Globant lança centro de inovação em SP mirando expansão pelo Brasil
Empresa quer ter 4 mil funcionários no Brasil até 2028. Para Guibert Englebienne, talentos da A. Latina podem ter ‘oportunidades de classe mundial’
Quatro argentinos entram em um bar. Não é o começo de uma piada ruim, mas sim a história da fundação da Globant, consultoria de fundadores argentinos que inaugurou na semana passada um escritório em São Paulo, capital, que também servirá de centro de inovação em tecnologias emergentes, incluindo inteligência artificial, metaverso, games e computação quântica, entre outras.
A nova estrutura faz parte de um investimento recém-anunciado que totalizada US$ 1 bilhão na América Latina nos próximos cinco anos. Segundo a empresa, que está no Brasil pelo menos desde 2012 e que soma atualmente 1.200 funcionários, o Brasil é o principal mercado a ser explorado com esses valores.
A meta é ter pouco mais de 4 mil pessoas no País até 2028, tanto no escritório paulistano como em outras unidades espalhadas no território nacional – em locais ainda não revelados. No mundo, a Globant tem mais de 27 mil funcionários em 25 países. Mantém ações na Bolsa de Nova Iorque desde 2014 e amealhou US$ 1,78 bilhões em receita em 2022.
“Somos uma companhia que nasce na América Latina, conhece o território e aproveita as possiblidades de talento onde eles quiserem estar”, conta Guibert Englebienne, cofundador e CTO da Globant, enquanto me mostra algumas fotos de escritórios da empresa espalhados por cidades da América Latina, incluindo algumas distantes de capitais.
“A Globant foi fundada por quatro pessoas que tiveram que deixar Buenos Aires para conseguir um trabalho. E a gente queria mudar isso”, disse o executivo ao IT Forum. “Na Argentina temos 13 cidades do interior com escritórios que permitem fisgar talentos e dar oportunidade de classe mundial aos profissionais nesses lugares.”
Segundo Ignacio Iglesias, diretor executivo de negócios da Globant para a América Latina, o Brasil tem uma enorme quantidade de talentos disponíveis e potenciais, o que faz a empresa ver no País uma “oportunidade excepcional”.
“Achamos que os colaboradores brasileiros são empreendedores reais, tomam decisões, buscam soluções. Isso conversa muito bem com a cultura da própria Globant”, ressaltou.
Brasil, México e M&As
Segundo Iglesias, na América Latina, além do Brasil, o México desponta como centro da estratégia. São, diz ele, os dois grandes mercados do continente. No entanto o executivo não revela os valores investidos em cada um desses mercados.
“A lógica inclui também M&As. Estamos comprando companhias na região, e esse roadmap vai seguir obviamente”, diz o executivo. Desde que aportou no Brasil a Globant comprou uma série de empresas para reforçar portfólio, incluindo a Nèscara, no começo de 2023, e a uruguaia Genexus, em 2022.
Ignacio Iglesias, diretor executivo de negócios da Globant para a América Latina. Foto: Divulgação
Segundo os executivos da empresa, as aquisições consideram sempre três aspectos. Primeiro, a capacidade técnica para reforçar os “estúdios” da Globant; segundo, o número de clientes e o market share da empresa; e, por último, os talentos que cada companhia traz após o fechamento do negócio.
“Por exemplo, a compra da Nèscara tem a ver com reforçar a capacidade. Nossas compras na Colômbia e no México serviram para reforçar a rede de estúdios. Depende da lógica de cada mercado e do momento de onde aportamos”, reforçou Iglesias.
Tecnologias emergentes
Cada um dos estúdios da Globant se pauta por uma tecnologia emergente. São 36 no mundo atualmente, concentrados em temas como games, metaverso, inteligência artificial, cloud computing, computação quântica e wereables, entre outras. São divisões que a empresa também pretende explorar no Brasil, diz Englebienne.
Segundo ele, trata-se tanto de investir em tecnologias disruptivas e que sirvam para projetos de vanguarda – como em metaverso ou games, por exemplo – como em acelerar a transformação digital e a eficiência operacional das organizações. A computação quântica, que se encaixa mais o primeiro grupo que no segundo, deve receber atenção nos próximos anos.
“Ainda estamos em estágio inicial de quantum computing. Mas é importante [trabalhar com ela]”, diz o cofundador, citando que a segurança dos dados encriptados é um ponto de atenção. “A Globant é percursora em tentar olhar o impacto de uma tecnologia mais adiante. Criamos uma aliança para nos preocuparmos com os efeitos colaterais da tecnologia.”
O executivo se refere ao Be Kind Tech Fund, fundo de US$ 10 milhões criado pela Globant para investir em startups que se preocupem com efeitos negativos da tecnologia.
No caso da computação quântica, ainda se trata de “experimentação pura”, admite Iglesias. “É uma tecnologia que está nos primeiros passos, mas sempre estamos olhando cinco ou seis anos adiante. Quando detectamos tecnologias que acreditamos que terão efeito substancial na vida dos clientes.”
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