“Não precisa ser MIT para ter novas ideias”, afirma brasileiro do Media Lab

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11:19 am - 09 de fevereiro de 2015
“Não precisa ser MIT para ter novas ideias”

A internet atingiu escala global e permitiu um fluxo de
informações contínuo, praticamente sem fronteiras. No entanto, ela pouco nos
informa sobre o que acontece ao nosso redor, em nossa comunidade. E
considerando a dimensão e o potencial dessa rede, sua contribuição poderia ser
enorme na solução de problemas locais.

Essa é justamente a bandeira levantada pelo MIT Media Lab em
defesa ao desenvolvimento da tecnologia e educação em prol de uma sociedade mais
democrática e criativa, conforme explicou o cientista pesquisador e PhD Leo
Burd, PhD do departamento do instituto dedicado ao estudo da tecnologia e
sociedade. 

“Existe uma diferença muito grande entre democratização da
informática
e informática para a democratização. A primeira é ensinar uma
pessoa a apertar um botão e usar um computador, a outra trata-se de desenvolver
ferramentas para possibilitar a construção de uma sociedade melhor”, declarou
durante sua palestra na Campus Party, na qual apresentou diversas iniciativas
conduzidas pelo laboratório.

Questionado por um jovem da plateia sobre como esses projetos
poderiam ser aplicados no Brasil, Burd disse que acredita no caminho da
criação de
centros de inovação popular. De acordo com ele, são espaços físicos
com foco projetos individuais e para a comunidade, integrados à realidade
local, capazes de fornecer ferramentas e conhecimento, como as “
Computer
ClubHouse
” existentes em alguns países.

“Cidadania e criatividade não se aprendem em sala de aula, e
sim na convivência com pessoas, com a comunidade”, enfatizou. O pesquisador
destaca a importância do encontro entre pessoas propiciado por esses espaços para
ajudar a pensar em novas maneiras das tecnologias não apenas para o
desenvolvimento pessoal, e sim da comunidade.

Nesse sentido, Burd enxerga que muitos espaços e iniciativas
já existentes no Brasil poderiam ser melhor aproveitados, por exemplo, por meio
da formação de uma rede para integrar o que já existe. Segundo ele, os projetos
têm mais chances de dar certo quando há parcerias com organizações que atuam
nas comunidades, o que propicia um mecanismo de rede capaz de gerar uma
disseminação viral, que permita o negócio crescer.

O PhD relatou que o instituto possui parcerias no Brasil em
apoio a projetos de desenvolvimento social por meio da tecnologia. Apesar da
relevância global do instituto, Burd foi enfático: “Não precisa ser MIT para
ter novas ideias”, ressaltando o potencial de muitos projetos já existentes
aqui. 

O trabalho do MIT
Media Lab
“O jardim de infância
é a fase de aprendizado mais intuitiva. Acreditamos que é possível
estender essa abordagem para outras áreas do conhecimento”, evidenciou o
pesquisador.

“Aqui, não existe a distinção do que é descoberta, exploração
e pesquisa”, explica Burd, que também contou sobre a parceria com a Lego para o
desenvolvimento de um kit de robótica, uma das iniciativas que faz parte da
filosofia “Lifelong Kindergarden” defendida pelo laboratório – em outras
palavras, jardim de infância por toda a vida. 

As iniciativas aplicadas pelo são estruturadas em duas
esferas, conforme explicou Leo Burd. Veja alguns exemplos de projetos:

– Desenvolvimento comunitário

Centro de Mídias
Cívicas
: criado com objetivo de desenvolver ferramentas para levar
informações sobre um bairro a seus moradores e permitir uma atuação mais
efetiva.

Whats’Up:
sistema que agrega o calendário (eventos, reuniões, datas importantes, acontecimentos)
e gera informações em letreiros, na internet, folhetos impressos e tem canais
de atendimento por telefone e SMS. O projeto conta com o envolvimento de mais
de 45 mil pessoas, organizadas em 200 comunidades.

– Desenvolvimento pessoal

Scratch: ferramenta de
programação para criança que funciona como se uma brincadeira de Lego, por meio
de sua organização em blocos. A ferramenta é gratuita, está disponível em
português e outros 40 idiomas, e já conta com 8 milhões de projetos
compartilhados por criança de 10 a 14 anos.

MIT App
Inventor
: criado em parceria com o MIT Mobile Learning, o intuito da
ferramenta é democratizar a criação de aplicativos. “Nosso objetivo é quebrar
as barreiras entre os criadores e usuários, derrubar essa postura passiva”,
comentou.   

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