Setor financeiro mira tecnologias emergentes e fintechs para manter papel de “porto seguro”

Abertura do Ciab Febraban, principal evento financeiro do Brasil, destaca papel da inovação como primordial para a consolidação do setor

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12:44 pm - 12 de junho de 2018

O setor bancário é um “porto seguro” para a retomada da economia e para enfrentar incertezas. A frase é de Murilo Portugal, presidente da Febraban, durante pontapé inicial do Ciab – Congresso e Exposição de Tecnologia da Informação das Instituições Financeiras -, principal evento voltado à tecnologia do setor financeiro, realizado nesta semana, em São Paulo (SP).

Para de fato ser um pilar de segurança para o país, Portugal destaca a tecnologia como fator essencial. Isso inclui a manutenção de altos investimentos do setor em TI e o uso de tecnologias emergentes, como computação cognitiva e blockchain.

“Vivemos dois anos de uma recessão muito dura, estamos felizmente no segundo ano de uma recuperação cujo ritmo desacelerou e a incerteza aumentou, mas o setor bancário manteve no ano passado e vai manter nesse ano seus investimentos em Tecnologia da Informação, que estão próximos do patamar de R$ 20 bilhões ao ano. Somos os responsáveis pelo maior volume de despesas em TI dentro do setor privado no país, investimento que é fundamental para que bancos possam acompanhar essa transformação do mundo digital”, afirmou Portugal, que reiterou o compromisso do setor com inovações.

“Nosso compromisso com a inovação não é de hoje e não é da boca para fora. É do bolso para fora, há várias décadas”, apontou.

Ele destacou também que o interesse dos bancos por tecnologia não visam apenas aumentar eficiência de processos, mas sobretudo mostra um compromisso de levar benefícios tecnológicos a todos os envolvidos, garantindo segurança e conformo aos clientes.

Em termos de tecnologias emergentes, Portugal citou avanços em internet das coisas (IoT), inteligência artificial, computação cognitiva e, sobretudo, blockchain –  esta última, área em que bancos brasileiros já estão avançando há pelo menos dois anos.

Uma das iniciativas nesse sentido é um trabalho cooperativo que gerou um protótipo para uso do blockchain, que será mostrado durante o evento. “São aplicações que vão mudar radicalmente nossos processos e produtos”, cravou.

Mauricio Minas, presidente do conselho do Ciab Febraban e VP executivo do Bradesco, também participou da abertura, em que destacou diversos números da pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária, que evidenciam o avanço do mobile. Um dos resultados citados como destaque é o crescimento de 70% das transações com movimentações financeiras via mobile banking.

Minas comentou também que 80% dos bancos estão de olho em tecnologias como inteligência artificial, analytics e computação cognitiva, enquanto outros 75% estão focando esforços em blockchain. Outras tecnologias de destaque são NFC, com 55%, e IoT, com 45%. “Cada uma dessas tecnologias está em período de maturação diferente e permitirá ampliar serviços em alguma frente”, destacou.

Regulação

Mais do que inovações tecnológicas, Portugal lembrou a necessidade de inovações regulatórios para acompanhar a nova era da digital.

Otávio Ribeiro Damaso, diretor de regulação do Banco Central, destacou o papel do Bacen, como regulador, de fomentar o processo de inovação sem deixar de lado a missão de garantir a estabilidade financeira.

“Nosso papel é de permitir e facilitar esse processo de inovação tecnológica. O Banco Central acredita que a inovação tem potencial grande de aumentar ainda mais a eficiência do setor financeiro, em todas as dimensões”, disse.

Damaso lembrou algumas ações recentes lideradas pelo Bacen no sentido de fomento a inovações. Uma delas é a nova regulamentação aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para segmentação das instituições financeiras e demais entidades autorizadas a funcionar pelo Bacen, para fins de aplicação proporcional da regulação prudencial, de acordo com seu porte e perfil de risco. Um dos itens foi o apoio ao funcionamento de fintechs, as startups do setor financeiro.

Outros avanços citados por Damaso são a aprovação da abetura de contas por meios digitais, a regulamentação de assinatura eletrônica de contratos, bem como a duplicata eletrônica – aprovada há duas semanas.

Fintechs

O assunto fintechs novamente promete ser destaque do congresso. Portugal classifica essas companhias como oportunidades de aprendizado e parcerias. “Os principais bancos criaram fundos para investir em fintechs e mantém ambientes de incubação para acelerar desenvolvimentos dessas empresas”, apontou.

O próprio Ciab promove o fintech day, que seleciona iniciativas promissoras para terem contatos com grandes bancos, bem como um hackathon para desenvolvimento de novas soluções. Ambas as iniciativas ocorrem em paralelo à feira.

Damaso clasifica fintechs como principal componete para trazer oxigenação ao setor. “Muitas delas estão vindo para preencher gaps importantes e, em alguns casos, reduzir margens de operações de crédito.”

Inteligência exponencial

O avanço exponencial no uso de dados digitais tem sido um dos principais temas de debate dos últimos meses. Casos como Facebook e Cambridge Analytica, bem como a nova regulamentação de uso de dados da Europa, o GDPR, acenderam ainda mais o debate.

Inteligência exponencial é o assunto central que norteará todo o conteúdo do 28ª edição do Ciab, com o objetivo de debater a dimensão exponencial da inteligência aplicada no volume de dados cada vez maior gerado pela humanidade.

Dentre as discussões, temas de destaque são o desenvolvimento de tecnologias emergentes e como elas implicam em constantes alterações no comportamento social, e como tais alterações podem rapidamente criar ou destruir negócios.

O evento contará com uma área de exposição de 36 mil m2, 47 patrocinadores e mais de 350 palestrantes, que abordarão os mais diversos temas ligados à tecnologia bancária. O público estimado é mais de 20 mil visitantes durante os três dias.

O fato é que, em meio a um período ainda de incertezas no país, o setor financeiro se manteve na vanguarda quando o assunto é investimentos em tecnologias e inovação. Resta saber o que vem de novo por aí, como blockchain. O Ciab pode ajudar a responder muitas das perguntas. Acompanhe a cobertura do IT Forum 365 nos próximos dias!

 

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