FinOps: os desafios e resultados no Grupo Boticário e Camil
Executivos confidencializam o que mudou nas empresas após o gerenciamento financeiro da nuvem
FinOps é uma disciplina de gerenciamento financeiro na cloud que visa maximizar o valor de negócios. Mas, além de sua denominação, o conceito traz desafios – que foram discutidos durante o AWS Summit, em São Paulo.
Claudia Seffrin, manager de FinOps do Grupo Boticário, conta que o movimento para criar a área de FinOps começou entre 2019 e 2020 junto com a jornada de migração para cloud. “Pensamos ‘quanto vai custar’, fizemos um plano e ali começou o engajamento com outras áreas de negócios. Era muito importante que a liderança estivesse alinhada.”
O engajamento dos colaboradores, diz ela, é uma jornada contínua. Ele não tem começo, meio e fim… tem começo, meio e desdobramentos. “Quando falamos da disciplina de FinOps, os desafios sempre mudam. Antes, tínhamos que explicar para o time de finanças o que era cloud, depois explicar para o time de infraestrutura sobre custos e depois para todas as áreas de negócios sobre como o custo acontecerá”, explica Claudia.
Em outro momento na jornada de FinOps, Pedro Dorico, CIO da Camil, explica que ao chegar na empresa, há três anos, a discussão sobre nuvem ainda era básica. Entretanto, por estar em um momento de expansão, a missão era que a empresa funcionasse e crescesse com escala, o que trouxe a cloud como única escolha.
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“Por ter esse processo de crescimento e ainda estarmos em aquisições, ainda não tenho uma estabilidade. As coisas mudam quando uma ativação começa, por exemplo. Ainda não estamos na fase de definir metas – são metas qualitativas para não deixar o ambiente parar, estar pronto para escalar nos próximos projetos”, explica ele. O executivo exemplifica as metas qualitativas ao dizer que nas últimas aquisições, as metas eram entregar as novas companhias operando em dois meses com todas as migrações.
“No Grupo Boticário temos um processo de KIPs com uma revisão de seis em seis meses para entender a estratégia da companhia e o que faremos para o próximo ciclo. Temos um KPI de redução de custo para FinOps. Falamos de custo de cloud e, junto disso, temos várias iniciativas para buscar essa eficiência. E não necessariamente de otimização, mas ferramental, de informações, engajamento, visibilidade, ensino, entre outros”, contrapõe Claudia.
O Grupo Boticário também tem outros indicadores, como modelo de compra para ter um determinado limite de on demand, quantidade de savings, métricas de custo por transição, custo por pedido. Além de alguns indicadores qualitativos, como a quantidade de pessoas treinadas em FinOps ou cloud.
Claudia também cita a importância do showback e chargeback na estrutura de FinOps. Para ela, uma das coisas mais interessantes é fazer a integração alinhando finanças e negócios, descentralizando o custo de cloud.
“Cada time sabe quanto custa, qual time que está usando, o que está usando. Tivemos que criar uma parte de centro de custos, fazer uma amarração contábil e financeira. Mas também não adianta fazer a parte contábil, tem que dar a visibilidade para as pessoas. É importante que todos tenham acesso”, comenta ela.
Na Camil, a discussão também vai para o mesmo caminho: quais serão as contas e quais linhas de custos ficarão associadas. “Estamos chamando o pessoal de controle financeiro e, ao invés de simplesmente tratar da conta que chega e repassá-la, estamos chamando para iniciar a discussão de como querem tratar para dentro da companhia a distribuição desses custos”, revela Pedro.
Por fim, Claudia diz que se pudesse voltar no tempo, teria estudado um pouco mais sobre a parte técnica. “Eu não tenho um backgroun técnico, não aprendi a programar desde o início da vida. Eu teria começado FinOps com programação.”
Sob outra perspectiva, “de lição aprendida, a tecnologia não é só tecnologia, está ligada a capacidade do negócio. Teríamos envolvido mais pessoas de negócios para que elas pudessem se aprofundar mais não só na tecnologia, mas como pode habilitar um controle melhor de gastos”, comenta Pedro.
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