Dia do Meio Ambiente: empresas de tecnologia assumem missão de reduzir impactos

Neste 5 de junho, IT Forum traz especial com companhias do setor que já têm ações para o meio ambiente

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8:13 am - 05 de junho de 2023
meio ambiente, sustentabilidade, tecnologia verde Imagem: Shutterstock

Pela primeira vez, é provável que as temperaturas globais saltem 1,5°C nos próximos cinco anos, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM). Além disso, mais da metade dos grandes lagos do mundo está secando e já há uma série de efeitos colaterais inesperados das mudanças climáticas na Terra, desde a alteração no tamanho dos animais até o estado das safras de vinho e café. Restaurar o meio ambiente: missão impossível?

Quando o assunto é meio ambiente, ecoam uma série de subtemas inerentes a ele, como energia renovável, uso eficiente de recursos naturais, transporte, desmatamento e conservação florestal, conservação da biodiversidade, e redução da poluição do ar e da água. Em 2023, a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu o tema Restauração de Ecossistemas como mote deste 5 de junho, Dia do Meio Ambiente. Segundo a organização, a restauração dos ecossistemas é uma das maneiras mais eficazes e acessíveis de combater as mudanças climáticas e evitar a perda de biodiversidade.

Nesse contexto, a tecnologia tem assumido papel chave. Tanto é que, segundo o estudo da IT Mídia, o Antes da TI, a Estratégia, que na edição 2023 conta com 487 CIOs respondentes, 61% dos executivos revelaram que o tema governança ambiental, social e corporativa (ESG), no qual o meio ambiente também está inserido, traz impacto sobre a governança de TI e sobre os investimentos feitos na área. Além disso, 60% revelaram que já contam com políticas que impactam o departamento e 82% indicaram que ESG tem importância muito alta ou alta para seus negócios.

Neste Dia do Meio Ambiente, empresas de tecnologia ouvidas pelo IT Forum mostram que estão empenhadas em mudar o cenário em diversas frentes e virar o jogo, reduzindo seus impactos e ainda incentivando ações individuais e coletivas de seus clientes ou ecossistema em prol da Terra.

Já faz tempo que a companhia de software alemã SAP tem ESG como agenda prioritária. Segundo Marcele Andrade, head do time de Engenharia de Valor e líder do comitê de sustentabilidade da SAP, dois grandes pilares pautam as ações ESG da gigante: a forma como a empresa segue os princípios envolvidos na sigla e, segundo, como os escala para seus clientes também serem mais sustentáveis.

Marcele Andrade

Marcele Andrade, head do time de Engenharia de Valor e líder do comitê de sustentabilidade da SAP

No quesito meio ambiente, a executiva conta que a SAP é signatária da ONU e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS 10), que trata do tema. “Em linha com a ODS, promovemos um futuro circular e de baixa emissão de carbono. Temos um compromisso global de como tornar nossas operações neutras. O objetivo é que alcancemos essa meta até o final e 2030, dentro da nossa cadeia, melhorando continuamente o desempenho energético como um todo”, observa ela.

Marcele conta que a SAP tem zero desperdício de resíduos e 2023 marca o ano em que a companhia conquistará zero desperdício também no âmbito eletrônico. O Brasil, revela, tem liderado uma série de ações e é percursor entre todas as filiais da fabricante nesse sentido, tendo sido a primeira operação no mundo a ter um relatório de ESG, onde publica seus avanços.

Quem circula pelo escritório da empresa em solo nacional também observa que não há uso de qualquer tipo plásticos e nos eventos da SAP esse também é um pilar mandatório, que deve ser respeitado, inclusive, pelos seus fornecedores.

Em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, onde a SAP conta com um centro de desenvolvimento e inovação, o escritório já nasceu dentro do conceito verde e, além de contar com fontes de energia renovável, a água também é usada de forma inteligente. “Nós, como colaboradores, vivemos isso todos os dias. A sustentabilidade não é uma área de uma única pessoa, ela permeia todo o processo produtivo da empresa”, reforça.

