As 5 primeiras peças da Engenharia Aumentada
Como em um quebra-cabeça, elas são fundamentais para que engenheiros inovadores capturem o potencial de tecnologias emergentes

“O que não pode ser medido, não pode ser melhorado”, disse o
físico irlandês William Thomson no século XIX. Essa frase segue sendo uma
máxima das áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Na verdade,
pode ser aplicada a praticamente tudo.
Hoje em dia, as tecnologias emergentes criam condições para que a
forma de se fazer engenharia seja potencializada. Quando falamos sobre
Engenharia Aumentada, estamos falando sobre inovar, repensar e reimaginar
processos e procedimentos de engenharia, seja de planejamento, de projeto, ou
operacionais, capturando todo o potencial das tecnologias emergentes para
ampliar a quantidade de verificações técnicas e a assertividade das decisões e
ações. Como um quebra cabeça que precisa ser criado, algumas peças tornam-se
fundamentais para os engenheiros inovadores que liderarão e executarão esse
movimento.
A Engenharia Aumentada, fazendo uso inovador das tecnologias
emergentes, facilita a resposta a alertas, permitindo que uma equipe possa
tomar decisões melhores, em maior volume e menor tempo, com alta taxa de
assertividade, sobrepondo camadas de supervisão ad infinitum. A cada
nova camada, a carga cognitiva exigida dos engenheiros usuários da engenharia
aumentada, tornam-se engenheiros aumentados a partir de uma verdadeira simbiose
entre homem e máquina, o que potencializa sua produtividade, reduz custos
operacionais e, principalmente, aumenta a segurança operacional e dos
processos.
Para explicar a aplicação desse modelo tecnológico de uma maneira
simplificada e resumida, proponho uma analogia um quebra cabeça, no qual
diversas peças serão necessárias para construir a imagem do futuro. No caso da
Engenharia Aumentada, as cinco primeiras peças que estão à nossa mão são IoT,
gêmeos digitais, inteligência aumentada e aprendizagem de máquina, automação e
experiência do usuário.
Primeiro, é necessário coletar dados que representem a observação do que
acontece no mundo real, para isso, temos a peça do IoT, a internet das coisas,
que traz a convergência entre o mundo real e virtual, levando informações de
sensores instalados no ambiente físico para o universo digital. Essa peça é de
extrema importância para a qualidade, a sincronicidade e a disponibilidade dos
dados. Para efetiva aplicação de decisões baseadas em dados, os dados devem
estar disponíveis e com qualidade. Para decisões operacionais em tempo real, há
valor usarmos a regra que chamamos de first in first out, que determina
que, mesmo que haja uma falha momentânea no processamento de dados, o sistema
não se atém à fila ou à ordem de recebimento, e sim à novidade, priorizando o
instante.
A segunda peça importante é avaliar o que se espera ocorrer
no ambiente físico realizando simulações baseadas em conceitos físicos. Neste
encaixe, encontramos a peça gêmeo digital que, a partir da reprodução digital
fidedigna do ativo físico, permite criar valores esperados para os dados
medidos pelos sensores. Pode-se então com simulações mais robustas criar
alertas, para que a máquina saiba que deve avisar toda vez que aquilo que ela
observa for diferente do esperado. O mais legal aqui é a capacidade de criar
simulações em tempo real, que colocam luz nos problemas on-the-go.
Importante desafio da aplicação de gêmeos digitais em tempo real está
associado, muitas vezes, às simulações não poderem ser executadas em tempo
real. Com mais frequência do que se imagina, essa limitação é um obstáculo para
efetiva aplicação gêmeo digital em tempo real. Engenheiros inovadores capazes
de superar este obstáculo serão decisivos para o sucesso da implantação.
Na terceira peça, nos deparamos com a inteligência
artificial e a aprendizagem de máquinas que fazem uso de conceitos matemáticos
para estabelecer os valores esperados para comparação com os observados. Os
dois representam o poder que a tecnologia tem de perceber, analisar e entender
os contextos, usualmente, propondo classificações, identificando padrões e
fazendo predições. No entanto, estes sistemas matemáticos aprendem como
crianças, que captam toda a informação ao seu redor sem fazer juízo de valor e
precisam que alguém os ensine quando e qual deve ser o juízo de valor adequado
para cada contexto. É por isso que reforçamos a importância da colaboração
humana para aprimorar a inteligência artificial. Nessa fase do processo, as
equipes humanas mostram como decidem e agem na operação para que a máquina aprenda
e se desenvolva. Uma vez com conhecimento suficiente a máquina poderá propor
insights com os resultados esperados a partir do que aprendeu com os dados
históricos e com os humanos.
Na quarta peça, é possível criar regras de
conduta, que se repetem e que possuem critério definido, para a máquina, ou
seja, gerar automação. Essa peça é fundamental, pois garante escalabilidade e
repetibilidade a tomadas de decisão ou execução de ações que possuem regra de
conduta claramente definida, como, por exemplo,normas e padrões. Essa peça
encaixa-se com precisão na quinta, que é a da experiência de usuário. Toda vez
que se cria uma camada de comandos que automatizam processos, liberamos a carga
cognitiva dos humanos, permitindo que sejam criativos e propositivos, ou seja,
podemos ter mais engenheiros inovadores praticando a engenharia aumentada. Com
tempo livre, podem se perguntar qual etapa do processo pode ser otimizada ou
qual novo problema pode ser resolvido, e de que maneira.
Na quinta peça, criando uma experiência do usuário centrada
no engenheiro, potencializando-o, oferecendo-lhe insights tempestivos,
relevantes e assertivos, e pedindo-lhe anotações em cenários ambíguos e, assim
transformando-o em um Engenheiro Aumentado.
O Engenheiro Aumentado faz uso de novos processos de engenharia
usando as peças mencionadas aqui. A engenharia aumentada é justamente criar
soluções que fazem uso da reinvenção da engenharia com adoção as tecnologias
emergentes e o engenheiro inovador é o engenheiro capaz de propor, criar e
entregas essas soluções que se empilham, ampliando as possibilidades do
negócio, aumentando agilidade e reduzindo consideravelmente os riscos para,
finalmente, transformar dados em resultados.
Quanto melhor a experiência do usuário, mais isso acontece, e
reforçamos ainda mais essa simbiose, fechando um círculo virtuoso que se repete
incansavelmente. A única diferença aqui em relação ao quebra cabeça é que não
temos todas as peças disponíveis para construir o futuro, precisaremos estar
atentos às novas peças que surgirão e, com a tecnologia aplicada da maneira
correta, os engenheiros não serão substituídos – eles serão continuamente
potencializados e reinventados.
* Augusto Borella é vice-presidente de Oil & Gas da Intelie

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