Martinhão: 5G avançou rapidamente, mas há desafios
Secretário de radiodifusão do MiniCom abriu Futurecom 2022 nessa terça e defendeu impacto positivo do leilão do 5G
Com a ausência do ministro Fábio Faria, coube ao secretário de radiodifusão da pasta das Comunicações, o experiente Maximiliano Martinhão, abrir a edição de 2022 do Futurecom – tradicional evento do setor de telecomunicações que vai entre terça (18) e quinta (20) em São Paulo, capital. O secretário aproveitou o espaço para defender não só o leilão do 5G, prestes a completar um ano, mas sua implantação – todas as capitais já contam com redes comerciais ativas desde o começo de outubro.
Segundo o secretário, citando impressões colhidas por ele próprio durante o Futurecom, a demanda por equipamentos e serviços para colocar as redes 5G no ar “está aquecida”. O 5G, aliás, deve ser o grande assunto dessa edição do Futurecom – a primeira presencial desde a pandemia.
“O que o Brasil fez no leilão do 5G virou benchmarking. O modelo, em qualquer lugar que a gente fale, é super elogiado. A gente conseguiu em menos de um ano após a realização do leilão já ter 5G em todas as capitais do Brasil”, comemorou o secretário, ressaltando que além do certame e das assinaturas de contratos, as empresas também tiveram que limpar faixas e substituir equipamentos de TV por satélite, por exemplo. “Isso aconteceu em menos de 12 meses.”
Martinhão também defendeu o modelo do leilão, baseado mais em contrapartidas de investimento do que arrecadação pela venda de espectro. Segundo ele, esses compromissos vão permitir que o 5G gere empregos e traga “impacto da ordem de US$ 3 trilhões até 2035 em nosso País”.
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Esses US$ 3 trilhões citados pelo secretário fazem parte de um estudo da fabricante Nokia, e dizem respeito não só os negócios efetivamente gerados, mas também a impactos econômicos e de produtividade. Parte disso no entanto depende de uso massivo do 5G por parte das empresas, o que pelo uso de redes privativas, ou privadas.
“Embora o 5G permita o ‘slicing’ [fatiamento] da rede para características específicas conforme as necessidades dos usuários, grandes indústrias têm demandado espectro para criar suas próprias redes”, lembrou Martinhão. “Por isso a Anatel tem trabalhado muito firmemente para identificar frequências para esse uso.”
Frequências já disponíveis ou em fase de disponibilização pela Anatel para uso em redes privadas. Foto: Marcelo Gimenes Vieira, IT Forum
Claro que ainda há desafios, e não poucos.
Disponibilidade, latência, dispositivos
Apesar de 67% dos 43,7 milhões de acessos de banda larga no Brasil já serem feitos usando redes de fibra óptica, Martinhão reconhece que ainda é preciso avançar com a tecnologia para que o 5G de fato se interiorize no País, ou seja, vá além das capitais. Mas o cenário é positivo, considerando que o Brasil atualmente conta com mais de 20 mil pequenos provedores regionais, os ISPs, detendo mais da metade dos consumidores de banda larga fixa.
“A legislação brasileira tornou tão simples criar um provedor de internet que aqui no Brasil temos mais de 20 mil”, disse. Mas ele reconheceu que a disponibilidade ampla do 5G exige diminuir a latência das conexões, e que para isso é necessário “ter estratégia de cloud computing, data centers e melhorar o core da nossa rede”.
Segundo o próprio secretário, são mais de mil os municípios brasileiros ainda não alcançados pelas grandes redes de fibra – ou backhaul. E que os compromissos assumidos no leilão do 5G, particularmente na região Norte do País, devem melhorar o cenário.
Outros pontos elencados incluem tornar os terminais, ou seja, os dispositivos 5G, incluindo celulares, tablets e sensores, entre outros. “No caso de 5G o maior impacto talvez não seja sobre os indivíduos”, disse, citando a importância desse avanço para as empresas.