Na outra ponta, com o cliente, a executiva conta que, além de as soluções serem em nuvem e a tecnologia garantir menos impactos ao meio ambiente, a empresa também tem projetos que aportam tecnologia para monitorar o meio ambiente. Um exemplo citado por ela é a Soleum. Com a parceria, a SAP implementou seus sistemas para gestão de indicadores e performance, aumentando a eficiência e a transparência de dados para descarbonização da empresa dedicada à produção de matérias-primas sustentáveis com carbono negativo.

Já em Minas Gerais, a SAP, em parceria com o Grupo LPJ e a Pif Paf, do setor de alimentos, desenvolveu uma plataforma de georreferenciamento que alimenta dados em tempo real para ajudar na fiscalização de incêndios na floresta, resgate de abelhas nativas e controle de reflorestamento e replantio de árvores na região de Brumadinho. A plataforma reduziu o tempo médio de registro de ocorrência para dois minutos. “Essa parceria frisa que sustentabilidade não é o jogo de uma empresa, é de parceiros”, destaca.

Marcele entende que ainda há muito a ser feito na seara do meio ambiente, mas, como próximo passo, indica que a SAP quer escalar. “Queremos usar nosso Enterprise Resource Planning (ERP) para ser acelerador para que os clientes consigam mensurar a sustentabilidade.”

Para a Totvs, que também tem como core business seu sistema de ERP, é essencial que as empresas em geral (sejam de tecnologia ou não) entendam a importância do tema e, assim, analisem como seus negócios impactam o meio ambiente. Assim como Marcele, Dennis Herszkowicz, presidente da Totvs, acredita que, para avançar, o tema precisa de ações coletivas. “Unindo esforços será possível enfrentar esse desafio e trabalhar para um futuro mais sustentável.”

Na sua visão, falando especificamente de empresas de tecnologia, ele acredita que o setor tem um papel importante na missão. “É preciso pensar em como desenvolver soluções que impactem os negócios dos clientes e beneficiem a sociedade como um todo. Na Totvs, por exemplo, por meio do nosso negócio de consultoria, a Totvs Consulting, apoiamos nossos clientes em sua jornada ESG, ajudando na definição de sua estratégia de atuação nesta agenda”, conta.

Dennis Herszkowicz presidente da Totvs1

Dennis Herszkowicz, presidente da Totvs

Na Totvs, a preocupação começa com a própria estrutura física da empresa. A sede da companhia, localizada na Zona Norte de São Paulo, soma 62 mil metros quadrados de área construída. São 5,3 mil metros quadrados de teto verde, que diminui a poluição ambiental por meio da filtragem do ar, e aumenta a umidade relativa do ar, o que, consequentemente, reduz os níveis de calor dos ambientes.

Predio Totvs

Prédio da Totvs, em São Paulo, conta com 5,3 mil metros quadrados de teto verde e células fotovoltaicas integradas

Já a fachada do edifício é composta por células fotovoltaicas integradas, que, ao entrarem em contato com a radiação solar, criam um sistema que libera elétrons e geram a corrente elétrica ligada à rede da Totvs. Além disso, há uma estrutura pela qual a água pode ser captada e escoada para um reservatório e usada internamente, correspondendo a cerca de 80% da água usada no complexo. A instalação também é composta 100% por iluminação LED.

Falando especificamente sobre meio ambiente, Herszkowicz pontua que a Totvs elaborou em 2021 seu primeiro inventário de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), um importante passo na agenda ambiental da companhia brasileira para planejar ações relacionadas ao desafio global de prevenção e combate aos efeitos das mudanças no clima.

O levantamento foi concluído em julho de 2022 e seu relatório disponibilizado ao mercado no modelo e para o Carbon Disclosure Project (CDP), entidade referência global em relatórios ambientais, que contribui com a divulgação das ações ambientais de empresas (em linha com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU – ODS 13, ação contra a mudança global do clima).

Com uma sede totalmente verde, a sustentabilidade e a preocupação com o meio ambiente, garante Herszkowicz, extrapolam os muros corporativos. “Também em 2021, iniciamos uma análise do nosso portfólio e das nossas ofertas de produtos e serviços que contribuem e que têm potencial para contribuir com a gestão da sustentabilidade e ESG das operações de nossos clientes.”

Bastante conhecida por suas práticas de responsabilidade social, o tema meio ambiente também faz parte da agenda da Microsoft. A abordagem da gigante em relação à sustentabilidade está fundamentada no ambicioso compromisso estabelecido em 2020 de, até 2030, ser uma empresa negativa em carbono, positiva para a água e desperdício zero.

