Brasil está na liderança de Open Finance, indicam especialistas
Especialistas discutem troca de informações entre instituições financeiras no primeiro dia do Febraban Tech
Uma pesquisa realizada pela Open Index e apresentada no primeiro dia do Febraban Tech 2023 revelou que, em termos de chamadas de APIs, o Brasil tem 3,7 bilhões de chamadas mensais – colocando o país na liderança do Open Finance.
Além disso, explica Edlayne Althemar Burr, diretora da Accenture, o Brasil está em segundo lugar no pilar de ambiente regulatório, ao lado do Reino Unido e da Austrália. No pilar de negócios, estamos na 11ª posição, no ecossistema de fintechs, na 8ª, e na parte de consumidores com propensão a se engajar, 15ª.
“Ou seja, o nosso destaque entre os líderes se deveu ao ambiente regulatório. O Brasil é considerado líder principalmente ao pensar nas políticas de cibersegurança e nas políticas de privacidade e proteção de dados. Mas mesmo nas outras dimensões, como os mecanismos de prevenção a lavagem de dinheiro ou proteção de consumidor e ao olhar de que temos um plano bem definido de open finance, estamos sempre entre os líderes”, revela ela.
O posicionamento regulatório é importante, principalmente no que diz a pesquisa globalmente. De acordo com Helen Child, fundadora da Open Banking Excellence (OBE), o levantamento revela que os mercados apoiados pela regulação conseguem chegar mais rápido e mais longe com casos completos e sustentados.
A executiva esteve presente, também, no painel “Open Finance e a evolução dos serviços agregados”, onde deu sua opinião sobre o Brasil. “Vocês têm uma reguladora muito reconhecida no mundo todo, que realmente pensa no futuro ágil e inovador. Talvez vocês não pensem assim, mas todos no mundo estão olhando para o que o Brasil faz.”
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Na ocasião, Isis Galote, gerente de estratégia do Itaú Unibanco, falou sobre dois pilares do Open Finance. “Quando eu falo de produto, eu posso ter um produto diferente para cada cliente, uma condição diferente para cada cliente. O Open Finance permite que trabalhar o volume alto de informações, dar uma oferta personalizada e única para cada cliente.”
Em outra ponta há a experiência do cliente. Com a tecnologia, as instituições financeiras podem usar as informações para melhorar a experiência de navegação, com a instituição e de atendimento.
Cristina Pinna, diretora de engenharia de software do Bradesco, complementa ao citar a Inteligência Artificial generativa como oportunidade. Como os bancos têm um volume muito grande dados e de consentimentos, a tecnologia é usada para aprender a usar os modelos e tirar inteligência para extrair as melhores estratégias para atender o cliente.
Entretanto, “a taxa de consentimento [dos consumidores para o Open Finance] é muito baixa. O cliente ainda não consegue perceber o valor e a gente precisa continuar criando para conseguir entregar esse valor para o cliente”, alerta Cristina.
Matheus Rauber, assessor sênior no Departamento de Regulação do Banco Central do Brasil, concorda e alerta de que as instituições estão focadas em novas especificações e a implementação delas e estão com pouco tempo para pensar em novos produtos e serviços. Elas estão querendo vencer essa etapa e o BC também quer ver isso acontecer para que tenham tempo e condições para desenvolver novas soluções.
Ainda assim, diz ele, a entrada de novos dados está atingindo quase o escopo inicial completo. “A gente espera ver mais empresas usando isso, oferecendo soluções de comparabilidade e melhorando a qualidade de dados. Podemos aumentar o escopo, mas se não tiver melhoria na qualidade de dados, ficará difícil ter soluções para os clientes”, comenta Matheus.
Segundo o especialista, dados transacionais começarão a ser implementados em outubro, como os de investimento e, depois, de câmbios que poderão trazer mais PJ para o Open Finance. “A gente entende que isso trará mais plenitude”, finaliza.
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