O IT Forum Series é um projeto editorial que convida líderes de TI das maiores empresas do País para discutir algumas das tecnologias e tendências de maior potencial transformador. Aliados aos dados do estudo Antes da TI, a Estratégia, pesquisa promovida anualmente com os CIOs e gerentes de TI, o Series busca contribuir com a evolução do mercado e do ecossistema de tecnologia da informação e telecomunicações brasileiros.
RAFAEL ROMER (TEXTO, PRODUÇÃO, ROTEIRO) E DÉBORAH OLIVEIRA (MEDIAÇÃO); PEDRO HAGGE E GEORGES NABAHAN (PESQUISA)
CONVIDADOS: JEFFERSON SANTANA, GRUPO HAPVIDA NOTREDAME INTERMEDIA; LOÏC HAMON, VLI; TAMARA GUSSIARDI, NESTLÉ
CAPTAÇÃO E EDIÇÃO DE VÍDEO: VORAZ FILMES
Ainda que esteja permeando quase todas as discussões dentro da indústria de tecnologia ao longo do último ano, o tema da inteligência artificial (IA) não é dominado pela maior parte dos líderes de TI. Essa é a leitura dos próprios executivos desta área: questionados sobre seu nível de conhecimento em relação à IA, 58% dos líderes de TI dizem não estar ‘completamente confortáveis’ com o tema para gerir projetos que exijam grandes investimentos na tecnologia.
O dado é parte da mais recente edição da pesquisa ‘Antes da TI, a Estratégia‘, estudo da IT Mídia que entrevista, anualmente, mais de 500 líderes de tecnologia das maiores empresas do Brasil, e que serviu como ponto de partida para o quarto episódio do IT Forum Series, que reuniu executivos de TI para discutir as oportunidades, desafios e os caminhos para uma estratégia eficiente de inteligência artificial. Confira o debate completo no vídeo desta página.
Para Pedro Hagge, gerente de estudos da IT Mídia, o dado da pesquisa coloca a inteligência artificial em um grau de maturidade relativamente baixo, lado a lado com outras tendências mais recentes da indústria, como o metaverso e blockchain. Na prática, isso coloca o desafio da capacitação como uma discussão latente para o debate de IA.
“Para as lideranças, o grande impacto é ter que se desenvolver e capacitar – a si próprio e aos seus times – para conseguir promover projetos que envolvam inteligência artificial”, pontuou Hagge. “E como a questão dos talentos já é um tema que dificulta em muito a execução de projetos, quando a gente entra em uma tecnologia tão específica, na qual não existe um alto grau de maturidade, o universo fica ainda menor.”
Tamara Gussiardi, CIO da Nestlé, também abordou o desenvolvimento de talentos como um ponto central para o desenvolvimento da IA. “O papel da da TI com esta tecnologia é a democratização dela junto às áreas de negócio. Nós não podemos ser o centro do conhecimento”, explicou. “Fazer projetos engajando toda a companhia gera curiosidade sobre o assunto e gera talentos – porque, às vezes, a pessoa nem sabe que tem esse domínio.”
Nessa estratégia, a Nestlé tem buscado a ‘desmistificação’ da IA como caminho para desenvolver novas oportunidades de negócio. A tendência é explorada, por exemplo, dentro do Centro de Inovação e Tecnologia da companhia, em São José dos Campos, no interior de São Paulo, que gera casos de uso escaláveis de IA que podem ser aplicados na fabricação de produtos da empresa. “É estudar como a inteligência artificial pode ajudar dentro da indústria”, reforçou.
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Para Loïc Hamon, gerente geral de Transformação, Inovação e Logística Digital da VLI – empresa intermodal do setor logístico –, outra das prioridades quando a discussão é o tema da IA é sair do âmbito dos debates filosóficos e partir para o entendimento do papel da IA junto aos planos de negócios. Na avaliação do executivo, isso passa pela questão da capacitação dos talentos, mas também por um desafio de comunicação: é preciso “celebrar e comunicar sucessos” de projetos de IA para garantir sua aderência dentro das organizações.
“Projetos de inteligência artificial têm uma dimensão de gestão da mudança que é fundamental”, avaliou. “Um dos pilares é a comunicação: trabalhar de forma muito clara dentro da empresa qual é a proposta de valor do que você está fazendo – de forma muito horizontal, com os executivos, mas também de forma ampla – para deixar isso percolar por toda a organização de forma transparente.”
O PAPEL DA TI COM ESSA TECNOLOGIA É A DEMOCRATIZAÇÃO JUNTO ÀS ÁREAS DE NEGÓCIO
TAMARA GUSSIARDI - CIO DA NESTLÉ
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Além do debate mais amplo sobre estratégias para a adoção de inteligência artificial dentro das empresas, os executivos abordaram também os desafios singulares trazidos pela próxima evolução dessa tendência: a inteligência artificial generativa.
Para Jefferson Santana, diretor de tecnologia e inovação do Grupo Hapvida NotreDame Intermédica, a IA generativa traz uma discussão intimamente ligada ao tema da segurança e da governança de dados – e esses têm sido os principais pontos de preocupação da companhia nos seus ensaios com essa modalidade de IA.
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“Não está claro para a gente como nós vamos continuar treinando e aperfeiçoando [os modelos de IA generativa] – o quanto isso está na minha mão ou o quanto será um serviço embarcado, com uma caixa preta envolvida”, disse. “Na IA clássica, de machine learning, tudo está na minha mão: eu consigo olhar o código, saber o que ele está fazendo e aperfeiçoá-lo de acordo com o que estou vendo na ponta e com as minhas decisões de negócio. IA generativa ainda é uma incógnita.”
A Nestlé também tem se atentado a esses desafios. A fim de evitar que informações sigilosas da companhia acabem sendo despejadas em modelos de linguagem públicos, com o ChatGPT, a companhia criou um filtro interno para redirecionar colaboradores para o “NesGPT” – um modelo que utiliza apenas dados internos e que evita vazamento de informações para outras IAs.
“E o papel do líder de TI também é muito relevante nessa questão – é realmente o de orientar e indicar qual a melhor tecnologia para cada caso de uso. É ser o guia para as companhias, já que elas estão buscando o que está em voga”, finalizou a executiva.
Muitas oportunidades, mas também muitos desafios. O caminho do uso da inteligência artificial - ou simplesmente IA - para as corporações é longo e múltiplo. Nesse relatório, a área de estudos da IT Mídia traz insights valiosos, frutos do estudo Antes da TI, a Estratégia, e reflete sobre itens relevantes para o futuro dessa tecnologia e do próprio ambiente corporativo, incluindo os que dizem respeito às mudanças culturais, da segurança da informação e das práticas ESG. Baixe agora!
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