Startups com foco em problemas social e ambiental despontam no mercado

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3:29 pm - 31 de janeiro de 2016
Startups com foco em problemas social e ambiental despontam no mercado

A geração Y, também conhecida como millennial, tem como principal característica a inquietude. Nos últimos anos, essa mesma geração foi apontada como uma das responsáveis por mudanças em cenários tradicionais no cotidiano de trabalhos, como a flexibilização da jornada de trabalho das 9h às 18h, a adoção do home office e de bermudas para se trabalhar em ambientes que permitem esse tipo de vestimenta.

Também foi essa inquietude que trouxe novas ideias e, como resultado, verificou-se uma explosão de startups voltadas para atender ao segmento do sustentável e do social. “Essa nova geração acredita que pode criar um modelo que une transformação social com trabalho”, afirma Daniella Dolme, uma das responsáveis pelo Movimento CHOICEda Artemisia. “Porque ficar entre mudar o mundo e fazer dinheiro se você pode ficar com os dois?”, completa a também jornalista, durante painel apresentado na Campus Party intitulado Driblando a crise e transformando o mundo com negócios de impacto social.

A Artemisia, organização sem fins lucrativos que fomenta negócios de impacto social no Brasil, atua em duas frentes: aceleradora que seleciona startups que nasceram para resolver problemas sociais de população de baixa renda, e com o Movimento CHOICE, que está em universidades e busca por jovens lideranças que querem fazer diferente.

Para ela, o cenário do empreendedorismo social tem ganhado destaque, especialmente entre os jovens. “Temos visto interesse crescente na universidade”, comenta. “Vemos jovens com vontade de empreender, buscando capacitação fora da universidade para entregar algo de bom para o mundo e seguir um caminho diferente dos pais.” Fundada em 2004 pela Potencia Ventures, a Artemisia possui atualmente escritórios em São Paulo e Recife.

>> Confira em tempo real a cobertura completa da Campus Party 2016

Larissa Kroeff, especialista em organização de eventos sustentáveis pela universidade francesa Pierre Mendes France, também participou do debate apresentando uma solução com foco no ambiental. A executiva é criadora do Meucopo Eco, empresa que fornece copos reutilizáveis como solução para que grandes eventos não precisem fazer uso de copos descartáveis. “O problema do descartável é que, no Brasil, 720 milhões deles vão para o lixo todos os dias”, observa.

Para ela, investir nesse tipo de empreendedorismo também traz bons frutos. “Hoje, a vantagem é que as pessoas reclamam o tempo inteiro, então porque não olhar esses problemas com outros olhos?”, afirma, complementando que a crise atual no Brasil, proveniente de diferentes frentes como moral e política, serve exatamente para encontrar outra forma de se viver em sociedade. “A crise é positiva para mudar o que não está funcionando”, diz.

O terceiro participante do debate foi Daniel dos Santos Cardoso, criador da Socorre.me, aplicativo que ajuda dependentes químicos a pedir ajuda para sair do vício de drogas lícitas ou ilícitas. A startup, fundada em 2003, está gerando impacto social em mais de oito países.

Encontrar um caminho
Quem quer empreender no âmbito sócio-ambiental é preciso, antes de tudo, escolher algo que chame a atenção, “algo que te move”, como afirma Daniella. “O primeiro passo é encontrar uma causa e depois entender quem é seu usuário, quais são as possibilidades, se utiliza ou não a tecnologia para dar suporte”, completa. Para a jornalista, ter empatia, conhecer o usuário é essencial.

Ela lembra ainda que há muito a ser feito, como no setor da educação ou mesmo financeiro (ela destacou o fato de 40% da população não possuir conta bancária), basta ter um foco. “O ponto-chave do impacto social é amar pessoas e ajudá-las. O dinheiro vem como consequência”, completa Cardoso.

Conseguiu seguir adiante com uma ideia? Há alguns entraves que podem ser encontrados no meio do caminho, mas também há soluções. De acordo com André Spínola, mediador do debater e gerente nacional de desenvolvimento territorial do Sebrae, é válido procurar ajuda especializada.

O próprio Sebrae é um bom primeiro passo, bem como aceleradoras que possam orientar novos empresários a criar base forte e estrutura robusta para que a ideia não desande e possa crescer de forma sustentável. Cardoso também sugere para os iniciantes na área buscar editais de fomento para projetos sociais.

Já a dica da Larissa é dividir a liderança, afinal ninguém é 100% bom em tudo. “A maior dificuldade de empreender é não ter todas as competências que um negócio precisa”, observa. Quando se está caminhando sozinho, surgem conflitos de como lidar com certas situações, especialmente com relação a como fazer o negócio andar, diz ela. “A chave é encontrar parceiros que vão fazer esse complemento, encontrar um sócio que é um complemento às minhas deficiências.”

Outra sugestão da especialista é encontrar pessoas que agreguem valor à companhia e ajudem no crescimento. “Contar com pessoas é fundamental”, diz. “Hoje, contrato colaboradores que tenham competências que sejam melhores que a minha, para que a equipe cresça de forma complementar.” Cardoso completa: “se concentra naquilo que se é bom e delega o resto.”

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