O IT Forum Series é um projeto editorial que convida líderes de TI das maiores empresas do País para discutir algumas das tecnologias e tendências de maior potencial transformador. Aliados aos dados do estudo Antes da TI, a Estratégia, pesquisa promovida anualmente com os CIOs e gerentes de TI, o Series busca contribuir com a evolução do mercado e do ecossistema de tecnologia da informação e telecomunicações brasileiros.
LAURA MARTINS (TEXTO) E RAFAEL ROMER (PRODUÇÃO E MEDIAÇÃO); PEDRO HAGGE E GEORGES NABAHAN (PESQUISA)
CONVIDADOS: JACKSON ANDRADE, DA SEPHORA; MARCELO ZUFFO, DO INOVAUSP E DO IEEE; E VALTER ANDRADE, DA VISA NO BRASIL
CAPTAÇÃO E EDIÇÃO DE VÍDEO: VORAZ FILMES
Dados são importantes ou muito importantes para 74% das empresas no Brasil. Daqui a dois ou três anos, segundo o Antes da TI, a Estratégia, realizado pela IT Mídia, serão 92%. Entretanto, apenas 11% das companhias se consideram data driven.
Esse mar de oportunidades ainda tem barreiras expressivas, de acordo com Pedro Hagge, gerente de estudos da IT Mídia, no terceiro episódio do IT Forum Series. O especialista divide que a baixa cultura no uso de dados para a tomada de decisões ainda é um dos maiores impeditivos.
“Um outro ponto que se destaca é a capacitação de colaboradores, não só na extração e uso inteligente de dados, mas na educação de usar os dados seguindo os dados regulatórios”, complementa.
O IT Forum Series é uma série de reportagens especiais publicadas pelo IT Forum ao longo de 2023 e, nessa edição, participaram Jackson Andrade, diretor de tecnologia da Sephora na América Latina; e Marcelo Zuffo, coordenador do InovaUSP e membro do IEEE (Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos); e Valter Andrade, diretor de data science da Visa no Brasil.
O debate foi mediado por Rafael Romer, repórter do IT Forum.
O início do debate demostra, de cara, o quanto os dados são importantes para os executivos – ainda que em verticais diferentes. Segundo Valter Andrade, ao pensar no cenário dos últimos dez anos, nós tivemos uma grande evolução. No passado, falava-se em trabalhar com componentes digitais, mas muito mais voltados para computação. O cenário atual, com o IoT mais presente, revela uma produção de dados muito maior do que no passado.
“A gente transaciona muito. Geramos, em um ano de processamento, mais de 250 bilhões de transações acumuladas. Para nós, é muito importante olhar para o dado de forma estratégica, senão não conseguimos produzir o conhecimento que queremos gerar para desenvolver a nossa estratégia. Quando você tem muito dado, é muito importante é entender daquele dado, o que vai ser transformado em informação e produzir algum conhecimento”, diz.
Jackson Andrade concorda ao dizer que, para a Sephora, os dados são uma questão de sobrevivência e diferencial competitivo.
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“Eu acho que chegamos em um contexto em que não é só uma questão de tecnologia, mas como utilizamos esses dados. Um fator importante da pesquisa é você ver que as empresas entendem a necessidade de ter uma estratégia de dados, mas poucos estão usando esses dados. Então aqui a gente tem uma jornada. Temos um processo de maturidade para passar a consumir esses dados e transformá-los em informações relevantes.”
O executivo afirma que, ao falar de varejo, o dado ajuda a entender o comportamento do cliente e estreitar o relacionamento com ele. Essa é, de acordo com ele, a melhor forma de conseguirmos nos aproximar dos clientes e entender a necessidade e a realidade dele é pelos dados.
“Os dados de volume, os históricos de consumo, ajudam a empresa a se projetar para o futuro. Os dados têm sido cruciais para responsabilidade do comitê e do dia a dia dos funcionários da empresa. Eu acho que existe uma grande mudança de mindset para os dados”, afirma Jackson.
O QUE NÓS MAIS QUEREMOS É SABER O FUTURO E TALVEZ CONSERTAR ALGUMAS COISAS QUE ESTEJAM INSTANTANEAMENTO NÃO DANDO CERTO PARA NÓS.
