Free Flow entra em vigor na BR-101 prometendo pedágios mais justos
Executivos dão detalhes sobre expectativa e o que muda na rodovia Rio-São Paulo após substituir praças de pedágios
Meia-noite e trinta e um foi o horário exato em que o primeiro carro passou pela BR-101 e utilizou pela primeira vez no Brasil o free flow. A nova tecnologia é um sistema de pedágio por pórticos, que permite o tráfego de veículos sem que os motoristas precisem passar em cabines de cobrança e, por consequência, reduzir a velocidade e parar para efetuar o pagamento.
De acordo com Carlos Gazaffi, presidente da Abepam (Associação Brasileira das Empresas de Pagamento Automático para Mobilidade) e presidente B2C do SemParar, essa é uma inovação tecnológica que traz diferentes aspectos importantes: hoje, o público está acostumado a pagar o pedágio em fila manual ou automática e, agora, podem fazê-lo sem a necessidade de desacelerar o automóvel.
“A tecnologia disponibiliza tanto a leitura de tag ou o pagamento por meio da leitura de placas. Para quem trafega com a tag, terá o desconto de 5% da tarifa base e descontos progressivos de acordo com a frequência de uso da rodovia, chegando a 70%. Atualmente, temos 60 milhões de veículos no Brasil e cerca de nove milhões de tags e acreditamos que com a conveniência, esse será um ambiente para democratizar o sistema automático no Brasil”, diz ele.
Aqueles que usam a tag já tinham benefícios de economia de combustível, freio e tempo por não precisar parar efetivamente na cabine. Ao falar do free flow, explica Cleber Chinelato, superintendente de arrecadação da CCR (concessionária da BR-101), você amplifica toda a conveniência tanto para quem usa as tags quanto para quem não as utiliza.
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“Para os motoristas que não possuem a tag, nós já iniciamos a operação o com app de pagamento e o site funcionando. O motorista pode pagar com o meio de pagamento que preferir, como cartão de crédito ou pix”, revela ele.
Outro benefício possível, dependendo de cada concessão, é pagar pelo trecho percorrido. Algumas rodovias continuarão com tarifas fixas e outras cobrarão por quilometro rodado. “Isso é uma informação que está sendo tratada com cada concessionária, mas traz uma nova lógica econômica. Também pode haver rodovias com variações de tarifa entre dia da semana e fim de semana”, diz Gazaffi.
Tecnologia por trás do free flow
Para viabilizar o projeto, são usados dois elementos principais: uma solução de identificação nos pórticos, que não é tão diferente da usada nas filas automáticas. “Uma estrutura de câmeras identifica a placa e a classificação do veículo e uma estrutura de antenas RFID identificam a tag. É uma estrutura de identificação de veículos e todo um sistema de backoffice de cobrança de tarifas”, resume Gazaffi.
Cleber complementa ao dizer que é utilizada na BR-101 a tecnologia não intrusiva. Ou seja, não há nenhum sensor no piso, tudo é feito por vídeo detecção de alta tecnologia. Por meio da câmara, é possível identificar a placa, tamanho do veículo, quantidade de eixos e eixos suspensos – uma vez que, no Brasil, a tarifa é contabilizada por eixo.
“Escolhemos essa tecnologia porque, se algo acontecer, não é necessário parar o trânsito. Nós conseguimos fazer toda a manutenção por cima (pelos pórticos), sem interferir na viagem do cliente”, frisa o executivo da CCR.
A segurança do sistema também foi pensada. De acordo com Gazaffi, a tecnologia primária é o RFID para as tags, mas não deixa de ser usada a leitura de placa como contingência. Se um cliente tiver algum problema na leitura da tag, a captura da placa é capaz de fazer a cobrança.
“A gente gosta muito do RFI ter a contingência, ainda que seja a tecnologia que mais se demonstrou segura no quesito de fraude. Ainda assim, há a preocupação da leitura da placa, em locais com baixa luminosidade ou neblina ou até fraude”, alerta ele.
O investimento total, explica Cleber, ainda está em aberto – mas é maior do que uma praça de pedágio comum. Segundo ele, há investimentos em pórtico, segurança patrimonial, sistema de back-office, entre outros.
Olhar para o futuro
As empresas de pagamento automático, comenta Gazaffi, não têm um número exato como meta, mas estão otimistas para aumentar sua cartela de clientes. “A dificuldade de compreender uma meta exata é que temos 70 concessionárias, muitas rodovias e estamos começando por um trecho específico. Até que se torne uma tecnologia universal, acreditamos que o crescimento será progressivo. Se o mercado cresce 10% ao ano, quando tivermos mais da metade das concessionárias adotando, é possível que tenha mais que o dobro do que hoje.”
Por parte da CCR, existe a possibilidade de incluir o free flow em alguns contratos que já estão escritos com a opção de executá-lo, mas ainda são necessários estudos de tráfego de rodovia e características viárias e geográficas. “Mas a CCR entende que é uma mudança importante e relevante para a jornada dos clientes e vai tentar incentivar.”
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