Como a falta de infra de TI e cultura estão impactando a adoção de trabalho híbrido

Muitos gestores se preocuparam em viabilizar trabalho em casa, mas não pensaram em preparar suas infraestruturas para o futuro

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5:25 pm - 03 de outubro de 2022

Já se tornou clichê dizer que a forma como trabalhávamos no formato 100% presencial, no escritório, nunca mais será a mesma. O modelo de trabalho em casa, ou home office, sem dúvidas ganhou muitos adeptos em pouco tempo, naquele tão distante mês de março de 2020, quando a pandemia do coronavírus foi anunciada em todo o mundo.

Um levantamento da Robert Half, especializada em RH, com 1.611 funcionários brasileiros, mostra que 39% não querem mais o modelo de trabalho totalmente presencial. Já no outro lado, 57% dos recrutadores das áreas de RH do país, acreditam que no futuro as empresas devem adotar o híbrido, ao invés de somente presencial ou home office.

Mas fica a pergunta: será que a infraestrutura de TI das empresas está preparada para atender a essa nova forma de trabalhar? A resposta é: a maioria não.

Nesses últimos meses, muitos gestores se preocuparam em viabilizar o trabalho em casa com urgência, mas não pensaram em preparar suas infraestruturas para o futuro e para atender ao modelo híbrido de trabalho. Sendo assim, faltou definir quais serão as soluções de Colaboração e Comunicação que serão empregadas na rotina do negócio a partir de agora para garantir a comunicação e o engajamento entre os times que estão parte em casa e parte no escritório.

O que as companhias precisam é de plataformas completas que incluam, por exemplo: repositório de dados, Customer Relantionship Management (CRM) para registro do que foi falado, troca de arquivos em diversos formatos (textos, imagens, vídeos), além, claro, da capacidade de prover encontros em tempo real entre pessoas em diferentes lugares, com qualidade, segurança e alta performance.

Oficializar ferramentas de versões corporativas ou públicas para uso dos funcionários também é uma boa opção, pois ajuda a manter o controle sobre o compartilhamento de dados, uma vez que o ambiente pode ser monitorado pelos times de TI. Se não houver essa definição, não é possível saber por onde as informações estão sendo compartilhadas. E preste atenção na hora da escolha, pois não adianta investir em soluções que possibilitem apenas reuniões remotas, pois o trabalho híbrido exige muito mais do que isso.

A segurança da informação é outro ponto importante que precisa ser levado em consideração. Ela precisa estar no centro das estratégias de negócios, uma vez que as ferramentas de mensagens, como WhatsApp ou Telegram, passam a fazer parte do dia a dia corporativo. Afinal, não se pode impedir que as pessoas tragam e utilizem seus dispositivos, como smartphones, no trabalho. Nesse sentido, é preciso criar regras e implantar tecnologias capazes de proteger dados críticos, como informações de clientes e fornecedores. Até mesmo o compartilhamento de dados via e-mail pode ser restringido para determinadas pessoas ou até com regras sobre horários de envio.

Resolvidas essas questões, chega a hora de pensar num ponto bastante relevante: a cultura. A conscientização dos colaboradores, que passam a ser usuários de tecnologia, e da aplicação de ferramentas e processos capazes de blindar os dados da empresa, deve ser uma premissa para quem quer garantir a segurança das informações.

Ainda falando em cultura, também é preciso deixar mais claro os benefícios do formato híbrido. Uma empresa com uma forte cultura voltada à conscientização, educação e reconhecimento das pessoas, não teme a perda de produtividade e qualidade de suas equipes de onde quer que elas estejam trabalhando, ao mesmo tempo em que tem confiança suficiente para permitir o uso de sistemas, soluções e mesmo apps de comunicação. Mas, grande parte dos Recursos Humanos não coloca em prática esse tipo de cultura, o que dificulta a adoção desse novo jeito de trabalhar.

É preciso eliminar o pensamento de que o trabalho híbrido irá acabar com o contato humano. Muito pelo contrário! Esse conceito visa explorar o que há de melhor nos dois mundos: a facilidade do presencial e a comodidade do remoto. Com isso, passamos a dar mais valor aos encontros presenciais, ao mesmo tempo em que procuramos otimizar as oportunidades de reunir as pessoas no mesmo lugar. Já do lado remoto, aproveitar o tempo que seria gasto no trânsito entre casa e escritório para passar mais tempo com a família, ou alinhar reuniões com colegas ou clientes que se encontram muito longe geograficamente, com mais frequência do que antes, o que traz muito mais qualidade de vida, gerando um impacto direto na produtividade.

É fato que o híbrido veio para ficar e, para que a tecnologia não se vire contra os objetivos da sua empresa e a exponha a riscos desnecessários, é preciso colocar a TI cada vez mais no centro das estratégias de negócios. Dessa forma, se cria uma cultura interna muito mais alinhada com questões de produtividade e segurança que farão a diferença para você de destacar da concorrência hoje e no futuro.

* Cesar Schmitzhaus é diretor de tecnologia e inovação da Teltec Solutions

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