Identidade digital reutilizável: o papel da tecnologia em um ano crucial para a democracia

Com cerca de 4 bilhões de pessoas de 76 países prestes a votar, a conexão entre tecnologia e democracia atinge um nível de relevância sem precedente

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9:00 am - 28 de fevereiro de 2024
deepfake, identidade, reconhecimento facial, RPE, ano eleitoral Imagem: Shutterstock

À medida em que entramos em um importante ano eleitoral, com cerca de 4 bilhões de pessoas de 76 países prestes a votar, a conexão entre tecnologia e democracia atinge um nível de relevância sem precedentes.

Este foi, inclusive, um dos principais focos do Fórum Econômico Mundial (FEM), que ocorreu em janeiro, em Davos, e destacou o papel essencial da construção de confiança em uma era dominada por rápidos avanços tecnológicos, como a inteligência artificial (IA).

Nos últimos anos, o FEM já vinha alertando sobre o declínio da confiança nas sociedades e seu impacto na erosão social, no desenvolvimento econômico e na saúde das democracias. Não à toa, o tema “Reconstruindo a Confiança” foi o escolhido para a última reunião.

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O Instituto para a Democracia e Assistência Eleitoral (IDEA), com sede na Noruega, corrobora esta visão. Em seu mais recente relatório, a instituição concluiu que a democracia está em declínio em todo o mundo. O motivo? Ameaças à integridade dos processos eleitorais, à independência do poder judicial, à segurança e à liberdade de expressão.

Em 2024, o tema tem um apelo especial, pois as eleições impactarão mais da metade da população mundial. Entre as 76 nações que vão às urnas ao longo do ano, estão oito das mais populosas do mundo: Índia, Indonésia, Paquistão, Bangladesh, Estados Unidos, México, Rússia e, por fim, o Brasil.

O desafio da desinformação e da tecnologia Deepfake

Conforme a IA e outras tecnologias emergentes avançam, também aumentam os riscos delas serem exploradas por agentes maliciosos que procuram injetar desconfiança dos cidadãos nas instituições democráticas.

Pew Research Center relata uma crescente apreensão sobre o papel da IA na vida cotidiana dos norte-americanos, particularmente no contexto da desinformação e da tecnologia deepfake. Já a pesquisa “2023 State of Deepfakes” revela um aumento de 550% nos vídeos deepfake desde 2019.

No Brasil, o cenário também preocupa, já que os deepfakes cresceram 830% no país, entre 2022 e 2023, de acordo com o relatório Sumsub Identity Fraud Report 2023. Isso ainda é agravado por uma falta de conscientização pública e compreensão sobre o tema, o que indica a necessidade crítica de ferramentas capazes de combater a desinformação generalizada.

Rumo a um ecossistema digital mais seguro

Nesta era de transformação, um recurso que se tornará tendência nos próximos 18 meses, como prevê o estudo da CyberRisk Alliance, é a identidade digital reutilizável. Ela proporciona uma identidade digital única a uma infinidade de serviços e aplicações, não apenas para indivíduos, mas também para veículos conectados, empresas e dispositivos IoT.

Essas identidades são criadas utilizando credenciais verificáveis de diversas fontes, tanto públicas quanto privadas, oferecendo controle e segurança incomparáveis sobre os dados armazenados em carteiras digitais. Dessa forma, os indivíduos guardam as informações em carteiras digitais e possuem o total controle sobre para o quê ou para quem concedê-las, liberando acesso somente àquilo que é necessário em cada contexto.

A identidade digital reutilizável promove a plena participação social na economia, melhora o acesso ao emprego e reduz significativamente a fraude nas interações públicas e privadas, resultando em custos mais baixos para fazer negócios e no aumento da confiança entre indivíduos, empresas e governos.

Além disso, o recurso ajuda a prevenir fraudes eleitorais ao passo que fortalece a segurança dos sistemas, facilita o registro e a identificação eleitoral e proporciona acesso mais inclusivo, resultando em maior transparência e confiança.

Logo, para aumentar a confiança dos cidadãos e fortalecer os processos democráticos, governos e instituições emissoras de documentos oficiais precisam fazer um esforço global para adotar tecnologias seguras e responsáveis, como as  identidades digitais reutilizáveis.

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Ricardo Amper

Fundador e CEO da Incode Technologies, unicórnio do Vale do Silício e líder mundial em verificação e autenticação de identidade.

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