Para a SAP, Brasil tem papel crucial para crescer na nuvem
Em entrevista exclusiva, Scott Russel comenta papel do País nos negócios da companhia alemã – que inicia essa semana seu Sapphire em Orlando (EUA)
O australiano Scott Russel é um dos grandes nomes executivos da SAP no mundo. Além de membro do conselho de administração, é líder global de vendas e relacionamento com o cliente, e arquiteto da estratégia de soluções em nuvem da empresa alemã – área que sozinha cresceu mais de 30% no último ano fiscal e que, no Brasil, encontra potencial para “muito mais”.
É o que Russel me disse na última semana de abril, durante sua primeira visita ao Brasil. O executivo falou com exclusividade ao IT Forum no escritório da companhia em São Paulo. Destacou não só a capacidade do mercado brasileiro (e dos clientes) para crescer em termos de adoção de nuvem para soluções de gestão empresarial, mas também a do mercado latino-americano de inovar.
“Inovação pode ser entregue de muitas formas. [Os clientes] estão procurando novos modelos de negócio, parcerias, e como trabalhar juntos para criar receitas”, disse o executivo. “Muita da inovação que construímos na SAP atualmente vem dos nossos clientes. É o que queremos fazer aqui no Brasil, e estamos buscando oportunidades de colaborar e entender.”
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Russel também falou do Sapphire, evento global da marca que começa presencialmente essa semana em Orlando, estado americano da Flórida – e que terá edição brasileira em setembro. O IT Forum estará nos EUA essa semana a convite da SAP e trará as novidades direto de lá.
Confira abaixo os melhores momentos do rápido bate-papo.
IT Forum: É sua primeira vez no Brasil. Qual sua missão por aqui?
Scott Russel: Minha missão é simples: entender como ter um papel mais ativo e suportar nossos clientes no mercado brasileiro. O Brasil é um mercado estratégico, não só do ponto de vista de crescimento, mas também de importância para nós enquanto empresa. Temos uma capacidade muito grande de pesquisa e desenvolvimento [no País] e estamos investindo em expandir globalmente. Temos alguns dos clientes mais inovadores entre médias e grandes empresas elevando a SAP em diferentes. Desde que começou a pandemia eu não pude visitar fisicamente os clientes globalmente, mas acho muito importante o contexto local, e como nós como companhia podemos dar capacidade global e também capacidade de execução local. E no Brasil queremos assegurar que a nossa tecnologia é relevante para o mercado agora e no futuro.
IT Forum: E quais são as potências do mercado brasileiro para a SAP, pensando em termos de estratégia? O que o Brasil pode oferecer para a operação global da empresa?
Russel: São três as dimensões que consideramos quanto ao papel que o Brasil desempenha, ao menos para a SAP. A primeira é financeira. Se você olhar para o primeiro trimestre nós continuamos a crescer muito forte na nuvem. Considerando 12 meses atrás globalmente, 30%. O mercado brasileiro é essencial para SAP poder manter esse crescimento sustentável. O mercado de nuvem está crescendo cerca de 30% e queremos ir além disso aqui no Brasil. Por que? Porque acreditamos que a base de consumidores quer inovar e crescer. Mas mais que isso, crescer a capacidade de negócios que a SAP traz com sua tecnologia, que é única em muitos aspectos.
O segundo é a capacidade de fomentar inovação. Inovação pode ser entregue de muitas formas. Alguns clientes com quem temos falado estão procurando novos modelos de negócio, parcerias, e como trabalhar juntos para criar receitas por meio dos clientes, ou funcionários ou fornecedores. A criatividade e a inovação que historicamente temos visto é bastante crítica. Muita da inovação que temos construído na SAP vem dos nossos clientes. É o que queremos fazer aqui no Brasil, estamos buscando oportunidades de colaborar e entender.
Terceiro é ter impacto. Dentro da nossa agenda e proposito de tornar o mundo melhor a agenda da sustentabilidade é muito importante. Mais e mais nossos clientes aqui no Brasil que tem usado SAP por um bom tempo para seus processos de negócio de missão crítica. Mas agora eles precisam de ajuda para manejar a ‘linha verde’. Eles sabem o que querem alcançar, sustentabilidade está no topo da agenda de todo CEO que conheço. Mas como executar isso, medir, manejar e performar traz desafios que acredito que a nossa tecnologia pode desempenhar papel fundamental.
IT Forum: Quanto da SAP está na nuvem hoje, falando de portfólio? E você acha que existe um teto para essa migração?
Russel: O que aprendemos a respeito do nosso papel enquanto provedores de tecnologia para os negócios é que a ida para a nuvem está muito clara. Aprendemos algumas lições dos CEOs e principalmente CIOs. A nuvem como destino é a questão mais fácil de responder. Eu não conheci uma empresa ainda que não queira ter a habilidade de estar sempre com a última inovação, totalmente disponível, com segurança, com toda infraestrutura disponível.
Mas o que muitas companhias estão tentando descobrir é a jornada a partir de uma base existente. Quando lançamos o RISE with SAP, o lançamos como “transformação do negócio como serviço”. Não dissemos simplesmente “venha para a nuvem”, mas sim “vamos ajudar você a migrar e se transformar”. O que fizemos com o RISE foi mudar essa jornada, e o potencial para os negócios é imenso.
Clientes como Carrefour estão nessa jornada, outros vão levar um pouco mais. O que é interessante saber é que apesar do crescimento de três dígitos [no portfólio RISE] do número de clientes que observamos nos últimos 18 meses, quase 50% são totalmente novos. No mercado brasileiro isso é muito importante, porque há muitos clientes querendo expandir e crescer. Eles querem inovar com velocidade. É aí que a nuvem se torna muito importante.
IT Forum: Esse tipo de nível de serviço não é simples de atingir. Como os parceiros de canal ajudam nesse esforço aqui no Brasil?
Russel: Nosso ecossistema de canais é incrivelmente importante. Eles nos ajudam a ter alcance e insights e estar aptos para ajudar os clientes que nem sempre podem depender da SAP. E o Brasil é um mercado muito grande. A habilidade que eles têm de entender os processos de negócio e o que funciona com a tecnologia da SAP é uma grande força. E isso continua a ser elevado, e nós os temos ajudado a ter novas habilidades. Como prover segurança, privacidade de dados, operar sistemas 24/7 na nuvem. A parceria significa construir uma plataforma de inovação que vai além da pura consultoria. O que encontramos com o trabalho com os parceiros aqui no Brasil é que eles têm nos ajudado a mudar o modelo de negócios dos clientes.
IT Forum: Sobre o Sapphire. O que você destacaria no evento de Orlando e que resultados vocês esperam nesse primeiro evento, que será o primeiro desde a pandemia.
Russel: O Sapphire mudou um pouco de abordagem com relação aos anos anteriores. Ainda é um evento global, depois teremos um ‘tour mundial’, inclusive aqui no Brasil. Queremos ter a habilidade de localizar e entender o contexto local.
A expectativa é, primeiro, compartilhar e fazer networking. Tornar para as empresas capazes de entender o que a tecnologia pode fazer, mas também o que outras empresas já estão fazendo.
Segundo, o futuro. Muitas companhias nos procuram e perguntam para onde vai o futuro da tecnologia. Onde vamos investir. Eles querem ter um melhor entendimento do nosso roadmpa e o que esse rodamp tem a ver com os negócios deles.
Terceiro é influenciar, influenciar nossos parceiros. E ter feedback. É uma oportunidade grande de aprender.