Google Assistente ganha força e deve superar Amazon, Apple e Microsoft

Gigante das buscas triplicou o número de dispositivos que usam o dispositivo – entre janeiro e maio, esse valor subiu de 1.500 para 5 mil aparelhos

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2:41 pm - 10 de agosto de 2018
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A Siri, da Apple, é a assistente virtual mais conhecida do mercado. A Amazon domina o segmento de aplicações de assistentes em casa com a sua linha de aparelhos Echo – e a Alexa. Mas os líderes iniciais dificilmente terminam com os vencedores do mercado.

Há pouco mais de 10 anos, as fabricantes que dominavam o mercado de aparelhos mobile eram a Nokia e BlackBerry, e os comentaristas de tecnologia apostavam que a Palm tomaria o lugar de ambas. A Apple nem tinha um smartphone na época, enquanto a maioria dos usuários nunca tinham ouvido falar do Android.

Não há motivo para acreditar que os líderes atuais do segmento de assistentes virtuais vão manter essa posição.

O futuro dos assistentes virtuais não está nos lugares onde a Apple e a Amazon dominam – smartphones e aplicações residenciais, respectivamente. O espaço será caracterizado pela onipresença total, o que significa wearables, todos os aparelhos eletrônicos, muitos dispositivos de IoT (internet das coisas) e incorporados em todos locais onde as pessoas costumam passar tempo (escritórios, carros e casas).

Os assistentes virtuais vão se tornar ferramentas importantes nas empresas e a maneira principal pela qual as pessoas vão melhorar por meio da inteligência artificial (AI).

Há cerca de três anos e meio afirmei que as aplicações de assistentes virtuais tomariam as residências, e no ano passado disse que elas chegariam às empresas.

A minha mais recente previsão é que o Google vai ganhar em todos os ambientes, para se tornar líder no uso de assistentes virtuais nos próximos anos, assim como o Facebook domina as redes sociais, ou a Apple em termos de lucro com smartphones. Veja abaixo por que estou prevendo isso.

O Google anunciou recentemente uma penetração incrível em hardwares de terceiros. Em quatro meses, a gigante triplicou o número de dispositivos que usam o Assistente – entre janeiro e maio, esse valor subiu de 1,5 mil para 5 mil aparelhos. (Vale lembrar que a Amazon ainda domina neste quesito, com 12 mil aparelhos.)

O Google lançou o Assistente globalmente neste ano e promete expandi-lo de oito para “mais de 30” idiomas até o final de 2018.

Muitas pessoas adoram o Assistente. Literalmente! Quando o Google Home foi lançado na Índia no mês passado, o aparelho recebeu centenas de milhares de pedidos de casamento, segundo o executivo da gigante, Rishi Chandra.

Uma razão para todo esse amor é que o Google Assistente é melhor, segundo aponta um relatório. Um estudo recente publicado pela empresa de marketing digital Stone Templo descobriu que o Google Assistente é mais preciso do que a Alexa, da Amazon, a Siri, da Apple, e a Cortana, da Microsoft.

O Assistente é provavelmente o mais transparente de todos, o que gera confiança. O Google torna simples o processo de apagar interações individuais com o Assistente – ou mesmo todas elas.

A empresa de Mountain View afirma que o Assistente pode realizar mais de 1 milhão de “ações”. Mas isso está prestes a crescer de forma significativa. O Google vem construindo um programa de desenvolvedores para encorajar e ajudar os desenvolvedores a criarem apps para Assistente.

Recentemente, a gigante de buscas anunciou um novo programa que inclui o investimento em startups que criem apps para o Google Assistente. A companhia também prometeu mentoria, conselhos e suporte promocional, assim como acesso a novos recursos, ferramentas e à Google Cloud Platform.

O Google está especificamente interessado que desenvolvedores criem apps e conteúdos para indústrias verticais.

A nova iniciativa reforça os recursos que o Google já ofereceu anteriormente para impulsionar o desenvolvimento, incluindo um acessível Voice Kit.

