Maioria dos conselhos executivos ainda ignora pautas climáticas, diz IBGC
Membros entrevistados por estudo entendem implicações das mudanças climáticas, porém poucos definem objetivos claros para contribuir com tema
A questão climática ainda pouco ocupa a pauta dos conselhos executivos, identificou a segunda edição do estudo “Board scorecard: a atuação dos conselhos frente aos impactos climáticos e à estratégia net zero”, realizado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), em parceria com o Chapter Zero Brazil. O relatório ouviu 107 executivos, dentre eles estão conselheiros de administração (43,0%), conselheiros consultivos (21,5%), conselheiros fiscais (4,7%) e diretores-executivos (30,8%).
Para 55,1% dos respondentes, os membros do conselho entendem as implicações das mudanças climáticas. Porém, apenas 39,3% sinalizaram ser uma prática pautar a questão climática pelo menos quatro vezes ao ano na agenda do colegiado, tendo objetivos claros para a discussão, além de dados e informações robustos.
Já para 47,6% dos entrevistados, os comitês de assessoramento ao conselho não levam em consideração as mudanças climáticas em suas discussões. Enquanto que para 39,2%, não há clareza sobre a responsabilidade do conselho e da equipe executiva pelas decisões de redução de emissões de gases de efeito estufa. Ademais, 37,4% sinalizaram que o CEO, o presidente e os membros do conselho de administração ou consultivo não comunicam e divulgam para os funcionários e executivos a importância de se cumprir a meta climática estabelecida para a organização.
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O fato da pauta ainda não assumir tanta relevância nas agendas dos conselhos se relaciona com a descoberta de que 69,1% dos entrevistados revelam que as metas relacionadas ao clima não são incorporadas aos incentivos e à remuneração dos executivos de maneira significativa e mensurável. Para 36,4% dos respondentes, a questão climática não integra a avaliação de riscos e oportunidades e escopo central dos negócios, enquanto 48,6% apontam que o conselho não analisou a estratégia da empresa considerando pelo menos dois cenários de mudanças climáticas.
O estudo do IBCG aponta ainda que, segundo 50,5% dos entrevistados, o conselho não estabeleceu a meta net zero para a emissão de gases de efeito estufa, nem está alinhado ao compromisso de atingir a meta de limitar o aumento da temperatura global a 1,5 grau Celsius. O percentual foi o mesmo para as respostas sobre medidas de curto e de médio prazo para a redução das emissões. Para 53,3%, o colegiado não considera a questão climática nas decisões de investimento, nem faz uso de uma ferramenta de quantificação, como a de precificação de carbono.
Os impactos da transição net zero nas operações também não é avaliado nas empresas, segundo 51,4% dos respondentes, tampouco as decisões de investimento, considerando os escopos 1 e 2 estabelecidos pelo GHG Protocol (pacote de padrões, orientações, ferramentas e treinamentos para que empresas e governos mensurem e gerenciem as emissões antropogênicas responsáveis pelo aquecimento global); 54,2% dos respondentes sinalizaram que a empresa não entende suas emissões enquadradas no escopo 3.
O relatório ainda destaca que 49,6% dos entrevistados relatam que a empresa não divulga sua ambição climática, planos de ação e o progresso de suas ações baseando-se em métodos e métricas científicas.
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