“Estamos extremamente focados em cumprir nossas metas, para isso fazemos investimentos de longo prazo e concentramos nossos esforços e progresso em três áreas principais: ações internas; desenvolvimento e oferta de soluções de tecnologias para projetos sustentáveis e investimento em projetos públicos e privados que combatam as mudanças climáticas”, conta Lucia Rodrigues, líder de Filantropia e Sustentabilidade da Microsoft Brasil.

A executiva indica que a Microsoft acredita que as empresas têm um papel importante a desempenhar em relação às questões sociais e ambientais que afetam seus negócios e regiões onde operam. “Buscamos, assim, usar a nossa voz para defender políticas relacionadas a esses temas. No Brasil, por exemplo, temos a plataforma PrevisIA, fruto de uma parceria com o Imazon e o Fundo Vale, que utiliza inteligência artificial para prever áreas na Amazônia que estão sob risco de desmatamento. Também temos o ClimaAdpt, uma iniciativa da Microsoft em parceria com o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) e implementada pela Elo Group”, exemplifica.

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Lucia Rodrigues, líder de Filantropia e Sustentabilidade da Microsoft Brasil

Lucia conta que o caminho para alcançar os compromissos de sustentabilidade até 2030 passa por garantir que 100% da energia é gerada por fontes carbono zero. Nesse sentido, em 2022 foram contratadas 1.443.981 toneladas métricas de remoção de carbono e assinados novos contratos de aquisição de energia (CAE) em todo o mundo que permitiram aumentar o total de energia sem carbono para mais de 13,5 GW. Essas medidas, aliadas aos mais de 135 projetos em 16 países, se traduzem em uma redução acima dos 22% das emissões de carbono da empresa.

“Além disso, para nos tornamos uma empresa ‘zero resíduo’, temos uma meta de reutilização e reciclagem de 90% da matéria-prima dos nossos produtos até 2030. Até o momento, já desviamos 12.159 toneladas métricas de resíduos sólidos de aterros e conseguimos aumentar as taxas de reutilização e reciclagem de todo o hardware de nuvem para 82%”, contabiliza.

Além disso, prossegue Lucia, já foi possível reduzir para 3,3% os plásticos de uso único em todas as embalagens da Microsoft. Até 2025, todos eles serão eliminados por completo. Ao mesmo tempo, há um compromisso com a proteção dos ecossistemas e, até o ano passado, 12 mil dos mais de 17 mil acres de terras contratadas foram oficialmente designados como protegidos. A quantidade de terras protegidas em 2022 excede os aproximadamente 11.200 acres de terras que a empresa usa atualmente.

Com uma área batizada de Sustainability Business, a Schneider Electric, que atua na transformação digital de gerenciamento de energia e automação, por meio de suas soluções e serviços, ajudou clientes a economizar e evitar 440 milhões de toneladas de CO2 desde 2018, com mais de 90 milhões a mais somente em 2022.

Mathieu Piccin, diretor para América Latina do Sustainability Business da Schneider Electric, lembra que a empresa identificou de forma precoce que havia, de um lado, uma crescente demanda por consumo de energia e, do outro, o desafio e a urgência climática. Assim, desde o início do século, a companhia começou a estruturar ações para não só fornecer energia, automação e eficiência, mas que permitisse reduzir os consumos energéticos, em parte impulsionados pela digitalização.

“Hoje, nossos impactos estão estruturados em quatro pilares: arquiteturas de eficiência energética trazendo energia e/ou recursos de eficiência aos clientes; reforço de rede e arquiteturas de redes inteligentes que contribuem para eletrificação e descarbonização; produtos com desempenho verde diferenciado, em linha com o programa Green Premium; e serviços que trazem benefícios para a circularidade (prolongada vida útil e tempo de atividade, operações de manutenção otimizadas, reparo, e reforma) e eficiência energética (manutenção para garantir a desempenho operacional dos equipamentos e evitar a eficiência energética ao longo do tempo”, sintetiza ele.

