Ransomware recua em 2023, mas América Latina vive ‘epidemia’ de phishing

Dados da Kaspersky mostram cibercriminosos mais assertivos em ataques de ransomware, ainda que em volume menor

Author Photo
7:58 pm - 22 de agosto de 2023
Fabio Assolini Kaspersky Ransomware Fabio Assolini, diretor da Equipe Global de Pesquisa e Análise da Kaspersky para a América Latina (Imagem: Rafael Romer/IT Forum)

Uma das ameaças de cibersegurança que mais ganharam força nos últimos anos, os ataques do tipo ransomware recuaram nos últimos 12 meses na América Latina. Quem revela isso é a empresa de cibersegurança Kaspersky, que divulgou uma nova edição do Panorama de Ameaças da Kaspersky nesta terça-feira (22), durante o Cyber Security Week América Latina, que acontece em San José, na Costa Rica*.

A companhia bloqueou cerca de 1,15 milhão de ataques ransomware entre junho de 2022 e julho deste ano na região, o que representa uma baixa de 27% em relação ao mesmo período do ano anterior.

O Brasil segue sendo o país mais atacado da região com ransomwares: um total de 603 mil ataques do tipo foram detectados pela companhia. O resultado também coloca o Brasil na posição de quarta nação mais atacada do mundo com ransomwares. Equador (212 mil ataques) e México (102 mil) completam a trinca de países mais atacados da região.

Leia também: Sob ataque: 6 ataques cibernéticos mais frequentes em 2023 (até agora)

Para Fábio Assolini, diretor da Equipe Global de Pesquisa e Análise da Kaspersky para a América Latina, o resultado está em linha com um movimento global, já que ransomwares estão em queda ao redor do mundo. O volume menor de ataques, no entanto, não sinaliza que essa ameaça está arrefecendo.

“As empresas estão se preparando melhor, mas há menos ataques sendo feitos por esses grupos porque eles estão mais seletivos”, explicou o especialista. “Os atacantes não querem perder tempo atacando organizações que não têm dinheiro para pagar o resgate.”

Outro fator relevante que atesta para o fato de que ransomwares ainda são uma ameaça na região é a família mais comum registrada no período: 40,59% dos ataques foram do Wanna Cry – um ataque para o qual já existem patches desde 2017. “Isso significa que existem muitos computadores na região que não estão patcheados”, reforçou Assolini.

Dados da própria Kaspersky mostram que o sistema mais presente na região é o Windows 10 (Home e Enterprise), que estão em 71,91% dos equipamentos. Já a versão mais recente desse sistema operacional (Windows 11) está em 11,35%. Quase um quarto, ou 23,16% das máquinas, ainda usam o Windows 7, sistema que não recebe mais atualizações e correções da Microsoft desde janeiro de 2020.

“Epidemia de phishing”

O outro lado da moeda da redução do ransomware está nos ataques do tipo phishing: ataques deste tipo registraram um aumento de 617% na América Latina nos últimos doze meses – o suficiente para classificar a ameaça uma “epidemia” entre as nações da região. No total, 286 milhões de tentativas de phishing ocorreram no período.

Com a maior população da região, o Brasil é, naturalmente, o maior alvo: 134 milhões de tentativas de ataque de phishing foram detectadas pela Kaspersky no país ao longo dos últimos doze meses. Isso significa um crescimento de cinco vezes em comparação às 25 milhões de tentativas de ataque entre 2021 e 2022.

O crescimento foi atribuído a uma série de fatores. A retomada do crescimento econômico pós–pandemia – com mais pessoas viajando, fazendo compras online ou usando aplicações financeiras no celular – é um dos motivos.

O avanço da inteligência artificial é outro. Com a disponibilidade ampla de ferramentas de inteligência artificial generativa, cibercriminosos estão aptos a criarem ataques de phishing mais convincentes e automatizados, melhorando suas técnicas de engenharia social para atingir usuários finais.

Veja mais: É necessário criar cultura responsável de segurança digital no Brasil

Os temas mais utilizados nos ataques identificados pela Kaspersky na região tem a ver com dinheiro: 42,8% deles usam algum tema ligado ao setor financeiro em suas mensagens, incluindo e-mails que se passam por comunicações de bancos, de sistemas de pagamento ou de serviços financeiros. Completam o ranking as empresas de serviços de internet (14,70%) e
as lojas online (14,70%).

Outro golpe que cresceu nos últimos 12 meses foi o trojan bancário, com crescimento de 50% frente ao mesmo período anterior. A América Latina registra 7.160 ataques diários, o que dá uma média de 5 tentativas de infecção por minuto.

Neste caso, o dos bloqueios na região mostra uma tendência oposta ao cenário global – que é de queda desse tipo de ataque. Outra informação importante é que os trojans brasileiros dominam os ataques do tipo trojan – das 13 famílias mais ativas, oito têm origem no Brasil.

*O jornalista viajou a convite da Kaspersky

Siga o IT Forum no LinkedIn e fique por dentro de todas as notícias!

Author Photo
Rafael Romer

Rafael Romer é repórter do IT Forum. É bacharel em Comunicação Social – Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Tem mais de 12 anos de experiência na cobertura dos segmentos de TI, tecnologia e games, com passagens pelo Olhar Digital, Canaltech, Omelete Company, Trip Editora e IG.

Author Photo

Newsletter de tecnologia para você

Os melhores conteúdos do IT Forum na sua caixa de entrada.