Cofundador da Uber: disrupção é palavra usada por perdedores

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11:01 am - 08 de junho de 2017
Data: 07.06.2017Local: Sao Paulo, SPCliente: FEBRABANJob: Cobertura fotográfica do evento Ciab FEBRABAN 2017 no Transamerica Expo.Assunto: Oscar Salazar, Cofundador do Uber.Assistente: Celso DoniFoto: Luiz Michelini

Disrupção é a palavra que tem sido utilizada para definir as mudanças radicais que novas soluções têm trazido para diversos setores, principalmente inovações desenvolvidas por startups e empresas nascidas na chamada era digital.

Alguns dos principais exemplos são Airbnb, Netflix, Waze e Uber – todos já fazem parte do dia a dia de boa parte da população e por isso dispensam apresentações. Mas para um dos idealizadores dessa última empresa citada, o termo disrupção não faz parte do seu vocabulário.

“Sempre me perguntam o que acho sobre disrupção e para mim é uma palavra usada por perdedores. Em 2009, quando estávamos criando o Uber, pensávamos apenas sobre inovação e como gerar impacto. Se você quer criar algo, que seja algo que mude a vida das pessoas. Pensar na experiência: isso é inovação, não disrupção”, destacou Oscar Salazar, cofundador da Uber, durante participação no Ciab, evento realizado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) nesta semana em São Paulo (SP).

Salazar conta que, durante o processo de idealização da ferramenta, o foco principal foi pensar a tecnologia para reimaginar a indústria e criar novas experiências.

“Meu sócio disse que queria apertar um botão e pedir um táxi. Eu não tinha experiência com táxi e eu praticamente virei um taxista para aprender. Reimaginamos o serviço como um todo. Adotei isso também como filosofia com investimentos”, contou Salazar, que atua como investidor em diversas empresas de sucesso na área de tecnologia.

A próxima onda
O empresário disse também que outra pergunta que sempre ouve é para onde irá a tecnologia e qual a próxima tendência. “Como estar à frente? Quais áreas devo estar atento? Não há segredos para o sucesso, mas é preciso prestar atenção em algo: se quer estar à frente, precisa pensar em convergência.”

Segundo ele, a convergência é unir diversas plataformas, que é o que os clientes buscam, e isso traz a verdadeira disrupção. Para comprovar sua tese, Salazar voltou aos anos 80, com o surgimento dos computadores, quando esses equipamentos uniram trabalho e itens pessoais. E, mais adiante, o surgimento da internet para unir todos esses computadores. “Depois vieram os smartphones. Em 2010, quando o Uber foi lançado, tínhamos tecnologias como GPS, Apps e o iPhone”, disse.

Agora, para ele, estamos entrando na era da inteligência artificial (AI) e machine learning, após o data mining e data science. “A nova plataforma será baseada em dados.”

Salazar lembrou que grandes players do mercado de Tecnologia, como Google, IBM e Amazon, estão investindo pesado para democratizar o acesso ao machine learning para permitir que qualquer desenvolvedor possa ter acesso. “Não acredito que AI será o futuro, mas vai moldar o futuro. O interessante é o impacto do machine para diversas indústras, como financeira, saúde, educação, transportes, entre outros. A tecnologia trará mais eficiência. Não pense em robôs, mas em como indústrias trarão melhores experiências e eficiência.”

Bancos
Presente no principal evento do setor bancário do País, o assunto bancos não poderia ficar de fora. E, considerando seu histórico empreendedor, o tema principal foi fintechs, as startups que atuam no setor financeiro.

Ao contrário do que a percepção de parte do mercado, que tem avaliado essas empresas como idealizadora de importantes inovações, Salazar ainda não vê o mercado de fintechs com maturidade suficiente para trazer algum tipo de inovação considerável ao mercado financeiro.

“Fintech é uma das áreas mais quentes no momento, mas não tenho visto nenhuma inovação em relação ao que temos. Nada que desafia o status quo ainda. A maioria das fintechs está trazendo inovações a serviços que já existem. Vejo um barulho com blockchain, mas ainda não vi nada que trouxe valor ao consumidor.”

Mas, apesar da opinião até certo ponto surpreendente, Salazar vê com otimismo o futuro desse mercado para startups. Para ele, bancos devem atuar como plataformas abertas para agregar todas essas soluções, formando um verdadeiro ecossistema de inovações e serviços. Algo semelhante ao que foi criado pela Apple com a App Store. “A Uber não existiria se não fosse a criação da App Store, uma plataforma para agregar serviços”, completou.

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