Enquanto TIM anuncia participação, pequenos provedores criticam edital do 5G

Iniciativa 5G Brasil, que reúne ISPs, diz que texto privilegia participação de grandes teles em detrimento de empresas regionais

Author Photo
1:16 pm - 27 de setembro de 2021
5G, cidade Imagem: Shutterstock

A operadora de origem italiana TIM anunciou na sexta-feira (24), poucas horas depois de o conselho da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aprovar o edital que regra o leilão do 5G, a intenção formal de participar do processo. O conselho de administração da empresa aprovou o movimento por unanimidade, e a empresa deve fazer lances no próximo dia 4 de novembro.

“O 5G provocará uma revolução em diversos setores e representa uma enorme oportunidade para o desenvolvimento do Brasil. Também será um catalizador para o surgimentos de novas soluções em tecnologia, trazendo uma série de benefícios para a indústria, sendo o mais relevante a habilitação do IoT de forma massiva, de altíssima velocidade e soluções de baixa latência”, disse em comunicado Pietro Labriola, CEO da TIM Brasil, sem entrar em detalhes sobre que faixas de frequência a empresa pretende concorrer.

Leia também: Conexões 5G no mundo saltam 41% no segundo trimestre

A empresa faz experiências com a quinta geração de redes móveis no Brasil desde 2019, com a criação de laboratórios e projetos piloto.

As outras grandes operadoras – incluindo a Vivo, da espanhola Telefónica, e Claro, da mexicana América Móvil, além da brasileira Oi – não fizeram qualquer declaração até o fechamento desse texto. No entanto os provedores regionais de internet brasileiros, os ISPs, cuja participação no leilão também é prevista, fizeram duras críticas ao texto, dizendo em resumo que ele privilegia a participação de grandes empresas em detrimento das pequenas.

ISPs e concorrência

O consórcio de provedores regionais de internet, chamado Iniciativa 5G Brasil, formado justamente para a participação no leilão do 5G, disse em comunicado nessa segunda (27) que “lamenta” a aprovação do edital por parte da Anatel. Segundo a entidade, o texto é repleto “de inconsistências técnicas e sem os ajustes significativos e necessários para a democratização da implantação da rede em todo o país e a participação de empresas provedoras de internet brasileiras”.

Segundo a Iniciativa, o texto aprovado coloca as operadoras de grande porte em vantagem, já que elas já contam com operações de redes móveis em funcionamento e o texto não busca equalizar as condições competitivas para os ISPs, que atualmente operam apenas redes fixas. A entidade diz que isso “comprometerá não apenas os provedores regionais, mas também o agronegócio e moradores de mais de 5,5 mil municípios brasileiros – 95% do total”.

Segundo a entidade, a falta de novos entrantes prejudica a concorrência e o ritmo de implantação do 5G em regiões distantes dos grandes centros.

Entre os pleitos defendidos pela Iniciativa estão a aglutinação das faixas de 700 MHz e de 3,5 GHz, o que melhoraria a viabilidade comercial das redes para os pequenos e não foi sequer pautada pelo conselho da Anatel. A garantia do roll out (permissão para implementação da rede também no sentido interior capital, e não somente o oposto) também foi vetado.

“A Iniciativa 5G Brasil considera que a pressa para aprovação do edital – apesar de todo o esforço de técnicos e conselheiros da agência para a sua célere aprovação – impediu o acerto de detalhes importantes, que serviriam como garantia para a democratização da tecnologia no país”, escreve a entidade.

Newsletter de tecnologia para você

Os melhores conteúdos do IT Forum na sua caixa de entrada.