilidade”, continuou Gold. “Enquanto algumas empresas estão dispostas a fazer o investimento [significativo] para alcançar uma postura de sustentabilidade, muitas organizações não estão fazendo o investimento, ou, pelo menos, não é um investimento suficiente”.

O Gartner recomenda que as organizações se concentrem em infraestrutura de TI e serviços no local de trabalho (“TI sustentável”) e priorizem investimentos em tecnologia com base em uma estratégia corporativa geral.

Exemplos incluem:

• Serviços em nuvem para aumentar as taxas de utilização de recursos compartilhados e reduzir os impactos ambientais
• Software corporativo de gerenciamento de emissões de gases de efeito estufa para facilitar a coleta, análise e relatórios de dados de emissões passadas, presentes e futuras
• Aplicativos de sustentabilidade do fornecedor para acompanhar o desempenho ESG de terceiros
• Blockchain da cadeia de suprimentos para proteger, verificar e rastrear transações, por exemplo, para garantir o fornecimento ético.

Gold disse que as empresas não devem tentar avançar muito rapidamente nos esforços de sustentabilidade, que provavelmente levarão anos para se desenvolver. Mas as organizações podem começar com coisas simples, como adquirir equipamentos com maior eficiência energética, incluindo sistemas de computador mais novos e com maior eficiência energética, e coisas simples, como certificar-se de desligar o equipamento quando não estiver em uso.

Também é importante informar os funcionários sobre os esforços de sustentabilidade corporativa e educá-los sobre como eles podem ajudar.

“E, finalmente, designe uma pessoa ou grupo para delinear uma estratégia de sustentabilidade adequada para a organização e, em seguida, implemente-a”, disse Gold.

Um grande problema que permanece: definir o que é sustentabilidade em primeiro lugar, de acordo com Gold. O termo em si é amplo e não universalmente definido, disse Gold.

Geralmente, porém, a sustentabilidade pode ser pensada como uma estratégia para reduzir a pegada de carbono de uma organização usando a menor quantidade de energia não sustentável e convertendo-a em alternativas sustentáveis, como eólica e solar. “E isso inclui não apenas suas próprias operações, mas também toda a sua cadeia de suprimentos e funcionários”, disse Gold.

“É aí que fica um pouco confuso e difícil de gerenciar. A compra de créditos de carbono, por exemplo, está sendo sustentável?”, questiona. “Realmente, isso é apenas compensar sua poluição com o melhor gerenciamento da sustentabilidade por outros”.

Muitas organizações estão agora sentindo a pressão de regulamentações em potencial, especialmente em áreas duramente atingidas pelas mudanças climáticas. “Então, eles estão tentando ficar à frente da curva fazendo suas próprias iniciativas de sustentabilidade, que em alguns casos são apenas uma fachada”, disse Gold. “E fica muito complicado se você é uma empresa multinacional tendo que lidar com todos os vários órgãos reguladores”.

O Gartner observou que as principais tendências tecnológicas estratégicas identificadas continuarão a gerar disrupções e oportunidades significativas na próxima década. Juntamente com a sustentabilidade, as outras tendências a serem observadas incluem:

O Metaverso

O Gartner define um metaverso como um espaço compartilhado virtual 3D coletivo criado pela convergência de realidade física e digital virtualmente aprimorada. Um metaverso é persistente, proporcionando experiências imersivas aprimoradas. O Gartner espera um metaverso completo que seja independente de dispositivo e não seja de propriedade de um único fornecedor. Terá uma economia virtual própria habilitada por moedas digitais e tokens não fungíveis (NFTs). Até 2027, o Gartner prevê que mais de 40% das grandes organizações em todo o mundo usarão uma combinação de Web3, nuvem AR e gêmeos digitais em projetos baseados em metaverso.

Superaplicativos

Um superaplicativo combina os recursos de um aplicativo, uma plataforma e um ecossistema. Ele não apenas possui seu próprio conjunto de funcionalidades, mas também fornece uma plataforma para terceiros desenvolverem e publicarem seus próprios mini-aplicativos. Até 2027, o Gartner prevê que mais de 50% da população global será usuária ativa de vários superaplicativos diariamente.

“Embora a maioria dos exemplos de superaplicativos sejam aplicativos móveis, o conceito também pode ser aplicado a aplicativos clientes de desktop, como Microsoft Teams e Slack, com a chave sendo que um superaplicativo pode consolidar e substituir vários aplicativos para uso de clientes ou funcionários”, disse Gartner.

