Dia do Programador: 3 histórias para você se inspirar
IT Forum conversou com três programadores que dividiram a sua trajetória dentro da tecnologia
O Dia do Programador é comemorado hoje, 13 de setembro. A carreira, que pode ser responsável pela mudança de vida de muitas pessoas, ainda pede que novos profissionais sejam capacitados, assim como em outras áreas de tecnologia.
Uma pesquisa do Google revelou que o Brasil terá um déficit de 530 mil profissionais de TI até 2025. Além disso, o relatório, produzido em parceria com a Associação Brasileira de Startups (Abstartups), mostrou que, anualmente, 53 mil profissionais irão se formar entre 2021 e 2025.
Para inspirar aqueles que estão começando a sua jornada com o foco em desenvolvimento, conversamos com três apaixonados profissionais da área:
Celso Sato, CEO da Accestage
O primeiro emprego de Celso Sato, CEO da Accestage, foi como estagiário no McDonald’s, como programador. Formado em Ciências da Programação, Sato nasceu em uma pequena cidade no interior de São Paulo, chamada Guaraçaí e teve uma infância simples, mas rica em cuidados e dedicação de seus pais: um sapateiro e uma dona de casa, ambos filhos de imigrantes japoneses.
Dois anos depois do McDonald’s, ingressou no Banco de Boston e foi aí que surgiu seu interesse pelo setor financeiro. Sete anos depois assumiu uma posição na área comercial da Tech Interchange, empresa que desenvolvia soluções de tecnologia para o setor financeiro.
Dando um salto no tempo, em 2001 investiu na Maxlog, uma startup na área de logística e, ao tentar negociar a venda da empresa para a Mitsubishi, conheceu os sócios e os projetos para a criação da Accestage, empresa em que hoje ele é CEO.
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Era uma decisão difícil. Naquela época ele estava com duas opções. Assumir uma posição de diretor na Vale, a qual havia sido convidado, ou assumir o risco de entrar em uma empresa nova, que, apesar de ter o apoio e a participação da Mitsubishi, ainda estaria começando suas atividades, sem nenhuma garantia. Para apimentar ainda mais a decisão, o momento de vida exigia uma certa estabilidade. Recém-casado, Sato estava com a esposa grávida do primeiro filho.
Em toda a sua carreira, de mais de 30 anos, Sato arrisca a dizer que grande parcela dos empreendedores, hoje, são pessoas que conhecem profundamente tecnologia. “Tem muita gente de tecnologia com a cabeça bem aberta, pensando e inconformado com o processo atual e tentando dar uma solução melhor para a sociedade. A tecnologia evoluiu de forma exponencial, só que a aplicação da tecnologia para que a sociedade tenha benefícios, ainda não. Isso gera um espaço”, comenta Sato.
Como um fã da tecnologia, o CEO da Accestage tenta influenciar aqueles que têm aptidão a seguir a carreira na área. “Existem muitas áreas de tecnologia, como programação, Inteligência Artificial, ciência de dados, arquitetura, nuvem, DevOps, cibersegurança. Temos inúmeras ramificações e cada dia surge uma nova”, comemora.
E, qual delas escolher? Para ele, o mais importante é entrar na “tribo da tecnologia” para começar a conhecer e estudar. “O importante é se apaixonar e se envolver com a tecnologia e você verá que não tem fim.”
Taimara Liz, analista de engenharia de TI
Taimara Liz é mineira e começou a sua carreira em Administração em uma Universidade em Salvador – onde teve o primeiro contato com a criação de sites. Nesse momento, ela decidiu que queria fazer um aplicativo em que fosse possível divulgar trabalhos da área da saúde de pessoas negras. “Porque todas às vezes que eu precisava ir às redes sociais para perguntar se alguém pudesse indicar uma dermatologista negra ou que fosse especialista em peles negras. Psicólogo também cheguei a pesquisar”, exemplifica ela.