Na verdade, o Google Assistente é tão importante para o Google que a empresa construiu dois botões especiais do Assistente nos seus produtos de hardware mais importantes. O laptop Pixelbook possui uma tecla dedicada no teclado para acionar o Assistente. E a caneta stylus Pixelbook Pen, que é vendida separadamente do Pixelbook, possui um único botão que, quando pressionado, questiona o Assistente sobre o que estiver circulado com a caneta.

É claro que o Assistente já está sendo usado informalmente ou não oficialmente por milhões de pessoas em empresas e organizações. Mas acredito que a nova iniciativa de investimento vai encorajar um novo e grande impulso para as empresas.

Mas essa é a razão real pela qual o Google Assistente vai prevalecer. O Google é a única grande empresa de assistentes virtuais com a missão e cultura corretas para ser bem-sucedida neste espaço.

A Amazon só quer te vender coisas; os usuários não veem a Amazon como uma fonte de informações. A Amazon não te fornecerá o melhor preço para algo se esse produto não estiver à venda na Amazon.

A Microsoft não possui uma presença significativa no mobile ou nas aplicações de assistentes virtuais.

E a Apple não possui interesse em servir as pessoas que não compram os seus aparelhos. Então a empresa nem vai tentar atingir a todos com a Siri.

Enquanto isso, o Google é em seu âmago uma empresa de buscas. Como os assistentes virtuais vão substituir de forma geral as ferramentas de pesquisa, o Google Assistente deverá predominar para que o Google continue sendo o Google. A busca por voz do Google está sendo completamente substituída pelo Assistente.

A vantagem da Apple é que ela tinha começado cedo com a compra da Siri há oito anos. A vantagem da Amazon era o lançamento do Echo antes de todos há três anos.

Mas à medida que a competição esquenta, é o Google que conta a maioria das vantagens necessárias para vencer.

Para começar, o Android é o sistema mais usado no mundo, e a sua loja Play Store é a que tem mais aplicativos de longe. Isso se traduz em muito mais desenvolvedores familiarizados com as ferramentas e processos de desenvolvimento do Google, o que eventualmente se traduzirá em mais apps para o Assistente.

Em segundo lugar: a qualidade da AI será cada vez mais um fator decisivo. E o Google está muito à frente da Amazon neste sentido. O Assistente já está sendo melhorado no Wear OS (antes conhecido como Android Wear) com um novo recurso chamado “sugestões inteligentes” (“smart suggestions”, no original em inglês), que permite que os usuários cavem mais fundo nas perguntas para o Assistente ao simplesmente escolher uma das opções relevantes de acompanhamento que ele apresentar.

Por trás das cenas, a AI superior do Google reduzirá erros, aumentará a interação preditiva e tornará o Assistente mais poderoso e satisfatório de ser usado no geral do que os seus rivais.

Em terceiro lugar, o Google possui mais dados de usuários, o que melhora a personalização e a operação à medida que essas qualidades tornam-se mais centrais para a experiência dos assistentes virtuais. Além da Busca e outros serviços, o Google tem acesso aos dados da sua conta do Gmail (se você usar o Gmail, é claro), que é uma mina de ouro em termos de dados de usuários acionáveis para um assistente pessoal.

Em quarto e ultimo lugar, as crianças são o futuro. E as crianças estão cada vez mais recebendo Chromebooks nas escolas dos EUA. Entre 2012 e 2017, a participação do Google no mercado educacional mobile de educação primária e secundária (K-12) passou de 5,2% para 59%, muito às custas da Apple e da Microsoft. Esse domínio está acontecendo em um momento em que o Google Assistente está ficando cada vez mais integrado e central para a experiência do Chromebook.

Em outras palavras: a maioria dos formandos no ensino médio daqui para frente terão um conhecimento íntimo do Google Assistente.

Resumindo, o Google tem muito mais gente usando as suas plataformas, possui uma Inteligência Artificial melhor e uma motivação mais forte para vencer a disputa.

Por isso tudo, pode apostar no Google Assistente dominando esse novo mundo dos assistentes virtuais.

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