Febraban Tech: caminho da sustentabilidade passa pela economia digital

Bioeconomia e desafios de tecnologia foram pauta da plenária de abertura do Febraban Tech 2023

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12:47 pm - 27 de junho de 2023
Febraban Tech

“Não abriremos mão de ter um papel de relevo para uma economia mais verde, de baixo carbono e na monetização de ativos ambientais”. Foi essa a mensagem deixada por Isaac Sidney, presidente da Febraban, durante a plenária de abertura do Febraban Tech 2023, maior evento de tecnologia e inovação bancária do país, que acontece nesta semana em São Paulo.

O tema da bioeconomia e as oportunidades da economia verde foram o tema central do debate de abertura do evento, que contou com representantes dos maiores bancos do país. Para Maria Rita Serrano, presidente da Caixa, o setor financeiro tem papel “fundamental” no avanço de um mundo mais inclusivo e sustentável – o que deve ser desenvolvido através da economia digital.

“Eu entendo que não existe dicotomia entre a sustentabilidade e o investimento na bioeconomia. Os compromissos com a descarbonização são urgentes no país e no mundo e as oportunidades da bioeconomia são convergentes em todas as áreas”, pontuou. Como exemplo da integração entre a economia digital e o tema da sustentabilidade, a presidente citou o Caixa TEM, aplicativo desenvolvido durante a pandemia para a distribuição de benefícios sociais como o auxílio emergencial.

Desenvolvido no período de duas semanas, o app alcançou cerca de 70 milhões de pessoas durante o período mais grave da pandemia. “A inclusão digital tem que entrar para melhorar o mundo, para garantir as condições do meio ambiente. Quando a gente fala em meio ambiente, falamos em florestas,pessoas, mas também em políticas públicas e nas ações das empresas”, completou. “A sustentabilidade envolve a inclusão das pessoas, a redução da miséria.”

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Milton Maluhy Filho, presidente do Itaú Unibanco, destacou que o tema da sustentabilidade é “comum” a todo o setor bancário – um tema de cooperação para a indústria. “Todos somos sócios do mesmo problema e do mesmo desafio”, afirmou. “Para avançar nessa agenda, não basta uma iniciativa isolada de uma instituição ou correr mais que todos os concorrentes. Todos têm que andar no mesmo ritmo.”

Para Maluhy, um dos grandes desafios atuais do setor está na busca pela diminuição das emissões de escopo três – as chamadas emissões indiretas, ligadas à cadeia de valor da empresa. O executivo do Itaú Unibanco afirmou que a instituição não buscará uma postura “policialesca” na relação com empresas clientes, mas terá o papel de ajudá-los no “processo de transição” para uma economia mais verde.

“É importante tangibilizar, trazer resultado, estruturando mercado de capital verde”, disse. Como exemplo das ações do banco, Maluhy destacou os mais de R$ 300 bi concedidos pela organização em financiamento de ações de impacto positivo. Até 2025, a meta da instituição é alcançar os R$ 400 bi.

Octavio de Lazari, diretor-presidente do Bradesco, ecoou o ponto de Maluhy, destacando as emissões de escopo três como o desafio mais importante para as instituições financeiras. “Cada um de nós, dentro das nossas empresas, têm essa consciência e vem procurando melhorar a conscientização da bioeconomia”, avaliou. “Temos o desafio do escopo três, de trazer para as empresas que nós financiamos a consciência da pegada de carbono.”

Mario Leão, CEO do Santander Brasil, também destacou o papel comum da agenda sustentável entre os diferentes concorrentes bancários presentes, e pontuou como cada instituição pode trazer um olhar diferente sobre o tema. “O investidor europeu tem cobrado muito das instituições financeiras”, falou o executivo, em referência à operação da sucursal brasileira do banco espanhol.

“No Santander, esse é um tema de todo o corpo executivo. ESG é uma das pautas mais importantes da gestão do grupo. Quanto mais a empresa atua no CNPJ, mais as pessoas vão agir no CPF, em suas casas”, compartilhou.

Roberto Sallouti, CEO do BTG Pactual, exemplificou o trabalho da instituição junto ao Conservation Internacional para a expansão de florestas de preservação de mata nativa e florestas comerciais. A iniciativa irá reflorestar 280 mil hectares de pasto degradado, com metade do espaço voltado para floresta comercial e metade para floresta nativa.

“Isso vai virar o curso normal dos negócios”, destacou Sallouti. “Além das atividades do dia a dia, se a gente conseguir colocar nossa capacidade de originação de ideias para alocar recursos eficientes, a gente consegue ajudar clientes, o Brasil e o mundo.”

R$ 45 bilhões em tecnologia

Além da bioeconomia, a tecnologia também foi pauta de debate na abertura do Febraban Tech 2023. Segundo pesquisa da Febraban, o segmento bancário em tecnologia deve chegar a R$ 45,1 bilhões em 2023. O valor significa uma alta de 29% em relação ao ano anterior. A 1ª etapa da Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2023 foi realizada pela Deloitte e divulgada em maio deste ano.

Lazari, do Bradesco, listou tecnologias como a IA generativa e a computação quântica com próximas fronteiras para o setor bancário. A empresa já tem usado ferramentas como o ChatGPT para a interpretação de comunicados do Banco Central, inferindo como os resultados podem impactar a empresa e como poderão impactar futuros resultados, por exemplo.

Na sua avaliação, no entanto, a computação quântica é um grande desafio – com um grande potencial de impacto em áreas como a criptografia, em especial quando a tecnologia chegar às mãos de agentes maliciosos. “Não sabemos onde vai parar”, comentou.

Maluhy, do Itaú, narrou a jornada contínua de digitalização do Itaú, que já alcançou cerca de dois terços de sistemas legados em transformação. O impacto positivo desse processo, disse ele, veio não só nos negócios, mas na cultura do banco. “Nossa capacidade de atração e retenção de talentos nunca foi tão grande”, explicou. “Nós temos transformado nossos profissionais, todos nossos colaboradores falam de tecnologia com uma facilidade que não existia no passado”.

Sallouti, do BTG Pactual, também olhou para a questão da tecnologia como uma transformação cultural. “Quando a gente faz a transformação que fizemos, precisamos de pessoas com habilidades diferentes: pessoas de analytics, de UX, programadores”, disse, reforçando que isso foi o que permitiu o banco saltar de “centenas” para “milhões de clientes”. “Nenhuma decisão de negócio é tomada hoje sem a turma de tecnologia na mesa.”

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