68% dos usuários de internet leram políticas de privacidade de sites

Cetic.br lança pesquisa sobre proteção de dados também de empresas e órgãos governamentais

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11:10 am - 18 de agosto de 2022
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A Cetic.br acaba de lançar dados inéditos da pesquisa “Privacidade e proteção de dados pessoais: perspectivas de indivíduos, empresas e organizações públicas no Brasil”. Segundo a publicação, 70% dos usuários de Internet (com 16 anos ou mais) verificou a segurança de uma página ou aplicativo, por exemplo, se a página tinha cadeado de segurança; 69% recusaram permissão de uso de seus dados pessoais para publicidade personalizada; e 68% leram políticas de privacidade de uma página ou aplicativo.

“Chamou atenção uma proporção alta de pessoas falando sobre políticas de privacidade. Investigamos se elas leem tudo ou porque elas não leem. Elas não leem a política integralmente porque o documento é muito longo ou muito difícil de entender”, explicou Winston Oyadomari, líder do laboratório de inovação do Cetic.br.

Ao serem questionados sobre buscar um canal de atendimento sobre seus dados pessoais, 80% afirmaram procurar a própria empresa ou órgão público, 48% um órgão de defesa do consumidor (como o Procon) e 34% o Ministério Público.

Quase metade (42%) dos entrevistados estão muito preocupados ao comprar pela internet por páginas ou aplicativos, 25% preocupado e 20% pouco preocupado. Além disso, 35% estão muito preocupados ao acessar páginas ou aplicativos de bancos e 24% preocupados. “Isso está somado ao medo do consumidor de ter seus dados vazados ou sofrer fraude – colocando o risco de perder dinheiro no topo das preocupações do usuário”, comenta Winston.

O especialista também frisou que, entre a população de pretos e pardos, o índice de muito preocupados é maior em comparação aos brancos. Então há uma diferença de percepção sobre o que uma empresa pode fazer com os seus dados.

O nível de preocupação com o fornecimento de informações pessoais sensíveis teve citações de biometria (como impressão digital ou fotografia de rosto) como 41% de muita preocupação, seguida de dados de saúde (como doenças, prontuário médico ou resultados de exames) com 29% e orientação sexual com 18%.

Grande parte (77%) dos usuários de internet desinstalou algum aplicativo de celular por se preocupar com seus dados pessoais, 69% deixaram de visitar alguma página na internet, 56% deixaram de utilizar algum serviço ou plataforma na internet e 44% deixaram de comprar um aparelho eletrônico.

Esfera empresarial

As companhias foram divididas por verticais: indústria, construção, comércio, transportes, alojamento e alimentação, informação e comunicação, atividades profissionais e serviços. Em todos os setores, a maior justificativa para manter dados pessoais dos clientes é para manter contato diretamente com eles.

“No tipo de dado sensível, temos a biometria e dados de saúde como os mais mantidos pela empresa e isso, provavelmente, tem a ver com os dados dos funcionários. Muitas delas têm, por exemplo, entradas digitais em empresas, por exemplo”, comentou Leonardo Melo Lins, pesquisador da NIC.br.

Ao serem perguntados sobre a realização de reuniões internas para tratar especificamente sobre proteção de dados nos últimos 12 meses, 73% das empresas com 250 funcionários ou mais foram positivas, 59% com 50 a 249 colaboradores e 32% entre 10 e 49 pessoas.

A média de empresas que possuem uma área específica ou funcionários responsáveis pelo tema de proteção de dados é de 23%. Porém, 88% das pessoas que lidam com proteção de dados foram contratadas para outras funções, mas também passaram a lidar com o tema.

Em 69% das companhias o departamento responsável pela proteção de dados é tecnologia da informação, 66% administrativo e 53% diretoria. “No setor de alojamento e alimentação, a origem mais predominante é o administrativo (70%). O destaque para esses setores foi por sua maioria ser de pequenas empresas, então o departamento responsável é o próprio dono ou administrador”, frisou Leonardo.

Para se adaptar à LGPD, 32% das empresas desenvolveram uma política de privacidade eu informa como os como os dados pessoais são tratados pela empresa; 30% realizaram testes de segurança contra vazamento de dados; e 29% criaram política de uso de dados pessoais de funcionários.

Organizações públicas

Ao serem questionados sobre a presença de pessoa ou área responsável pela implementação da LGPD, 56% do executivo foi positivo, 68% do legislativo, 73% do Ministério Público e 94% do judiciário. Entre os órgãos federais, 89% possuem alguém responsável e 55% dos órgãos estaduais.

Entre as principais ações relacionadas à LGPD estão a nomeação do encarregado de dados ou Data Protection Officer (DPO) do órgão público; disponibilização de canais de atendimento pela Internet para os cidadãos enviarem mensagens sobre o uso de seus dados pessoais pelo órgão público; publicação da política de privacidade do órgão público na internet; e implementação de um plano de resposta a incidentes de segurança da informação relacionado a dados pessoais.

“Entre essas quatro iniciativas medidas na pesquisa, os órgãos judiciários já tinham incorporado ao menos três delas em mais da metade das instituições”, revela Manuella Maia Ribeiro, analista de informações da NIC.br.

Na área de saúde, explica a especialista, 62% das instituições públicas e 72% das privadas realizaram algum tipo de treinamento em segurança da informação. “Por outro lado, para a parte de formação, ainda tem uma parte das instituições sem ação de políticas ou treinamento para política de privacidade de dados”, comentou.

Por fim, no segmento de saúde, um dos destaques foi que, cada vez mais, as escolas (tanto públicas quanto privadas), têm dados em forma eletrônica. 85% dos colégios públicos já registram ou consultam dados cadastrais dos alunos, 82% dados de frequência e notas dos alunos e 71% informações sobre o orçamento financeiro da escola.

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