Jensen Huang: inteligência artificial é um ‘redesenho fundamental’ da computação

Em conversa com a imprensa, CEO da Nvidia falou sobre planos da companhia, futuro da computação e impactos da não-aquisição da Arm

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2:40 pm - 24 de março de 2022

Para Jensen Huang, cofundador e CEO da Nvidia, algoritmos de aprendizado de máquina, de aprendizagem profunda e inteligência artificial (IA) não são simples aplicações tecnológicas, mas um “redesenho fundamental” na forma como produzimos computação.

“A forma como a ciência da computação é feita, a forma como software é criado, foi fundamentalmente transformada,” disse o executivo em uma rodada de perguntas e respostas para a imprensa durante a conferência GTC 2022. “Os computadores que construímos no passado eram desenvolvidos para humanos criarem softwares. Mas a entrega desse software evoluiu ao longo dos anos através da inteligência artificial a machine learning.”

É baseada nessa realidade que a Nvidia tem se transformado para colocar em prática sua estratégia atual de negócios. A empresa não quer mais ser apenas uma fabricante de chips e placas de vídeo, pontuou seu CEO, mas sim oferecer um full stack de tecnologia que apoie a transformação trazida pelas plataformas de IA. Seus anúncios durante a GTC 2022 são exemplo disso.

“Temos trabalhado em um stack de nova computação que começa com os chips, engloba os sistemas, do data center, através de todo seu software, os motores, e as ferramentas e estruturas para construir esse tipo de software”, explicou o executivo. “Nós temos trabalhado em todo esse stack para que possamos reinventar a ciência da computação para a próxima década – quando o aprendizado de máquina e estratégias guiadas por dados serão centrais em tudo que fazemos.”

Nas palavras do próprio líder da Nvidia, a ideia da organização é atuar como “motor” das infraestruturas de inteligência artificial (IA) do mundo, dando suporte – via hardware, software e serviços – para as “fábricas de IA“ do presente e do futuro. “Nosso foco é na infraestrutura núcleo de IA. Onde o processamento de dados, treinamento de modelos, teste de modelos em gêmeos digitais, na orquestração dos modelos em dispositivos, computadores ou robôs, todos os sistemas operacionais no topo”, disse.

“A forma como nós escrevemos, mantemos e atualizamos software mudou. O tipo de software que podemos escrever mudou – eles têm capacidades sobre humanas que nunca poderíamos ter implementado anteriormente”, completou o CEO da Nvidia. “Toda a infraestrutura de provisão para engenheiros de software e as operações associadas ao desenvolvimento de ponta a ponta transformam fundamentalmente as empresas.”

Como fica a Nvidia após a não-aquisição da Arm?

Após mais de um ano de negociações e discussões regulatórias, a Nvidia desistiu, em fevereiro deste ano, da aquisição da fabricante de chips britânica Arm. Avaliada em US$ 40 bilhões, a negociação era vista como uma das mais relevantes da indústria da tecnologia da atualidade. Por “desafios regulatórios”, no entanto, o acordo não prosperou.

“A Arm é um ativo único. É uma companhia única. Ninguém criará outra Arm. Você pode construir algo diferente, mas não a Arm. Nós precisamos [da Arm] para ser bem sucedidos? Absolutamente não. Seria maravilhoso sermos donos [da Arm]? Absolutamente sim”, disse o CEO da Nvidia sobre o episódio.

Huang não negou estar “desapontado” com a não concretização da aquisição. O executivo, no entanto, celebrou as possibilidades que se abriram para ambas empresas após novos canais de diálogos terem sido abertos durante as negociações que ocorreram. O resultado final da negociação, ele defendeu, foi positivo.

“Nós construímos um ótimo relacionamento com o time de gestores da Arm e eles entenderam a visão que nossa empresa tem para o futuro da computação de alta performance. E eles estão empolgados com isso”, disse o executivo. “Isso naturalmente tornou os planos da Arm muito mais agressivos na direção da computação de alta performance – onde eu preciso que eles estejam”.

Quanto ao impacto do processo nos planos internos da Nvidia, o CEO da companhia afirmou que a organização continua focada na produção de chips Arm. Em áreas como robótica, a Nvidia tem investido em chips Arm, e continuará com esses planos no futuro. “Nossas tecnologias e inovação em torno da Arm também estão turbinadas”, afirmou.

Questionado sobre como o fracasso da aquisição afetará as estratégias de aquisições e fusões da Nvidia no futuro, Huang defendeu que a companhia deve continuar com uma estratégia primariamente focada em crescimento orgânico. As aquisições buscadas pela empresa, ele lembrou, ocorreram somente com companhias “únicas”, com talentos e tecnologias essenciais para a Nvidia – 3DFX [comprada pela Nvidia em 2004], Mellanox [comprada em 2019] e Arm foram exemplos citados pelo executivo. Esse cenário não deve mudar.

“São coisas que quando aparecem, aparecem. Não é algo que você pode planejar, não importa quão agressivo você é”, disse. “Acho que tenho ótimas parcerias com o mundo da computação, e são poucos as ‘Mellanoxes’ ou ‘Arms’ por aí.”

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