Mathieu Piccin diretor para America Latina do Sustainability Business da Schneider Electric

Mathieu Piccin, diretor para América Latina do Sustainability Business da Schneider Electric

De olho na floresta

Recentemente, o Google, anunciou uma série de iniciativas para contribuir com o meio ambiente na Amazônia, direcionando mais de R$ 10 milhões para ações de sustentabilidade, envolvendo as tecnologias da gigante. A companhia está realmente empenhada em mudar o cenário do desmatamento no Brasil, fomentando projetos e parcerias, que buscam a preservação ambiental e o desenvolvimento da comunidade amazônica.

Uma das frentes das ações tem como foco o uso de inteligência artificial (IA). IA, aliás, tem a promessa de contribuir sobremaneira com a preservação do meio ambiente. No caso do Google, um dos exemplos é o projeto ‘Digitais da Floresta’, que desenvolve tecnologias baseadas em IA e bioquímica, ajudando a identificar e a rastrear a origem da madeira comercializada a partir da Amazônia. Essa “digital” é baseada na distribuição de isótopos estáveis de carbono, oxigênio e nitrogênio encontrados em cada árvore, que não pode ser alterada e é imune à falsificação.

Além disso, em 2007, o Google se tornou a primeira grande empresa carbono neutra. Dez anos depois, em 2017, passou a ser primeira grande empresa a equiparar seu uso de energia com energia 100% renovável.

Mais recentemente, em 2020, o Google eliminou todo o seu legado de CO2 ao comprar compensações de alta qualidade suficientes para compensar todas as emissões operacionais anteriores a 2007. Ainda em 2020, a empresa definiu a meta de administrar seus negócios com energia livre de carbono em todos os lugares, em todos os momentos, até 2030, tendo sido o primeiro provedor de nuvem a assumir esse compromisso.

O principal insumo do Google é a energia e temos um compromisso de longo prazo quanto ao tema meio ambiente”, pontua Camila Zoé Frias, head de comunicação para Google Cloud na América Latina.

Outsourcing sustentável

Na Simpress, empresa brasileira de outsourcing, é imperativo neutralizar 100% do carbono emitido pelo consumo de energia elétrica dos dispositivos de TI contratados por seus clientes. “Somos entusiastas da Economia Circular há muitos anos. Nossos dispositivos passam por manutenção e revitalização em nosso laboratório, o Simpress Service Center e, nos últimos anos revitalizamos mais de 100 mil equipamentos”, contabiliza Vittorio Danesi, CEO da Simpress.

Além de contar com coleta seletiva e descarte ambientalmente correto em linha com fornecedores homologados de substâncias sólidas e líquidas decorrentes dos processos, o Simpress Service Center, localizando em Santana de Parnaíba (SP), soma mais de 50 profissionais envolvidos neste processo, revigorando cerca de 1800 máquinas mês, 3700 m2 de infraestrutura, com espaço para armazenagem e triagem de equipamentos como notebooks, desktops, impressoras e multifuncionais, com a missão de dobrar o volume nos próximos 12 meses.

Vittorio Danesi

Vittorio Danesi, CEO da Simpress

Danesi destaca ainda que a Simpress possui as certificações ISO 14001 e ISO 9001 e teve mais de 12 mil equipamentos seminovos avaliados no laboratório da Simpress e expedidos para novas locações. O número representa um crescimento de 16% em relação aos equipamentos novos, somando um total de 300 contratos ativos com equipamentos seminovos.

O executivo conta que, somente no ano passado, a Simpress realizou o descarte correto de cerca de mais de 330 mil Kg de resíduos de hardware, 500 mil Kg de resíduos de toner, cerca de 22,5 mil litros de resíduos efluentes derivados para lavagem de peças e pouco mais de 18,8 mil kg de resíduos sólidos, derivados de papel, plástico, metal, resíduos de EPI, lâmpadas, pilhas e baterias.

“À medida que realizamos a circularidade, contribuímos para o ciclo de vida do produto e ao realizarmos o descarte dos equipamentos (nos fornecedores homologados) eles dão origem a novas matérias-primas, o plástico, por exemplo, se torna resina para dar origem a novas peças”, destaca, e completa: “Um dos nossos propósitos é promover a sustentabilidade para que todos consigam prosperar, afinal, acreditamos no nosso papel transformador como companhia e que juntos somos mais fortes”.

