Ensino técnico como base da construção de uma carreira em tecnologia

Tânia Cosentino, presidente da Microsoft Brasil, fala do ensino técnico enquanto fonte de renda e porta de entrada para a TI

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10:09 pm - 28 de setembro de 2021
tania cosentino, microsoft brasil Tânia Cosentino, presidente da Microsoft Brasil. Foto: Divulgação

A inserção de jovens no mercado de trabalho sempre foi um importante desafio para a economia do país. Nesse momento singular que estamos vivenciando, com uma pandemia que vem se alongando mais do que esperávamos, torna-se ainda mais urgente a qualificação e requalificação dos brasileiros para acelerarmos a recuperação econômica. E, para isso, a formação técnica cumpre um importante papel nessa equação, impulsionando a transformação social e ajudando a diminuir os índices de desemprego.

De acordo com a Pesquisa de Acompanhamento de Egressos do SENAI, painel 2017-2019, 86,4% dos alunos que se formaram em cursos técnicos na área de Tecnologia da Informação encontraram emprego durante ou após a realização do curso técnico. O último Censo Escolar do Inep/MEC, de 2020, contabilizou um aumento de 29,5% nas matrículas do Ensino Médio integradas à educação profissional nos últimos cinco anos, passando de 531.843, em 2016, para 688.689, em 2020.

Além de capacitar e empoderar jovens em busca de uma profissão e fonte de renda, esse tipo de formação tem tudo para ser o começo de uma trajetória de sucesso. Eu, por exemplo, sou engenheira elétrica de formação, mas comecei a trabalhar muito antes disso, aos 16 anos, e fui levada ao mercado justamente pelo ensino técnico.

Cursando Eletrotécnica na Escola Técnica Federal de São Paulo (Instituto Federal de Educação de São Paulo), pude conhecer mais a fundo o setor e, ao concluir minha formação na faculdade, já acumulava dez anos de experiência trabalhando na área. E foi graças a minha independência financeira, conquistada por meio do curso técnico, que pude financiar minha formação superior. Além disso, fui capaz de desenvolver algumas das competências que hoje chamamos de soft skills muito cedo, algo excelente do ponto de vista de formação profissional.

Hoje no Brasil enfrentamos o desafio de ampliar o número de profissionais especializados na área de tecnologia e esse é um tema que chama muito a minha atenção, justamente pelo meu histórico profissional que comentei há pouco, e pelas inúmeras oportunidades que o setor oferece e estão deixando de ser aproveitadas por conta desse gap de mão de obra.

Segundo relatório de 2018 da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), a procura por profissionais na área de TI será de 420 mil pessoas, até 2024, no país. O Brasil forma hoje 46 mil pessoas com perfil tecnológico por ano, mas seriam necessárias 70 mil para atingir a demanda do mercado.

A aceleração da transformação digital das empresas somente aumentou a demanda por profissionais especializados. E nessa frente também é importante reforçar a necessidade de atrairmos mais jovens para a área de exatas, sobretudo mais mulheres (somos 15% dos profissionais de TI).

Na Microsoft temos uma longa trajetória em incentivar a capacitação de mão de obra. Estabelecemos parcerias com escolas técnicas, universidades, Centros de Capacitação Tecnológica como SESI e SENAI. Além disso, lançamos em parceria com a comunidade de tecnologia WoMakersCode, a plataforma digital MaisMulheres.Tech, com o objetivo capacitar 100 mil mulheres em todo Brasil até novembro desse ano.

Também nos unimos ao Programa Minha Chance, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo (SDE) em parceria com o Centro Paula Souza (CPS) para oferecer 1,2 mil vagas gratuitas em trilhas de ensino em fundamentos do Microsoft Computação em Nuvem (AZ-900) e Fundamentos de Inteligência Artificial (AI-900). Lançamos em parceria com o LinkedIn Learning, uma plataforma de cursos gratuitos baseados nas competências que o LinkedIn identificou como as mais procuradas neste momento. São 9 trilhas de aprendizagem com cursos gratuitos que serão oferecidos até o final do ano.

Isso sem falar da nossa parceria com a Escola do Trabalhador 4.0, uma plataforma de e-learning totalmente gratuita desenvolvida pela Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia (SEPEC/ME), que inclui cursos da Microsoft por meio da ferramenta Microsoft Community Training – Comunidade Microsoft de Treinamento, com a capacidade de atender até 5.5 milhões de candidatos a emprego até 2023.

O ensino técnico comemora em 2021, 112 anos de existência e de impacto social no país. Essa importante formação, além de empregar e capacitar, tem tudo para funcionar como a base da construção de uma carreira de sucesso, principalmente nesse momento em que a transformação dos empregos é certa e o impacto da adoção de novas tecnologias, sobretudo a Inteligência Artificial (IA), se tornou ainda mais evidente.

O desafio de preparar a força de trabalho é enorme e o curso técnico é uma ferramenta fundamental para construirmos a base de uma trajetória profissional de sucesso e ampliarmos a inserção de mão de obra qualificada no mercado de trabalho, impulsionando o desenvolvimento econômico do nosso país.

* Tânia Cosentino é presidente da Microsoft Brasil

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