O IT Forum Series é um projeto editorial que convida líderes de TI das maiores empresas do País para discutir algumas das tecnologias e tendências de maior potencial transformador. Aliados aos dados do estudo Antes da TI, a Estratégia, pesquisa promovida anualmente com os CIOs e gerentes de TI, o Series busca contribuir com a evolução do mercado e do ecossistema de tecnologia da informação e telecomunicações brasileiros.
PAMELA SOUSA (TEXTO) E RAFAEL ROMER (PRODUÇÃO E MEDIAÇÃO); BRUNA BOMFIM E GEORGES NABAHAN (PESQUISA)
CONVIDADOS: ADRIANA MOREIRA, HEAD DE TI DA VEOLIA; FABIO METTA, CIO DA VILLA 11; PAULO SPACCAQUERCHE, PRESIDENTE DA ABINC
CAPTAÇÃO E EDIÇÃO DE VÍDEO: VORAZ FILMES
O mundo da Internet das Coisas (IoT) sempre trouxe complexidades para a TI. Composto por diversas camadas interconectadas e uma ampla gama de participantes, a tendência esbarra em questões de conectividade e maturidade das empresas, e desafia equipes de tecnologia que buscam implementá-la. Há, no entanto, várias oportunidades a serem exploradas.
Segundo a “Antes da TI, a Estratégia”, pesquisa promovida anualmente pela equipe de Estudos e Inteligência do IT Forum com líderes de tecnologia das maiores empresas do Brasil, a previsão é de que no ano de 2024, 28% do mercado de Tecnologia da Informação (TI) continuará a investir em IoT. Outros 19% dizem estar planejando realizar investimentos iniciais.
Para repercutir essas descobertas, no sétimo episódio do Series, Adriana Moreira, head de TI da Veolia Brasil, Fabio Metta, CIO da Vila 11 e Paulo Spaccaquerche, presidente da ABINC (Associação Brasileira de Internet das Coisas) debatem o cenário do IOT no Brasil ao lado de ao lado de Bruna Bomfim, gerente de Estudos e Inteligência, e Rafael Romer, repórter, ambos do IT Forum.
“Utilizamos o IOT como um grande habilitador do nosso serviço”, afirma Adriana Moreira, head de TI da Veolia, no início do debate. “Por exemplo, usamos IOT na digitalização dos aterros sanitários, onde controlamos todos os recebimentos e tratamentos de resíduos, e também para monitorar como estamos gerando valor para nossos clientes.”
De acordo com a líder de tecnologia da Veolia, a tendência é uma jornada: Adrianda destaca que a tecnologia ainda está em processo de evolução e de aumento da maturidade dentro da organização. No futuro, a ideia é usar um IOT data driven, orientado a estratégia com dados com o objetivo de gerar novos serviços e produtos digitais para gerar receitas extras.
No segmento de multifamily, Fábio Metta, CIO da Vila 11, também explica como o IOT é aplicado em seu negócio. “O nosso primeiro grande foco está ligado à cibersegurança, o quanto conseguimos entregar dispositivos conectados com uma camada de proteção. No segundo momento, com o aumento da nossa maturidade, buscamos trazer receita para o negócio.”
Segundo o executivo, no contexto do avanço da conectividade para múltiplos dispositivos, a proteção dos dados assume um papel crucial. A pergunta não é apenas quantos dispositivos conectados à internet podem ser entregues, mas como é possível garantir camadas de segurança robustas para cada um deles. Essa é uma abordagem refletida na preocupação com políticas de governança sólidas.
Em um segundo momento, a companhia vê o IOT como oportunidade para a análise dos comportamentos dos morados dentro dos empreendimentos da companhia, o que pode abrir portas para oportunidades de receita. Exemplo disso, seria mapear como moradores estão interagindo com serviços disponíveis em seus condomínios, como a lavanderia. Essa análise pode levar à criação de programas de uso mais eficientes, utilizando dados. O foco é transformar dados em negócios, simplificando processos e oferecendo conveniência em todas as interações.
O futuro do IoT no contexto da Vila 11 é centrado no cliente. O lema da companhia – “liberdade para se sentir em casa” – está diretamente ligado à análise de informações. Observar o comportamento dos dispositivos e avançar gradualmente para oferecer uma experiência diferenciada é o objetivo. Diante disso, com o aumento da maturidade, o objetivo é usar o IOT não apenas para melhorar a eficiência operacional, mas também para promover um ambiente mais inteligente e acolhedor para todos os moradores.
"Muito se falou sobre IoT, e isso gerou confusão no mercado, pois discutia-se a tecnologia e não o negócio."
