Ex-CEO da Nest explica por que você nunca terminará de desenvolver a sua liderança

Marwan Fawaz reflete sobre a sua trajetória de sucesso e explica por que a liderança requer aprendizado contínuo

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6:00 pm - 06 de dezembro de 2019

Para Marwan Fawaz, consultor executivo do Google e da sua empresa-mãe, Alphabet, “a tecnologia é um facilitador de mudanças”. O ex-CEO da Nest, que fez a marca de casas inteligentes crescer e triplicar as receitas durante o seu mandato, vê a tecnologia como um meio de melhorar a vida de pessoas em todo o mundo. O executivo permanece focado na sua missão de criar ferramentas que “nos tornem mais produtivos, mais saudáveis, mais seguros, mais visíveis, melhor conectados” – e resiste ao impulso de implementar tecnologias apenas porque parecem legais.

Marwan reconhece que a jornada para se tornar um bom líder não acontece imediatamente. “Aprendi algumas lições difíceis”, recorda o executivo. De fato, as difíceis lições começaram cedo para Marwan, cuja vida teve início longe do Vale do Silício. Durante entrevista, Marwan, que anteriormente atuou como CEO da Motorola Home, compartilha os altos e baixos do seu caminho para Mountain View e as diretrizes que o ajudaram em sua trajetória.

1. O aprendizado acontece em qualquer lugar

Marwan nasceu e foi criado no Líbano como o menino mais novo de uma família de 10 filhos. Seu pai era um policial que permaneceu “altamente ético”, diz ele, em meio à corrupção generalizada na época. Embora lutasse para sustentar a sua grande família, o pai de Marwan achava importante ensinar aos filhos honestidade, trabalho duro e como criar as suas próprias oportunidades.”Essas são lições realmente importantes que não são ensinadas nas escolas”, diz o ex-CEO.

Enquanto seu pai estava trabalhando, a mãe de Marwan “conseguiu sobreviver em uma situação muito difícil”, relata. A família deles era pobre, mas ele e seus irmãos eram bem cuidados. “Apesar de a minha mãe nunca ter ido à escola, não saber escrever e ler, aprendi muito com ela. Eu a valorizo hoje mais do que nunca: ela era uma incrível multitarefa, incrível no gerenciamento de tempo e recursos.”

A Guerra Civil Libanesa estourou quando Marwan ainda era criança. Em 1979, quando tinha 15 anos, ele saiu de casa para escapar do conflito que crescia a cada dia. “Meus pais fizeram o possível para manter todos nós seguros”, afirma. “Mas eles nos incentivaram a sair e seguir nossos sonhos, oportunidades e segurança”. Marwan viajou para a Libéria, na África Ocidental, para se juntar a um irmão mais velho, que já havia se estabelecido por lá. Ele se matriculou em uma “escola secundária de expat”, frequentada principalmente por adolescentes americanos.

“Quando crescemos, falávamos principalmente árabe ou francês”, diz Marwan. “Eu não falava uma palavra em inglês até os 16 anos.” Depois de dois anos frequentando a escola durante o dia e aprendendo inglês à noite, ele obteve seu diploma e se concentrou na faculdade nos EUA. Marwan escolheu a California State University em Long Beach, onde estudou engenharia. Foi aí que o seu caminho começou a tomar forma, tanto no trabalho quanto no amor. Em Cal State, ele conheceu uma estudante de ciência da computação que mais tarde se tornou sua esposa. “Estamos casados ​​há 32 anos”, acrescenta o executivo.

2. As mudanças podem ser positivas

Foi em meados dos anos 80 – a era de Reagan, a iniciativa estratégica de defesa e Guerra nas Estrelas. Marwan ficou fascinado com os satélites de comunicação e Long Beach foi o centro de grandes empreiteiros de defesa recrutados na universidade. “Isso foi altamente influente na minha educação”, revela.

Marwan se especializou em engenharia de satélites, mas, quando se formou, descobriu que, sem a cidadania dos EUA, não poderia trabalhar no setor de defesa. “Qual foi a coisa mais próxima? TV a cabo”, comenta. “Decidi ficar na indústria de cabos por alguns anos até obter a minha cidadania.” Quando conseguiu, no entanto, o mundo havia mudado. “O muro [de Berlim] caiu, a União Soviética desmoronou e não havia mais IDE. Então fiquei na indústria de cabos.”

