Aligned conclui compra da Odata, que espera mais fôlego para expansão

Em entrevista ao IT Forum, CEO Ricardo Alário fala dos planos de crescimento e sustentabilidade da ODATA com fim do período de investimento do Pátria

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3:10 pm - 22 de maio de 2023
Ricardo Alário. Foto: Divulgação

Com a conclusão do processo de aquisição da ODATA pela americana Aligned Data Centers – anunciado no começo de dezembro de 2022 -, a expectativa é que o negócio crie não só um dos maiores players americanos de data center, mas também dê novo fôlego à empresa brasileira para continuar um movimento de expansão pela América Latina. A conclusão do negócio também marca a saída da Pátria Investimentos da empresa da qual era a única investidora desde 2015, quando foi criada.

O negócio – estimado em US$ 1,8 bilhão, conforme noticiado em dezembro pela Bloomberg Línea, valor não confirmado pelas partes – transfere o controle integralmente à Aligned, mas mantém o time de liderança brasileiro, com Ricardo Alário seguindo no cargo de CEO da Odata. Com a aquisição, a Aligned se torna uma das maiores operadoras de data centers privados nas Américas, com capacidade de mais de 2,5 GW de capacidade crítica em mais de 40 sites, quando todos estiverem em operação.

“O princípio da transação foi muito bacana porque eles [a Aligned] compraram [a Odata] pela plataforma. Eles não tem nenhum overlap, só operam na América do Norte, só EUA. E do México para baixo não tinham investimentos”, comenta Alário em conversa exclusiva com o IT Forum, realizada antes da conclusão do negócio. “Eles queriam que o time ficasse.”

Segundo o executivo, o negócio representa um novo fôlego de expansão para a Odata graças ao “capital novo”. “Tem uma vida útil do investimento, que tem que ser devolvido para os fundos. Eles tinham que fazer uma saída, e agora entra a Aligned para injetar mais capital e a gente continuar crescendo”, explica.

O investimento é necessário porque, na avaliação de Alário, a demanda por processamento por parte das corporações e das próprias big techs não deve diminuir. O próprio advento da IA generativa e de outros modelos de aprendizado de máquina deve intensificar ainda mais essa demanda, pelo menos pelos próximos cinco anos. E há, ainda por cima, uma pressão por sustentabilidade por parte dos data centers [ver abaixo].

Atualmente a Odata tem data centers no Brasil, Chile, Colômbia e México, além de projetos em andamento em outros países da América Latina. No México, a empresa obteve recentemente da International Finance Corporation (IFC), organização do Banco Mundial, uma nova rodada de financiamento de US$ 35 milhões para investimento no país, principalmente na construção e operação de mais um centro de dados em Querétaro.

O primeiro data center no México foi inaugurado em abril deste ano. No Brasil são três data centers operacionais, com um quarto em construção no Rio de Janeiro. Várias dessas estruturas estão em processo de expansão de capacidade.

“Temos muitos projetos de expansão, e além disso crescemos dentro dos nossos campus. São terrenos de 80 mil m2 em que conseguimos colocar vários data centers. A gente conecta a energia da concessionária e constrói nossa própria subestação. Em Hortolândia (SP) temos 50MW que atendem só nosso campo”, conta o executivo. “Daria para entregar energia para uma cidade entre 80 e 100 mil habitantes.”

Odata renovável

A Odata tem dado ênfase ao tema da sustentabilidade em suas operações, e esse foi tema de parte expressiva da entrevista dada por Alário ao IT Forum. O investimento em energia renovável deve ser mantido com a aquisição pela Aligned, e o objetivo é fornecer toda a energia renovável que a empresa consome, depois se tornando uma autogeradora de energia renovável.

A Odata adquiriu recentemente uma participação minoritária no parque eólico de 212 MW da Omega Energia, em Xique-Xique, na Bahia. Atualmente, entre 85 e 90% da energia consumida pelos data centers da empresa é renovável.

“A gente trabalhou quase dois anos nisso”, diz Alário sobre o acordo energético na Bahia. “Nossa indústria [de data centers] acabou por ser muito visada, eu entendo empresas que são muito visadas, grandes consumidores de energia. O que acabou gerando uma exposição. E todo mundo está preocupado com a sustentabilidade.”

Segundo o executivo, a sociedade com a Omega é rara no mercado, ainda mais na geração de energia eólica. Normalmente, diz, as empresas do setor estabelecem acordos de geração que garantem o consumo de determina usina.

“Nós sempre nos preocupamos com essas questões, desde o começo da Odata. Por ser uma investida do Pátria, sempre nos preocupamos com governança, riscos, e temos questões de éticas e compliance fortes aqui dentro”, pondera Carolina Maestri, diretora de ESG e EHS da Odata“Viemos crescendo isso e vendo as oportunidades. Vendo que é um diferencial para o negócio, trabalhamos com clientes globais que tem demandas bastante grandes de sustentabilidade.”

Carolina Maestri, Odata

Carolina Maestri, diretora de ESG e EHS da Odata. Foto: Divulgação

Segundo a executiva, há outras pressões além da ambiental. Segurança do trabalho e da informação, por exemplo, temas que ela não considera maduros ainda no Brasil ou na América Latina. Mesmo assim, pela quantidade de players globais operando na região, eles “exigem a mesma régua para todo mundo”.

A empresa também tem projetos de redução de consumo de água, o segundo item de maior consumo na operação de um data center.

Outros compromissos de longo prazo da empresa se referem à redução das emissões de carbono alinhadas ao Acordo de Paris, assinado no âmbito das Nações Unidas. “A partir do momento em que nos comprometemos publicamente e mundialmente, também temos que desdobrar isso.”

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Marcelo Gimenes Vieira

Editor do IT Forum. Jornalista com 12 anos de experiência nos setores de TI, telecomunicações e saúde, sempre com um viés de negócios e inovação.

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