IA adaptável

Os sistemas de IA adaptáveis visam treinar continuamente os modelos e aprender em ambientes de tempo de execução e desenvolvimento com base em novos dados para se adaptar rapidamente às mudanças nas circunstâncias do mundo real não previstas ou disponíveis durante o desenvolvimento inicial. Eles usam feedback em tempo real para mudar seu aprendizado dinamicamente e ajustar as metas. Isso os torna adequados para operações em que mudanças rápidas no ambiente externo ou metas corporativas em constante mudança exigem uma resposta otimizada.

Sistema imunológico digital

Setenta e seis por cento das equipes responsáveis por produtos digitais agora também são responsáveis pela geração de receita. Os CIOs estão procurando novas abordagens que suas equipes possam adotar para oferecer alto valor comercial, mitigar riscos e aumentar a satisfação do cliente. Um sistema imunológico digital fornece esse roteiro.

A imunidade digital combina insights baseados em dados sobre operações, testes automatizados e extremos, resolução automatizada de incidentes, engenharia de software nas operações de TI e segurança na cadeia de suprimentos de aplicativos para aumentar a resiliência e a estabilidade dos sistemas. O Gartner prevê que, até 2025, as organizações que desenvolverem imunidade digital reduzirão o tempo de inatividade do sistema em até 80% – e isso pode se traduzir diretamente em maior receita.

Observabilidade aplicada

Os dados observáveis refletem os artefatos digitalizados, como logs, rastreamentos, chamadas de API, tempo de permanência, downloads e transferências de arquivos, que aparecem quando uma parte interessada realiza qualquer tipo de ação. A observabilidade aplicada alimenta esses artefatos observáveis de volta em uma abordagem altamente orquestrada e integrada para acelerar a tomada de decisões organizacionais.

“A observabilidade aplicada permite que as organizações explorem seus artefatos de dados para obter vantagem competitiva”, disse Frances Karamouzis, eminente VP Analyst do Gartner. “É poderoso porque eleva a importância estratégica dos dados certos no momento certo para uma ação rápida com base em ações confirmadas das partes interessadas, em vez de intenções. Quando planejada estrategicamente e executada com sucesso, a observabilidade aplicada é a fonte mais poderosa da tomada de decisão orientada por dados”.

Confiança em IA, gerenciamento de riscos e segurança

Muitas organizações não estão bem preparadas para gerenciar os riscos da IA. Uma pesquisa do Gartner nos EUA, Reino Unido e Alemanha descobriu que 41% das organizações sofreram uma violação de privacidade de IA ou um incidente de segurança. Essa mesma pesquisa descobriu que as organizações que gerenciam ativamente o risco, a privacidade e a segurança da IA obtêm melhores resultados de projetos de IA. Mais projetos de IA passaram da prova de conceito para a produção e alcançaram mais valor comercial do que os projetos de IA em organizações que não gerenciavam ativamente essas funções.

As organizações devem implementar novos recursos para garantir a confiabilidade do modelo, segurança e proteção de dados, disse o Gartner. O gerenciamento de confiança, risco e segurança da IA (TRiSM) exige que participantes de diferentes unidades de negócios trabalhem juntos para implementar novas medidas.

Plataformas de nuvem

As plataformas de nuvem oferecem uma combinação de SaaS, plataforma como serviço (PaaS) e infraestrutura como serviço (IaaS) para fornecer conjuntos de recursos modulares que podem dar suporte a casos de uso de negócios específicos do setor. As empresas podem usar os recursos empacotados das plataformas como blocos de construção para compor iniciativas de negócios digitais únicas e diferenciadoras, proporcionando agilidade, inovação e tempo de lançamento reduzido, evitando o aprisionamento.

Até 2027, o Gartner prevê que mais de 50% das empresas usarão plataformas de nuvem do setor para acelerar suas iniciativas de negócios.

Engenharia de plataforma

A engenharia de plataforma envolve a construção e operação de plataformas de desenvolvimento interno de autoatendimento para entrega de software e gerenciamento do ciclo de vida. O objetivo da engenharia de plataforma é otimizar a experiência do desenvolvedor e acelerar o trabalho das equipes de produto.

O Gartner prevê que 80% das organizações de engenharia de software estabelecerão equipes de plataforma até 2026 – e 75% delas incluirão portais de autoatendimento para desenvolvedores.

Realização de valor sem fio

Embora nenhuma tecnologia domine, as empresas usarão uma variedade de soluções sem fio, desde Wi-Fi no escritório, serviços para dispositivos móveis, serviços de baixo consumo de energia e até conectividade de rádio. O Gartner prevê que até 2025, 60% das empresas usarão cinco ou mais tecnologias sem fio simultaneamente.

À medida que as redes vão além da conectividade pura, elas fornecerão insights usando análises integradas e os sistemas de baixo consumo coletarão energia diretamente da rede. Isso significa que a rede se tornará uma fonte de valor comercial direto.