A programadora começou a frequentar as aulas no curso de Desenvolvimento de Sistemas, mas outro incômodo aconteceu. Os alunos, em sua maioria, eram homens, brancos e cisgênero. “Eu fiquei intrigada, falei um pouco do meu projeto que eu queria desenvolver, mas ninguém teve interesse. Comecei então a tentar descobrir outros meios.”
Ela decidiu, então, se aventurar em São Paulo. Fez alguns cursos básicos de lógica de programação e, pelo LinkedIn, descobriu a MCIO. Foi nessa época que ela participou do processo seletivo no Itaú para um bootcamp para mulheres.
“Eu fiz minha inscrição e entrei no Itaú, completamente perdida. Pensei ‘que mundo é esse de tecnologia?’. Eu era totalmente distante do mundo de tecnologia. No meio disso começaram as mentorias individuais pela MCIO. Nesse processo de muita confusão, de entrar em uma empresa tão grande, de entender como colocar a mão na massa, sendo que eu tinha estudado por volta de dois meses tecnologia”, conta ela.
Taimara atua há dois anos no Itaú, trabalhando com desenvolvimento de sistemas, backend, Phyton, Java. E um de seus melhores conselhos para outras mulheres que querem começar a trabalhar com tecnologia, é confiar, acreditar e tentar construir redes. “Participar de bootcamp, participar de encontros, seguir pessoas no LinkedIn e as informações vão chegando, vão sendo cruzadas na plataforma.”
“Tudo se constrói com networking. Conforme estejamos muito no ambiente virtual, é importante que a gente crie essa rede. E acreditar e não parar!”, finaliza Taimara.
Fábio Santos, CTO da Orçafascio
No início da sua carreira, entre 2008 e 2010, Fábio Santos teve o grande desafio da falta de acesso à informação. “As pessoas em Macapá não tinham acesso a cursos bons e bons professores. Então, quando eu fui trabalhar com desenvolvimento, tive o apoio de um primo que foi uma espécie de tutor por uns dois meses, depois eu fui aprendendo sozinho, contando com a ajuda de outros desenvolvedores”, contou ao IT Forum.
Segundo ele, por conta da escassez de informações na época, a comunidade dos programadores/desenvolvedores se apoiava muito. “Eu trabalhei na empresa do meu primo e depois saí para trabalhar na Secretaria de Administração do Estado do Amapá para desenvolver um portal. Lá, encontrei outros programadores e nós dávamos apoio uns aos outros. Mas muita coisa que aprendi foi na prática, pela falta de informação acessível”, pondera Santos.
Em seguida, ele foi convidado para participar do projeto da OrçaFascio. No início, confidencializa ele, não foi fácil. A internet era ruim em Macapá e, para colocar a empresa no ar, eles não conseguiam subir um banco de dados de 22 mb no ar. Então, Antonio Fascio, seu sócio, foi à uma lan house em Belém para subir os dados. Então, começou assim: desenvolver um software web sem ter uma internet decente, sem ter gente para ajudar e sem ter acesso a bons cursos.
“Hoje os desafios são outros: questões de equipe, como lidar com os interesses dos setores da empresa, como fazer o desenvolvimento trabalhar em prol da empresa, como atender as necessidades de uma massa de clientes, já que hoje temos um pouco mais de 6 mil clientes. Tudo que a gente faz no sistema tem um impacto grande, então gerenciar vários sistemas ao mesmo tempo envolve esses desafios”, explica o CTO.
Para quem está começando, Santos diz que, ainda que os primeiros desenvolvimentos não estejam sendo feitos da melhor forma, é preciso aprender com os erros. “No começo, eu não estava muito preocupado em fazer da melhor maneira, mas algo que fizesse sentido. Então eu estava nessa ‘escola de responsabilidade’, de fazer algo que está funcionando e vai para o ar. Isso te faz aprender muito rápido.”
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