Educação será chave em transformação digital no México

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10:15 am - 16 de junho de 2017

Quando se fala em adoção de tecnologias emergentes na América Latina, Brasil e México são os países que costumam liderar o processo, seguidos por Colômbia, Chile e Argentina. Juntos, esses mercados chegam a quase 90% dos investimentos em TI realizados na região. Ainda assim, culturas diferentes, ambientes econômicos e concorrenciais distintos, entre outros pontos, fazem com que temas como transformação digital adquira nuances e estágios diferentes em cada um desses locais. Recentemente em visita ao México, o IT Forum 365 conversou com exclusividade com presidentes de três subsidiárias locais: IBM, Algar Tech e BMC. Todos foram enfáticos em enaltecer as oportunidades existentes, mas lembraram de barreiras como educação e momento econômico.

Dos três entrevistados, dois são brasileiros e circulam pela região já há alguns anos, o que os dá a possibilidade de avaliar e comparar cenários. Entendem, por exemplo, que em várias frentes o Brasil avançou mais pelo fato de ser uma sociedade mais aberta ao novo. Já na Colômbia, o estímulo do governo em posicionar o país como um hub de tecnologia e inovação tem causado grandes mudanças positivas. Mas falando de México, assunto principal da conversa, o discurso da indústria é cada vez mais aceito e alguns setores como financeiro, varejo e governo de certa forma lideram a adoção prática de tecnologias emergentes.

De acordo com o presidente da Algar Tech para América Latina, Carlos Maurício, a empresa tem apostado fortemente no México, onde chegou para atender clientes brasileiros com operações em solo mexicano e, por isso mesmo, se estruturam para chegar por lá com o portfólio mais completo possível. Apenas no centro localizado na cidade de Guadalajara são 60 especialistas. “Diferente de outros países da região, viemos para cá com tudo e com muito foco em transformação digital, já que existe muita oportunidade para apoiar as companhias mexicanas em redução de custo, em melhorar a experiência digital e na digitalização de seus processos.”

Nenhum grande negócio em digital com cliente mexicano foi selado a ponto de poder ser divulgado, mas Maurício entende que o sentimento é bastante positivo, principalmente pela receptividade que tem tido nas conversas com executivos de empresas de diversos setores. “Em todas as companhias que chegamos para uma conversa, fomos ouvidos, desde bancos, passando por varejo, agronegócios. E o resultado do ponto de vista de aceitação está muito alto, inclusive com bancos.”

Outro brasileiro erradicado no México, Antonio Martins preside a operação local da IBM. E logo no início de nossa conversa ele foi enfático ao resumir a estratégia da fabricante naquele país: “Nosso core é liderar a agenda de transformação digital no México para os principais clientes e, dentro dessa estratégia, incluem-se componentes importantes como arquitetura de dados e smart process.” Para o executivo, os clientes da companhia que iniciaram a jornada rumo ao digital têm uma visão cada vez mais clara das coisas, muito pelo avanço da plataforma de computação cognitiva ofertada pela própria fabricante. “E essa transformação está associada a diversos componentes, não é apenas mobilidade ou Watson. Falamos da transformação de uma indústria por completo por meio da renovação tecnológica”, assinala.

Essa transformação completa a qual se refere Martins envolve revisitação de processos, cultura, front e back-office, interações com clientes, entre outros pontos. E na visão dele a preocupação das empresas de maneira geral na América Latina é bastante parecida. Ele acredita que as companhias entenderam os ganhos de melhora na experiência do cliente, nos aumentos de eficiência e de receita. Contudo, reforça que os calendários de implantação se distinguem entre países e indústrias por diferenças no grau de maturidade de TI.

“No México conversamos com todas as indústrias. Obviamente bancos, varejo e telecom são intensivas em pessoas, processos e tecnologias e, por isso, a transformação vem mais forte que em outras”, comenta, ao ressaltar em meio ao mundo de oportunidades do mercado mexicano um dos grandes desafios que ele enxerga: “A questão de talentos segue como uma barreira para liderarmos essa transformação. É um desafio para nós e também para nossos clientes; eles estão cientes disso, assim como entendem questões culturais como algo a ser trabalhado também quando se fala de transformação digital.”

Quando o assunto é desafio a ser enfrentado, Ricardo Wolff, presidente da BMC México, acompanha Martins, da IBM. Ele entende que é preciso um grande esforço de educação para que as coisas caminhem no país de maneira mais ágil. “Estamos caminhando a passos lentos no México. Se fossemos analisar como uma pirâmide, te diria que a parte de cima claramente vai muito mais avançada que a parte de baixo. O governo se deu conta dos benefícios digitais para os serviços aos cidadãos e, para isso, tem investido bastante em plataformas para uma migração rumo ao digital. No âmbito privado, as empresas AAA estão indo igualmente investindo, diferente das PMEs.”

Wolff acredita que seria necessário desenvolver uma maneira mais simples de disseminar esse tipo de conhecimento, apresentando todos os benefícios e facilidades advindos do mundo digital, para, então, acelerar uma eventual migração de empresas para a era digital. “Vamos avançando, mas sem a velocidade que gostaríamos. A educação é algo essencial. Bancos, telecom, varejo e governo estão investimento forte para cumprir com essa jornada. Depois temos algo em saúde e manufatura, principalmente pela necessidade de baixar os custos. Mas o caminho ainda será longo.”

 

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