Com maturidade de nuvem, governança de custos passa a ser prioridade

Em debate durante o IT Forum Trancoso, Dasa, Itaú e Queiroz Galvão discutiram estratégias para enfrentar os custos da migração de nuvem

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12:20 pm - 25 de abril de 2022

A maturidade de nuvem já vem se tornando uma realidade entre empresas brasileiras. Depois de um longo período de testes e migrações pontuais, ambientes mais complexos – e até mesmo de missão crítica – já estão rodando em infraestruturas de nuvem. Agora a hora é de prestar atenção em outro aspecto da nuvem: os custos. Essa foi a conclusão dos participantes o painel ‘Jornada para nuvem: a vez dos workloads complexos’, realizado durante o IT Forum Trancoso.

Dados da pesquisa ‘Antes da TI, a Estratégia 2022’, realizada pela IT Mídia, corroboram a percepção dos líderes. Dos três desafios da TI apontados por CIOs e líderes de tecnologia participantes do estudo, dois têm relação com custos: “falta de previsão de custos” e “flutuação cambial” foram apontados por 40% dos participantes como um impeditivo para a migração de nuvem. “Como todas as ofertas são dolarizadas, isso acaba impactando bastante na confiança”, disse Pedro Hagge, gerente de estudos da IT Mídia.

Danilo Zimmermann, CIO e CDO da Dasa, rede de saúde integrada, deu voz a essa preocupação. A estratégia de nuvem, pontuou, precisa contar com um “alinhamento muito grande” com a área financeira, já que significa uma troca de despesas de capital por despesas operacionais. Em um cenário de liquidez alta, essa relação tende a ser tranquila, mas pode criar dificuldades em situações em que iniciativas de nuvem precisem ser recolhidas.

“O receito agora é a governança”, disse Zimmermann. “Acho que todo mundo teve um receito desgradável de colocar algo para rodar [em nuvem] e ver a conta explodir. Montar um modelo de governança que seja consistente é essencial. Eu acho que podemos e devemos colocar workloads críticos na nuvem, mas o cuidado é desenhar uma estratégia que seja consistente para não precisar ficar indo e voltando. Alinhada à estratégia da empresa”, concluiu o executivo.

Em uma jornada de transformação digital que já dura seis anos, o Itaú Unibanco, maior banco privado do País, também tem se atentado para os custos que a migração para a nuvem tem trazido para a instituição. Na jornada, contou Fabio Napoli, CTO e diretor de TI da instituição, o Itaú deve chegar até o final deste ano com 100% de integração entre negócio e tecnologia, uma decisão de gestão que também tem a governança de custos de tecnologia como estratégia.

“A gente não deixa de ter os KPIs de tecnologia, mas passa a olhar as OKRs de negócio e, o negócio, a olhar as OKRs de tecnologia”, explicou. “Na questão de custos, essa turma que tá na ponta, responsável pelo negócio, também está responsável pelos custos da tecnologia. Nesse modelo integrado, a gente entende que a tecnologia passa a ser uma área de negócios”.
Paralelamente, Napoli aponta que a governança de custos deve começar desde o fechamento do contrato. É importante, ele pontuou, que qualquer companhia deixe claro para o fornecedor de nuvem quais são “bolhas” de custo que são inviáveis para ela de um ponto de vista financeiro, buscando uma negociação mais assertiva. “Você precisa analisar quais são os principais produtos que você vai ter para conseguir negociar, em cima desses produtos, um desconto maior que o desconto padrão que existe em lista. Isso ajuda muito”, avaliou.

Para enfrentar o desafio dos custos de nuvem, a Queiroz Galvão é outra das empresas que têm se movimentado para expandir sua governança sobre o tema. Segundo Marcello Borges, CIO e DPO do Centro de Serviços Compartilhados da empresa, a solução também foi trazer profissionais com um olhar técnico e financeiro para lidar com o tema, possibilitando uma “verdadeira governança”.

“Não é uma pessoa que vai cuidar de custos, é alguém que tenha conhecimento técnico e saiba como potencializar o uso”, pontuou Marcello Borges, CIO e DPO do Centro de Serviços Compartilhados da Queiroz Galvão. “A gente tem pessoas com habilidade técnica, mas com olhar financeiro de otimização, que saibam como fazer isso”.

Além de realizar o monitoramento de custos, a equipe é a responsável por buscar ativamente, junto a parceiros e fornecedores de nuvem, ofertas e ferramentas que podem levar à otimização de custos. Napoli, do Itaú Unibanco, também recomendou a estratégia. “É como eu faço na minha casa – onde meus filhos passam e vão deixando a luz acesa, eu passo e apago a luz”, brincou o executivo. “Eu tenho uma equipe [de FinOps] que faz isso o tempo inteiro. Eu preciso de um ambiente de homologação e desenvolvimento que fique ligado à noite e no final de semana? Não. Então crio uma automação para criar esse ambiente.

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