A importância de uma abordagem integrada para combater fraudes documentais

Acreditar que investir apenas em tecnologia será suficiente para se resguardar contra fraudes é um equívoco

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8:17 am - 11 de julho de 2023
fraudes documentais, fraudes, segurança Imagem: Shutterstock

Em plena era digital, a presença da tecnologia se torna cada vez mais indispensável em nosso cotidiano, desempenhando um papel crucial em diversas áreas, principalmente no âmbito empresarial. Contudo, quando se trata de combater fraudes, especialmente aquelas relacionadas a documentos, descobrimos que a interação humana e a especialização pericial são elementos essenciais para garantir a segurança das operações.

No Brasil, existe uma ampla variedade de documentos, que são requisitados na hora de adquirir produtos e serviços, cada qual com suas respectivas características. Lidar com esse alto volume de análise requer uma abordagem que integre tecnologia com ação humana capacitada. Recentemente, vivenciei um caso em que a tentativa de fraude foi barrada graças ao olhar clínico do perito.

Mesmo com a automação, o criminoso conseguiu fazer uma edição tão precisa no documento que passou despercebida pela análise digital. No entanto, o rosto do indivíduo já era conhecido de outros casos, e assim pudemos resguardar o cliente.

Durante a 33ª edição da Febraban Tech, pude observar os avanços e aprimoramentos da tecnologia em relação à segurança documental. Foram apresentados diversos cases de uso, principalmente de Inteligência Artificial (IA) em fluxos antifraude. Vejo isso como algo muito positivo, considerando todas as características dos documentos, como layouts padronizados, fontes, cores e impressões em relevo, entre outros elementos. IA tem a capacidade de aprimorar ainda mais a segurança, agilidade e a experiência do cliente!

No entanto, acreditar que investir apenas em tecnologia será suficiente para se resguardar contra fraudes é um equívoco. Durante a mesma feira, tive a oportunidade de conversar com players do setor sobre o uso da IA em práticas de deepfake, um modus operandi que vem crescendo no Brasil. Essa técnica envolve a manipulação digital de conteúdo audiovisual para criar falsificações realistas.

Com avanços significativos em algoritmos de aprendizado de máquina e tecnologias de processamento de imagens e áudio, tornou-se mais fácil e acessível utilizá-la para a prática de fraudes documentais. Os desafios em termos de autenticidade, parafraseando um jogador de futebol famoso, estão chegando “em outro patamar”.

Outra situação bastante comum nesse segmento é a ocorrência de falsos positivos, ou seja, não se trata de uma fraude, mas a automação entende como se fosse, quando, por exemplo, um documento está rasurado, um cliente registra uma selfie com algumas deficiências, dentre outras situações. É nesse momento que a abordagem integrada se faz necessária, permitindo a intervenção humana para identificar o que ocorreu e fornecer orientações ao cliente. O fator humano é uma camada adicional de proteção e validação indispensável para as empresas.

Até para que ela faça mais negócios!

Ao lidar com casos de fraude documental diariamente por mais de 30 anos, desenvolvi uma capacidade analítica diferenciada, compreendendo não apenas as principais fraudes que ocorrem no setor, mas também as principais táticas e até os rostos dos fraudadores. E, em um cenário onde as fraudes documentais se tornam cada vez mais sofisticadas, é imprescindível adotar uma abordagem integrada para combatê-las efetivamente.

A combinação entre tecnologia avançada e o conhecimento especializado dos profissionais é a chave para garantir a segurança das operações e evitar prejuízos. A automação e a análise de dados em larga escala são poderosas ferramentas, mas é importante reconhecer que o fator humano desempenha um papel crucial na detecção de nuances e na tomada de decisões mais complexas.

Ao unir o melhor da tecnologia com a expertise humana, podemos enfrentar as fraudes documentais com confiança e proteger os negócios de ameaças cada vez mais sofisticadas.

*Antonio Glup é head de análise documental do Grupo New Space

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