Usinas solares e data centers ecológicos

Com o crescimento brutal na geração e no uso de dados, que segundo o Global Data Sphere da IDC, até 2026, sete petabytes de dados serão criados a cada segundo, umas das preocupações que emergem é sobre o salto exponencial de data centers e o uso de energia para alimentá-los. Naturalmente, as empresas de data center e as de telecom, têm voltado suas atenções para a redução do impacto no meio ambiente.

Uma delas é a Claro. A operadora tem um dos maiores programas de geração distribuída de energia renovável entre empresas privadas do País, com mais de 84 usinas em operação. Até o final deste ano, serão 103 usinas. Somente a construção de usinas demandou investimentos da ordem de R$ 1,5 bilhão. Em curso desde 2017, o programa ‘A Energia da Claro” já evitou a emissão de 500 mil toneladas de CO2. Quem revela os dados é Hamilton Silva, diretor de Infraestrutura da Claro.

Ele reconhece que empresas de telecom são grandes consumidores de energia elétrica, já que esse recurso é chave para manter uma operação 24×7 que inclui, por exemplo, torres, telefonia celular, rede fixa e atende a toda a população. “Hoje, temos 70% da energia de baixa tensão, atendendo nossa demanda”, conta ele.

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Usina da Claro Biogás Castor, em Nova Iguaçu, Rio de Janeiro. Foto: Diego Paz

Os benefícios dessa abordagem são muitos. Acumulando cerca de 500 mil toneladas de CO2 por ano temos, a tele tem evitado a emissão de 100 mil toneladas de C02 na atmosfera, para citar apenas um deles.

Hamilton Silva diretor de Infraestrutura da Claro

Hamilton Silva, diretor de Infraestrutura da Claro

“Temos responsabilidade como empresa para fornecer cada vez mais conectividade para as pessoas. Nosso discurso de sustentabilidade merece ser sustentado. Há muito GreenWashing no mercado, com discursos descabidos. O que mostramos não são promessas. Temos objetivos de médio e longo prazos e nos esforçamos para atingi-los, sempre nos apoiando nos resultados alcançados”, orgulha-se Silva.

O executivo observa algumas tendências que devem fortalecer ainda mais a estratégia da Claro para o meio ambiente. “Na rede móvel, estamos aplicando algumas características que fazem com que a energia dos rádios se adeque ao consumo que o cliente necessita. Não irradiamos toda a potência da antena o tempo todo, mas conforme a quantidade de clientes conectados. Isso é redução de consumo. Não afeta a qualidade e eu não desperdiço a energia. Com isso, eu preciso de menos geração. Iniciativas como essa economizaram a criação de três usinas por ano. Outra coisa que temos é a revisão do que estamos começando a fazer no parque de ar-condicionado”, observa ele.

A TIM também está na trilha de redução dos seus impactos no meio ambiente. A operadora anunciou recentemente que, ainda neste ano, ampliará seu projeto de geração distribuída de energia, que promove abastecimento da rede com a utilização de usinas de energia renovável arrendadas de parceiros. A expectativa é contar com cem unidades alimentando suas operações em diferentes estados até o fim do ano, com predominância de plantas solares. Segundo a tele, somente no primeiro trimestre, 15 novas usinas foram incorporadas pela operadora, totalizando 64 unidades, que produzem 50% do consumo total da empresa.

As usinas que iniciaram a produção para a TIM entre janeiro e março deste ano estão localizadas em São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul e produzem, no total, 3.000 MWh, o suficiente para abastecer mais de 1,6 mil antenas. A companhia vem priorizando a energia solar, representando cerca de 80% do total da planta, mas conta também com usinas hídricas e de biogás.

A Um Telecom, empresa pernambucana de telecomunicações e soluções em infraestrutura de TI, também está em cima da questão, atuando ativamente. Após investimento de R$ 5 milhões, a companhia iniciou a operação de uma usina fotovoltaica com capacidade de geração de 120.000 kW/h/mês. A geração corresponde a 80% da demanda da Um Telecom em todas as suas unidades – sede operacional e unidades consumidoras da empresa.

