Com pandemia, uso de carros de aplicativo cresce entre mais pobres

Aumento da modalidade foi de 75% entre pessoas de baixo poder aquisitivo. Já corridas feitas por mais ricos caíram 54%, segundo a 99

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4:29 pm - 29 de março de 2021

Desde o início da pandemia, o perfil dos passageiros que utilizam aplicativos de transporte mudou. O volume de corridas em carros realizadas pela parcela mais pobre da sociedade aumentou 36%, enquanto o número de corridas entre a parcela mais rica caiu quase pela metade, 41%. É o que aponta um levantamento da 99, considerando dados no período entre fevereiro de 2020 e o mesmo mês desse ano.

Foi comparado o número de corridas realizadas em fevereiro de 2020 – quando ainda não havia pandemia no país – com o realizado em fevereiro deste ano. Para a análise, foram separadas quatro faixas de renda, seguindo as definições do IBGE, e analisados dados de seis capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre.

Em São Paulo é que essa mudança fica mais evidente: a população que recebe até dois salários-mínimos passou a utilizar 75% mais os carros por aplicativo no período. Enquanto isso, a população paulistana que recebe acima de cinco salários-mínimos faz hoje 54% menos corridas por aplicativo.

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Nacionalmente, a frequência de uso entre os de menor renda cresceu sete pontos percentuais no aplicativo, ao passo que os de maior poder aquisitivo registram atualmente uma queda de 13,5 pontos percentuais em viagens por app. Os dados apontam que a faixa com menor renda está recorrendo cada vez mais aos carros por aplicativo como alternativa para sair de casa durante a pandemia, enquanto a parcela mais rica passou a utilizar menos a modalidade.

Razões da mudança

“A constatação desse levantamento é reflexo da desigualdade que a pandemia escancarou no Brasil. Pessoas que ganham menos não puderam manter o home office e o isolamento social, pois precisam sair de casa para trabalhar”, diz em comunicado Lívia Pozzi, diretora de operações da 99. Para ela, caixas de supermercados, diaristas, porteiros ou atendentes em lojas, por exemplo, são profissionais que não puderam ficar em casa e, para mitigar riscos, optaram pelo carro de aplicativo ao invés do transporte público lotado.

Outra pesquisa da 99, divulgada em 2020 e feita nas periferias de grandes cidades do país, apontou que 20% dos entrevistados não puderam fazer o isolamento e precisaram trabalhar todos os dias, enquanto 32% fizeram apenas de 1 a 3 meses de isolamento. E a escolha do transporte usado para sair de casa no período ganhou relevância: em São Paulo, 46% dos entrevistados levam em consideração o risco de contágio no transporte.

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