Os “bons” empregos

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9:51 am - 14 de agosto de 2013

O que você ganha por atingir os seus objetivos é tão importante quanto o que você se torna por atingí-los? (Henry David Thoreau)

Identifiquei esse tema por meio de duas situações diferentes. Na primeira, uma secretária contou-me que tinha lutado para obter uma colocação em uma empresa multinacional, sobre a qual ouviu que investia em seus funcionários e proporcionava ótimos benefícios. Não precisou de muito tempo para descobrir que esses investimentos e benefícios eram canalizados para um pequeno grupo de executivos, que desfrutavam anualmente algumas semanas de treinamento no exterior (podendo levar a família junto) e uma série de mordomias que realmente fariam a diferença na vida de qualquer um.

O outro caso foi o de um desses executivos ? um gerente que atuou por mais de dez anos em uma grande empresa global e que acabou deixando o cargo e a organização em que trabalhava para sair em busca de uma nova colocação. Ele procurou-me justamente com o objetivo de ajudá-lo a encontrar (ou reencontrar) um desses ?bons? empregos. Disse-me que tinha tido algumas ofertas interessantes, mas nenhuma ?realmente boa?, como já estava acostumado.

O pequeno número desses ?bons empregos? ? junto com a pressão por resultados de curto prazo e a insistência nas metas individuais (não em grupo ou colaborativas) ? prejudica a evolução dos negócios, aumenta o estresse e cria barreiras na construção de bons relacionamentos (seja de negócios ou pessoais).

Ao conseguir um desses objetos do desejo (um ?bom emprego?), a maioria dos profissionais preocupa-se em mantê-lo. Afinal, não faltam oportunistas de olho, aguardando um instante de vacilo ou mesmo ?armando? para derrubá-lo de sua posição. E mantê-lo significa trabalhar com regras rígidas de conduta, com objetivos concretos e (quase sempre) de curto prazo. Alguns princípios e idéias ? cultivados durante uma vida ? podem esperar um pouco, enquanto a posição ?é consolidada?. Há muito o que cuidar no dia-a-dia para garantir que as coisas saiam como o planejado.

De certa forma, a diversidade de temas de controle instituídos nos últimos anos no mercado ? Governança, SOX, COSO, BSC e vários outros ?, embora extremamente válidos e benéficos na realidade e diversidade de mercados em que trabalhamos, também se desenvolveram a partir da percepção de que os interesses do indivíduo costumam conflitar com o interesse maior da organização que o emprega.

Há um enorme custo e até uma certa falta de produtividade aí embutida que poderia ser contornada se a maioria dos empregos fossem considerados ?bons?. Mas isso requereria uma nova visão do papel das pessoas na empresa, e da própria missão dela na sociedade.

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