A usina ocupa área total de 1 hectare no município de São Caetano, no Agreste pernambucano. O local, revela Rui Gomes, CEO da Um Telecom, foi escolhido devido às condições climáticas para geração, como maior incidência solar e área com baixa precipitação de chuvas. Com a usina, a Um Telecom evitará a emissão de 125 toneladas de carbono por ano, neutralização que demandaria 15 mil árvores. De acordo com ele, a usina solar reflete o compromisso da companhia com a responsabilidade socioambiental.

“As operadoras venderam os seus data centers, mas Pernambuco é um superinvestimento e nós seguimos, especialmente para alimentar OTTs, como Google, Facebook, com conteúdo mais perto dos usuários. Estamos fomentando essas parcerias”, justifica ele.

Rui Gomes CEO da Um Telecom

Rui Gomes, CEO da Um Telecom

Com mais de 20 mil km de rede e clientes B2B na região Nordeste, o parque solar da Um Telecom tem capacidade de dobrar de área de acordo com a demanda da empresa e a partir do crescimento orgânico, por meio da atração de novos negócios. Para o ano de 2023, adianta Gomes, está prevista a instalação de um data center de classificação Tier 3, no Parqtel, no bairro do Curado, no Recife.

Uma das pioneiras no setor de data center a anunciar seu compromisso com a neutralidade climática global até 2030, a Equinix revela ter compromisso com o crescimento responsável e com uma agenda sustentável, incluindo iniciativas ambientais, sociais e de governança (ESG), em linha com o Acordo do Clima de Paris.

Do ponto de vista ambiental, revela Victor Arnaud, managing director da Equinix no Brasil, a Equinix alcançou cobertura de 96% de energia renovável em seus data centers em todo o mundo, marcando o quinto ano consecutivo acima de 90%. Os investimentos em eficiência energética somaram US$ 45 milhões em 2022. “Pela primeira vez, alcançamos a mais alta classificação na prestigiada “Climate Change A-List” do CDP, organização sem fins lucrativos que acompanha a transparência ambiental e o desempenho em mudanças climáticas de organizações públicas e privadas. Também nos tornamos a primeira empresa de infraestrutura digital a se comprometer a otimizar as faixas de temperatura operacional em seus data centers para melhorar a eficiência do uso de energia (PUE)”, detalha o executivo.

A eficiência energética é preocupação recorrente da empresa. Segundo Arnaud, novos data centers seguem padrões de projeto com eficiência energética como prioridade, e a meta é sempre obter certificações LEED Silver ou equivalentes.

Victor Arnaud managing director da Equinix no Brasil

Victor Arnaud, managing director da Equinix no Brasil

O executivo observa que os projetos de data centers da Equinix aproveitam as condições ambientais locais. O sistema de captação de água da chuva do data center do Rio de Janeiro, por exemplo, reduziu o consumo de água em pelo menos 70% e o uso de energia em 10% desde sua inauguração. No data center SP3, em São Paulo, a água da chuva é coletada e tratada para uso no sistema de free cooling de evaporação. Durante os períodos de chuvas intensas, 100% da água de resfriamento vem da chuva, economizando aproximadamente 700.000 galões por ano (1 galão equivale a 3.785 litros).

Globalmente, a empresa já investiu quase US$ 130 milhões em eficiência energética e retrofits. A pegada global dobrou desde 2015, no entanto, o PUE médio anualizado caiu 5,5% ano a ano, e agora está em 1,46, mesmo com o crescimento da Equinix. “Quanto menor o PUE, maior a eficiência”, sintetiza.

Com a crença de que o apoio ao meio ambiente tem de ser coletivo, Arnaud conta que em 2022, a Equinix lançou uma fundação global focada no avanço da inclusão profissional, desde o acesso à tecnologia e conectividade até as habilidades necessárias para prosperar no mundo digital, com um investimento de US$ 50 milhões. “A Fundação Equinix financia organizações que trabalham para garantir o acesso equitativo e inclusivo à tecnologia, à inovação e à educação. Uma das organizações apoiadas é a World Pulse, uma rede social on-line presente em mais de 200 países com a missão de levantar e unir as vozes das mulheres para acelerar seu impacto no mundo.”

Águas e reflorestamento

Na HCLTech, empresa global de serviços de TI, são diversas as ações com o meio ambiente, todas elas encabeçadas por Roshni Nadar, chairperson da companhia indiana. Há dois anos, a executiva, uma das 50 mulheres mais influentes do mundo e segunda na Ásia, vem acelerando iniciativas com outras big techs sobre o tema, incluindo, especialmente, o combate de falta de água doce no mundo e o plantio de árvores.

