MIT e Stanford criam blockchain que faz 10 mil transações por segundo

Unit-e conta com colaboração de outras cinco universidades e deve ser lançado no segundo semestre deste ano

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6:29 pm - 23 de janeiro de 2019

Sete universidades, entre elas MIT e Stanford, estão colaborando para criar um sistema de pagamento on-line baseado em blockchain que resolverá problemas de escalabilidade, privacidade, segurança e desempenho, permitindo até 10 mil transações por segundo.

Financiado por uma organização sem fins lucrativos sediada na Suíça, o aplicativo de criptomoeda, chamado Unit-e, deverá ser lançado no segundo semestre deste ano. Se bem-sucedido, ultrapassaria até mesmo as principais redes financeiras, como a VisaNet, da Visa, em capacidade transacional.

A Fundação de Pesquisa em Tecnologia Distribuída (DTR – na sigla em inglês), organização suíça responsável pelo novo esforço de desenvolvimento de criptomoedas da Unit-e, foi formada para promover a tecnologia aberta de rede distribuída. Em um artigo acadêmico, a DTR explicou que a necessidade de construir um sistema de confiança descentralizado é “ampla e urgente”.

O Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), a Universidade de Stanford, a Universidade Carnegie Mellon e a Universidade da Califórnia, em Berkeley, estão entre as instituições que colaboram na nova rede de pagamentos que abordará o desempenho, segurança e privacidade das transações financeiras internacionais.

Os pesquisadores da DTR descrevem um sistema de pagamento descentralizado como o “aplicativo matador” para blockchain, semelhante ao que o e-mail era para TCP/IP.

“A falta de escalabilidade está atrasando a adoção de criptografia, e a pesquisa inovadora da DTR está abordando isso”, disse Joey Krug, membro do Conselho de Fundação da DTR e co-diretor de investimentos do fundo de hedge Pantera Capital, um dos apoiadores da Unit-e. “Os desenvolvedores da Unit-e estão transformando esta pesquisa em um desempenho escalável real que beneficiará uma enorme variedade de aplicativos financeiros descentralizados”.

A criptomoeda Unit-e visa alcançar latências de confirmação da transação na ordem de 15 segundos para transações na cadeia, e de 2 a 4 segundos para transações fora da cadeia.

“Embora algumas criptomoedas alcancem latências comparáveis hoje, elas o fazem à custa da descentralização”, disse a DTC. “Um conceito estreitamente relacionado à latência é a taxa de transferência – o número de transações processadas por segundo. Estamos direcionando o throughput de 5 mil para 10 mil transações por segundo.”

A título de comparação, as redes da Visa processam cerca de 1,7 mil transações por segundo (TPS) em média, e mais no pico de carga. Quando comparada a redes baseadas em blockchain, Unit-e teoricamente as deixa no chão. O rendimento médio atual do Bitcoin é estimado entre 3,3 e 7 TPS, e o Ethereum alcança entre 10 a 30 TPS, observou o pesquisador.

“Preencher esta grande lacuna é tecnicamente não trivial e requer inovação significativa”, afirmaram os pesquisadores.

A DTR não está sozinha em sua missão de aumentar o desempenho e a escalabilidade do blockchain. No início deste mês, a startup Devvio afirmou que seu protocolo de contabilidade distribuída altamente eficiente pode resolver todos os principais problemas enfrentados pelas redes blockchain, incluindo o dimensionamento de negócios financeiros globais com a execução de até oito milhões de TPS.

“Nos 10 anos desde o surgimento do Bitcoin, as blockchains se desenvolveram de uma ideia nova para um campo de pesquisa acadêmica”, disse Giulia Fanti, pesquisadora principal da DTR e professora assistente de Engenharia Elétrica e de Computação na Universidade Carnegie Mellon. “Nossa abordagem é primeiro entender os limites fundamentais do desempenho do blockchain e, em seguida, desenvolver soluções que operem o mais próximo possível desses limites, com resultados que sejam prováveis dentro de um rigoroso framework teórico.”

A Unit-e usa um novo mecanismo de compartilhamento chamado “PolyShard”, uma solução de armazenamento e computação que se torna mais eficiente com mais usuários sem sacrificar a segurança, de acordo com o DTC. A chave é que ele mescla dados de diferentes usuários e transações de uma maneira que ainda permite a recuperação precisa de dados.

Para se tornar um sistema de pagamento global onipresente, a Unit-e foi projetada para atender aos cinco requisitos de maneira totalmente descentralizada:

– Segurança: o sistema deve impedir que pagamentos não autorizados ou inválidos sejam executados.

– Latência: as transações devem ser processadas sem problemas, na escala de tempo de segundos.

– Taxa de transferência: a rede como um todo deve ser capaz de confirmar até milhares de transações por segundo.

– Usabilidade: o sistema deve estar sempre acessível, oferecer taxas baixas e previsíveis e um baixo custo de operação da rede, além de proporcionar uma experiência de usuário ininterrupta e previsível.

– Privacidade: o sistema deve evitar que partes não autorizadas acessem o log de transações.

“Os mercados de blockchain e criptomoedas estão em uma encruzilhada interessante, lembrando os pontos de inflexão alcançados quando indústrias como telecomunicações e internet estavam amadurecendo”, disse Babak Dastmaltschi, presidente do Conselho da Fundação DTR. “Esses são tempos de transformação. Estamos nos aproximando do ponto em que todas as pessoas do mundo estão conectadas”, completou.

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