Universalização da internet pode trazer mais de US$ 152 bilhões ao PIB do Brasil

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10:37 am - 25 de maio de 2016
Universalização da internet pode trazer mais de US$ 152 bilhões ao PIB do Brasil
A universalização do acesso à internet no Brasil poderia injetar US$ 152 bilhões na economia brasileira até 2020, de acordo com levantamento realizado pela Strategy&, consultoria de estratégia da PwC. No mundo, o impacto no PIB seria de US$ 6,7 trilhões.
Além disso, 7% da população mundial, cerca de 500 milhões de pessoas, sairiam da condição de pobreza. Segundo o relatório, 56% da população mundial, cerca de 4 bilhões de pessoas, está desconectada. Com a inclusão digital, haveria cinco usuários de países em desenvolvimento para cada um de países desenvolvidos – hoje, essa relação é de dois para um.
A inclusão digital beneficiaria setores diversos da economia global. Destaque para o mercado de telecom, que poderia crescer em US$ 400 bilhões e o segmento de provedores de conteúdo, com crescimento de US$ 200 bilhões em cinco anos.
Para Ivan de Souza, sócio da Strategy& no Brasil, a universalização do acesso à internet no Brasil e no mundo é um dos grandes desafios a serem enfrentados. O movimento “tirará milhões de pessoas da pobreza, dará oportunidades de crescimento a elas, além de gerar mais negócios para empresas de diversos setores”, diz. “Para isso, precisamos de internet barata, de fácil acesso e com conteúdo relevante para todos.”
O estudo, desenvolvido para o Facebook, analisou 120 países por um período de dez anos e mostra como a internet mudaria com a entrada desses novos usuários. Além de mensurar o impacto na economia, o levantamento sugere dez maneiras para universalizar o serviço, divididas em três áreas: conectividade, conteúdo e acesso subsidiado em pontos de venda de produtos e serviços.
Reduzir o custo do acesso à internet é a primeira medida para a universalização dos serviços. Segundo o estudo, é preciso uma queda de 70% no preço para que a inclusão digital alcance 80% da população mundial. No Brasil, a redução no custo deve ser de 68%. É mais do que no México (60%) e Índia (66%), mas menos do que na China (81%) e Vietnã (76%).
De acordo com a consultoria, o desafio é grande porque é necessário reduzir o preço e, ao mesmo tempo, investir no acesso para populações que vivem em áreas sem cobertura – um investimento alto. A conexão em boa parte dos países em desenvolvimento é feita em 2G, uma tecnologia defasada em 20 anos e ineficiente.
O 2G, por exemplo, que não permite alta velocidade de transmissão de dados, é uma barreira ao uso de streaming, tecnologia usada pelos fornecedores legais de música e vídeos legalizados. Na prática, a limitação tecnológica incentiva o download de conteúdo de sites piratas. A mudança para a 3G ou 4G favoreceria o streaming e reduziria a circulação de conteúdo ilegal, beneficiando a indústria como um todo.
A segunda medida é a produção de conteúdo local. Hoje, boa parte do conteúdo é produzida pelos países desenvolvidos para atender demandas de seus habitantes. Uma alternativa apontada pelo estudo é investir em conteúdo ligado à educação e aos serviços públicos.
E a terceira medida são ações inclusivas pontos de venda de produtos e serviços, como estratégias de marketing que permitam o acesso a novos usuários. Um exemplo: cyber cafés. Cerca de 53% do primeiro acesso à internet em Gana, Zâmbia e Quênia ocorreu nesses locais. E, entre os canais de acesso, cyber cafés são o segundo mais popular, com 41% dos acessos nos últimos 12 meses, atrás apenas de smartphones (71%) nesses três países. Essas ações têm potencial para tirar da exclusão virtual 500 milhões de pessoas no mundo.
As 10 medidas para inserir novos usuários
Confira os dez movimentos sugeridos pelo estudo para possibilitar a universalização do acesso à rede.
Em conectividade estão:
1. Transição da tecnologia 2G para outra mais avançada: Internet torna-se mais acessível;
2. Melhorar a distribuição de conteúdo: Facilitar o download de conteúdo legal para o consumo off-line;
3. Expandir e melhorar a infraestrutura de internet nacional e internacional e reduzir os custos de conexão.
Já no quesito conteúdo, o levantamento aponta:
4. Produzir conteúdo educacional relevante, dando uma razão para as pessoas se conectarem;
5. Disponibilizar serviços sociais online, facilitando a interação dos cidadãos com os governos locais;
6. Oferecer conteúdo economicamente relevante: as pessoas se tornam mais propensas a acessar a internet se isso significar mais oportunidades de aprendizado, aumento de renda e acesso ao mercado de trabalho.
Também é preciso movimento para possibilitar ações inclusivas em pontos de venda:
7. Criar um modelo de venda que passe a percepção ao novo usuário de que a internet vai agregar valor para eles;
8. Subsidiar o acesso, tornando-0 mais barato à população de baixa renda;
9. Propostas simples de valor para reduzir o risco financeiro dos novos usuários;
10. Usar novas tecnologias para inserir a população que vive em locais mais remotos.

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