Em parceria com startup Aquapreuner, a HCLTech investirá US$ 15 milhões em cinco anos para combater a falta de água doce no mundo. A ideia é trazer o programa para o Brasil em breve.

Fabiano Funari, country manager da HCLTech Brasil, revela que a estratégia global da empresa está respaldada em três pilares: pessoas, comunidades e planeta. “Quando lançamos a revisão da marca, há cerca de um ano, tangibilizamos esses compromissos e nossas ações de ESG transitam por esse caminho.”

Funari conta que a empresa tem o programa One Tree Planted, que promove o plantio de árvores. No Brasil, foram plantadas 1 mil árvores na Mata Atlântica, em Carapicuíba, perto de São Paulo, pelos funcionários da empresa e até o final do ano, o objetivo é chegar a 25 mil. “Geralmente, quando se pensa em árvores, se pensa na Amazônia, mas as demais florestas também precisam de atenção”, observa ele.

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Fabiano Funari, country manager da HCLTech Brasil, ao centro abaixo, com o time durante o programa One Tree Planted 2023

Segundo o executivo, nesse tipo de ação a HCLTech também desenvolve a comunidade local, ensinando técnicas de plantio e cultivo de árvores. “É um círculo virtuoso para fortalecer as ações”, sintetiza.

Como tornar a sustentabilidade um pilar?

Sustentabilidade está na moda, e não é raro presenciar empresas falando sobre apenas para ganhar holofotes no mercado. A prática ganhou até um nome, o GreenWashing. Na era da transparência e da confiabilidade, no entanto, já começam a cair as máscaras corporativas de companhias que só querem surfar essa onda, sem, efetivamente, terem práticas comprovadas, metas associadas ou resultados voltados à sustentabilidade.

“Existe uma diferença grande entre ambição e ação. Muitas empresas têm ambição, mas ela precisa estar ligada à estratégia”, ensina Marcele, da SAP. Para ela, sustentabilidade precisa ter uma liderança executiva que permeie as estratégias na companhia. Depois, prossegue, é preciso adequação de processos em toda a cadeia. E, por fim, tem a tecnologia e pessoas. “Não é possível agir se não for possível mensurar, se não tem visibilidade e impactos de indicadores e ações. Um dos temas é como trazer sustentabilidade rentável. Ela é e pode ser rentável.”

Com a crença de que o exemplo é melhor forma de fazer as ações de sustentabilidade e meio ambiente escalarem, Funari, country manager da HCLTech Brasil, acredita que o líder precisa inspirar as pessoas a mudar.

“Se você é inspirador e engaja, obviamente atrai as pessoas a fazer a mesma coisa. Na HCLTech, somos formados por 225 mil pessoas. Somos compostos por gente e essa gente também trabalha com gente. São elas que vivem no planeta. As pessoas gostam e fazer negócio e de trabalhar com pessoas que têm empatia com as pessoas que vivem. Por isso, nossa preocupação com meio ambiente é genuína e é assim que tem de ser em todos os lugares”, conclui ele.

Piccin, da Schneider Electric, recomenda que, embora o tema deva ser tratado urgência, é preciso cautela com as ações. “Primeiro, entenda o contexto, o que significa, qual o impacto hoje como empresa, qual redução do seu impacto e faça um planejamento adequado antes de divulgá-lo. Tenha uma abordagem consolidada de planejamento. O contrário pode ser perigoso e destrutivo”, aconselha.

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Déborah Oliveira

Editora-chefe e diretora de Conteúdo do IT Forum, Déborah Oliveira é jornalista com mais de 17 anos de experiência na área de TI. Tem passagens pelas redações da Computerworld, CIO e IDG Now!. Bacharel em Jornalismo, com graduação executiva em Marketing, e MBA em Marketing. Em 2018, foi vencedora do prêmio de melhor Jornalista de TI no Brasil, do Cecom. Em 2019 e 2020, foi destaque do mesmo prêmio na categoria Telecom. É uma das autoras do livro “Da Informática à Tecnologia da Informação – Jornalistas Contam Suas Histórias”, pela editora Reality Books, lançado em 2020.

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