Paulo Spaccaquerche - Presidente da Associação Brasileira de Internet das Coisas (ABINC)
Apesar de casos bem-sucedidos de aplicação de IOT, a maturidade sobre o tema ainda é um desafio para executivos de TI do Brasil. Segundo dados da pesquisa “Antes da TI, a Estratégia“, em 2023, quase um terço (29%) dos líderes de TI acreditavam que seria essencial adquirir mais conhecimento e maturidade antes de se comprometerem com investimentos em iniciativas que envolvem a Internet das Coisas.
Paulo Spaccaquerche, presidente da Associação Brasileira de Internet das Coisas (ABINC), conhece esse cenário. Segundo ele, um dos motivos por trás disso é o “excesso de informação” que confundiu o mercado, gerando falta de maturidade e conhecimento sobre o tema em si. “Muito se falou sobre IOT e isso gerou confusão no mercado, porque se discutia a tecnologia e não o negócio”, afirma
O representante da ABINC também reforça que o IOT não é uma única tecnologia, mas um conjunto delas. Na sua avaliação, o tema pode ser encarado com uma base sólida sobre a qual aplicar diferentes “blocos” – inteligência artificial, analytics e sensores e dispositivos são exemplos disso. Por isso, é fundamental que o tema seja discutido de forma balizada e homogênea dentro de organizações.
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O case de aplicação da Veolia é exemplo disso. Quando a empresa pensou no IOT como solução para seu negócio, a troca de experiências desempenhou um papel importante no processo. Conforme explica Adriana, embora o nível de maturidade da Veolia Brasil possa ser considerado menor em comparação com as unidades de outros países, todas trabalham juntas, trocando experiências, para avançar e aprimorar suas práticas operacionais e de segurança de IOT.
A estratégia adotada pela companhia é de uma abordagem proativa para globalizar suas informações e se envolver em comunidades de compartilhamento de conhecimento, com foco na escalabilidade dos projetos.
Diferente da estrutura global que apoia a Veolia, a Vila 11 tem enfrentado o desafio de desenvolver o seu processo a partir do zero. O projeto de IOT da companhia ainda não completou seu primeiro ano e, de acordo com Metta, depende de uma base sólida para garantir seu sucesso.
Por isso, a empresa tem buscado o desenvolvimento do projeto baseado em uma divisão em blocos, implementados de acordo com o nível de maturidade do negócio. “Nós possuímos uma cultura da agilidade. Temos o objetivo de fazer rápido, mas começar certo, sendo os mais assertivos o possível para evitar retrabalho”.
Visto como uma das potenciais tecnologias que alavancarão o futuro do IOT, o 5G ainda não é uma realidade consolidada no país. “O Brasil ainda carece da infraestrutura necessária para suportar o 5G”, afirma Spaccaquerche, da ABINC. Ele salientou que, embora o 5G seja relevante, nem sempre é imprescindível.
Por conta disso, a tecnologia ainda não está associada aos projetos dos participantes. Para a Vila 11 e para a Veolia Brasil, implementar o 5G, por ora, não é um caminho de expansão do IOT, já que a conectividade móvel de quinta geração traz consigo uma série de desafios.
“Nosso caso tem uma particularidade, já que o meu cliente final quer ter um serviço de conectividade no prédio, seja a internet gratuita em uma área comum ou a assinatura de um canal de televisão. Por isso, já obtemos algumas parcerias com operadoras. Mas como elas já estão ali, não vemos necessidade da adoção do 5G. Ele não se aplica para nosso modelo de negócio no momento”, afirma Metta.
Adriana, da Veolia, destaca que apesar de atuarem fora dos perímetros urbanos, onde o 5G pode oferecer alternativas interessantes de conectividade no futuro, a falta de infraestrutura ainda é um desafio. “A maioria das nossas operações ocorre em áreas com conectividade desafiadora. Estamos atualmente explorando a possibilidade de utilizar conexões via satélite, reconhecendo a sua viabilidade em ambientes remotos. Enquanto isso, o potencial do 5G surge como uma oportunidade, embora percebamos a necessidade de desenvolvermos uma maior maturidade”, reforça.
Apesar dos obstáculos presentes, os executivos enfatizam que a IOT desempenha um papel crucial na transformação digital das empresas e demonstram um otimismo considerável em relação ao futuro. Assista ao vídeo para acompanhar o debate completo.
O IT Forum Series, em sintonia com as prioridades do mercado brasileiro de TI, traz, em seu sétimo episódio, uma tendência que ainda desafia gestores de TI, mas promete oportunidades: a adoção de IoT. Nesse relatório, a área de Estudos e Inteligência do IT Forum traz insights valiosos, frutos do estudo Antes da TI, a Estratégia, e reflete sobre o papel da TI junto à estratégia de internet das coisas de organizações. Baixe agora!
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