3. Gerenciamento é um novo conjunto de habilidades

Nos primeiros quatro ou cinco anos da sua carreira, Marwan era “apenas um engenheiro”. “Aprendendo, construindo coisas – você sabe, criando coisas. E eu gostei muito disso. Mas quando você tem sucesso, o próximo estágio é se tornar um gerente”, afirma. Nesse cenário, Marwan se viu pressionado para assumir uma posição de liderança para a qual não estava preparado.

“Eu conto essa história para os meus funcionários e pessoas para quem presto mentoria”, explica. “Eu falhei miseravelmente. Eu não sabia como gerenciar pessoas. Eu era o caçula dos engenheiros que foram promovidos. Então meus colegas se tornaram meus funcionários.” A sua equipe era mais velha e mais experiente – em “10 ou 15 anos”. Inicialmente, Marwan estava tentando ser “um engenheiro, não um gerente”.

Apesar disso, o executivo aprendeu rapidamente que não deveria fazer o mesmo trabalho que a sua equipe. “Meu papel é ajudá-los a fazer o trabalho deles, não fazer o trabalho com eles. Demorei um pouco para descobrir isso”, diz o executivo. “Desde o início, não hesitei em pedir ajuda de pessoas que estavam lá antes de mim. Esse é provavelmente o conselho de liderança mais valioso.”

4. A orientação é uma via de mão dupla

A orientação é uma parte vital da liderança, que Marwan vê como uma jornada que muda em diferentes estágios da sua carreira. “Você nunca termina de aprender como líder. Você está sempre tentando melhorar e ajustar, seja estilo, comunicação, motivação, pensamento estratégico. Os ambientes ficam diferentes a cada momento.” Para o executivo, é por isso que é importante ser orientado e orientar outras pessoas.

Marwan fala com carinho dos seus próprios mentores, incluindo o pioneiro da TV a cabo Jim Chiddix , que ele chama de “uma das estrelas brilhantes da indústria”. “20 anos depois, eu ainda lembro como ele demorou para me explicar as coisas.” Ele teve a sorte de contar também com o mentor do cofundador da Microsoft, Paul Allen. “Aprendi muito com Paul”, recorda. “Ele era um cara perfeito. Eu o vi tomar decisões difíceis sobre a maturidade de determinadas ideias. Algumas foram extremamente bem-sucedidas. Outras ele recuava porque a tecnologia não havia evoluído rápido o suficiente.”

Segundo Marwan, essa foi uma lição valiosa. “Como avaliar o momento de trazer ideias ao mercado … como usar a tecnologia para fornecer algo que as pessoas desejam e precisam.” Hoje, Marwan está feliz em compartilhar as suas experiências com líderes mais jovens. “Temos enormes deficiências na liderança feminina na indústria de cabos”, acrescenta. “Então, eu passei muito tempo defendendo isso.”

Em 2008, o executivo foi homenageado como “Mentor do Ano” por um grupo de mulheres da Cable Telecommunications. “Eu não estava fazendo isso apenas para receber o prêmio”, diz Marwan. “Eu estava fazendo, porque era a coisa certa a se fazer.” Um bom mentor ajuda a criar “melhores ambientes e oportunidades” para os mentorados. “Incentive-os a procurar as coisas de maneira diferente da sua.”

5. Tecnologia como missão

“Criamos tecnologia – do fogo, ao armamento à inteligência artificial”, afirma o executivo. “Temos recursos limitados neste planeta e capacidade limitada para maximizá-los e otimizá-los.” “Os desafios das mudanças climáticas, por exemplo, não se limitam à conservação e energia renovável. Precisamos inovar e criar npvas maneiras de reagir às novas realidades”, explica.

Para Marwan, os líderes da tecnologia têm um papel específico a desempenhar. “Precisamos estar na frente, ajudando as pessoas a entender por que é importante seguir em frente como espécie – para a nossa sobrevivência. Desenvolvendo e maximizando o que temos. E a tecnologia é o caminho para fazer isso.”

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