MARCELO ZUFFO - INOVAUSP E IEEE
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Dados são, inicialmente, um ativo. Um ativo, frisa Marcelo Zuffo, que tem implicações em praticamente todas as organizações humanas, as empresas, as cidades e os indivíduos. Com os dados fisiológicos, exemplifica, pode ter uma grande previsibilidade da saúde e existência.
“Sobre esse aspecto, a questão é extrair significado e esse significado passa a ter valor na existência daquela pessoa ou organização. O que nós mais queremos é saber o futuro e talvez consertar algumas coisas que estejam instantaneamente não dando certo para nós. Ninguém estava preparado para isso. Nós não estamos preparados tecnologicamente, nem em arcabouço jurídico, nem como humanos. São aquelas situações singulares em que a tecnologia nos atropela e de repente a gente percebe”, alerta o especialista.
Ele provoca os executivos e o público para um pensamento mais abrangente sobre o futuro dos dados. Diz que grande parte das empresas de tecnologia não duram mais de 20 anos e, hoje, as companhias estão colocando todos os dados na nuvem. “Pode ser que um dia ela desapareça. E aí, como é que fica? Esse é um risco.”
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“A primeira geração de dispositivos, as empresas mandavam tudo para nuvem. Hoje não, você começa a ter data pool locais, passa a ter IoT inteligentes. Por exemplo: eu tenho um pequeno data pool, então durante algumas semanas meus dados estão aqui e tem um algoritmo que roda e só manda para a minha nuvem local o que é realmente importante. Os dados começam a se distribuir. E não pode se esquecer da Lei de Moore. O custo de armazenamento cai à metade a cada dois anos. Existe um custo de fixo de operação em que as vezes vale a pena incorporar. Talvez daqui a uns anos vamos dar risada da nuvem, como damos risada do mainframe.”
O segundo risco, para ele, é o risco regulatório. Até a Europa colocar isso na mesa e o Brasil seguir o modelo europeu, as pessoas não tinham noção que trocavam seus dados, um bem super precioso, em função de uma conveniência. Hoje, com a LGPD, a primeira dor de cabeça de um gestor é a preocupação com a privacidade das pessoas que compartilham os dados.
“A questão do dado é a soberania. Uma empresa atuando legitimamente no mercado, ela tem sua legitimidade no exercício do seu negócio e isso traz o conceito de soberania. O fato de essas empresas existirem, cooperarem comercialmente, elas geram dados e precisam ter soberania de dados parar gerar riqueza, bem-estar”, alerta Marcelo.
Do ponto de vista de inovação, afirma Valter, as empresas não podem ser limitadas sobre entender o que existe. “Eu acho que o grande X da questão para gente é: depois que o dado que foi coletado, como eu garanto que o consumidor que está conectado com a gente, que o dado está seguro e com base nas regulações. Existe um universo que está acontecendo e temos que entender estrategicamente como participamos disso.”
“É o que a gente chama de privacy by design. Quando a gente começa a construir qualquer coisa, a gente já tem que trazer a privacidade no centro da construção. Então, tudo o que está no entorno é o que você consegue desenvolver e entregar”, complementa Jackson.
Dentro da Visa, o time vive para entender esse universo de segurança e IA, estudando como trabalhar o dado através de tecnologias pautadas em IA.
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“Pensando dentro do cenário corporativo, a gente trabalha para criar produtos e serviços que ajudem o cliente. Pensando na parte externa que são esses novos modelos, o que temos visto internamente para a gente é como aumentar eficiência do nosso dia a dia. Um código que normalmente eu precisaria pesquisar ou não tenho disponível, esses modelos ajudam a fazer. Um texto que eu preciso de um tempo para entender, esse tipo de ambiente te direciona de forma rápida.”
“O mercado tem uma necessidade estratégica de ter informações confidenciais e vemos um movimento de grandes players proibindo certas tecnologias para a exposição de um código”, pondera Jackson. Segundo ele, estamos em um momento exponencial dessas tecnologias, mas é preciso entender a aplicabilidade e o real objetivo daquela análise e daquela ferramenta. “É preciso entender até onde ir, quais são os benefícios.”
Nesse e-book, a área de estudos da IT Mídia investiga - com base no estudo 'Antes da TI, a Estratégia' e no debate promovido pelo IT Forum - a maturidade das companhias e dos executivos brasileiros quanto ao uso de dados. Baixe agora!
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