Todas as mudanças são anunciadas pelo caos

O alerta vai para o ambiente corporativo, em que a ordem artificial pode gerar uma desordem natural, quando as pessoas exercem funções que não desejam

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10:30 pm - 14 de setembro de 2023
Dante Freitas e Renan Hannouche, da Singularity University Dante Freitas e Renan Hannouche, da Singularity University. Foto: Divulgação IT Forum

O clima no segundo dia do IT Forum Salvador, da IT Mídia, esquentou com a primeira apresentação da manhã que, se não despertou as mentes dos participantes, no mínimo, plantou uma semente em cada uma delas. Foi o que provocou a plenária “Liderança no Caos – o impacto dos 4 pilares: Complexo, Antifrágil, Orgânico e Social” conduzida pelos empreendedores, professores da Singularity University Brasil, fundadores da Gzero e cofundadores da Loomi e Acaso Renan Hannouche e Dante Freitas.

Hannouche acenou com dados de estudos de abril de 2023 que mostram que 60% dos colaboradores das empresas estão desengajados e 19% estão totalmente infelizes. “Ou seja, tem muita gente não querendo estar onde está”, disse. O que dá para entender, ele prossegue, porque resultados esperados não estão sendo alcançados. E mais: “O caos está inserido na ordem artificial”.

Freitas coloca mais lenha nessa fogueira: “É preciso resolver o caos interno de cada um. Afinal, como construir algo diante do desconhecido? E na disputa em arenas de mercados com concorrência acirrada, a real é que ‘Não tem para todo mundo. É matar ou morrer’”.

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Mas Freitas explica: “Caos tem a ver com coerência. Sendo assim, quanto mais incoerente a situação ou posicionamento, mais próximo estará do caos”. E dá o exemplo de ambidestria, quando um setor promove ao mesmo tempo o cuidado com a saúde e a venda de remédios.

Essa citação desperta para refletir que não adianta querer ser sustentável, quando a sua aplicação não é viável. E que, na maior parte das vezes, não vemos as coisas como são e sim como somos.

Mas, afinal, o que caracteriza o caos e a ordem?  Na ordem, o ambiente é conhecido, é estar na zona de conforto e há estabilidade. No caos impera o desconhecido, há descobertas e, portanto, transformações. O que leva a crer que o caos não é o vilão e, curiosamente, necessário para a evolução e o crescimento – ou seja, “todas as mudanças são anunciadas pelo caos”.

Então, qual é o limite do caos? “O entusiasmo é o sentimento que comprova que estamos nesse limite”, afirmou Hannouche, acrescentando que evoluímos quando encontramos o equilíbrio entre a zona de conforto e os desafios impostos.

No final do dia, tudo isso, segundo os professores, estará apoiado na arte de traduzir a tecnologia para uma linguagem humana. E Freitas dá o seu recado: “A partir de agora, a tecnologia é um jogo que se joga junto, como em um trabalho de escola, em colaboração, com mais conexão, qualidade de vida, acolhimento e propósito”.

Painel traz luz ao caos

Mediado por Déborah Oliveira, diretora de Conteúdo da IT Mídia, o painel que contou com as participações de Daniel Castanho, presidente do Conselho de Administração da Ânima Educação; Marco Bravo, head do Google Cloud no Brasil; e Rafaela Rezende, presidente da VTEX Brasil, trouxe luz sobre o caos, agora exibindo a credencial de agente disruptivo de negócios.

Segundo Castanho, as empresas precisam atentar para a questão de como motivar o conflito de ideias. “É por meio dele que conseguirão crescer, e ouvindo o que o outro está falando. O líder deve abrir mão de ser sempre o dono da última palavra”, alertou.

Déborah Oliveira (IT Mídia), Marco Bravo (Google Cloud), Daniel Castanho (Ânima) e Rafaela Rezende (VTEX). Foto: Divulgação IT Forum

Bravo contribuiu dizendo que só há uma maneira de virar a chave desse quadro, criando um ambiente que dê oportunidade de as pessoas falarem o que elas pensam. E sugeriu trocar o lema “Ordem e Progresso” para “Ordem, Caos e Progresso”.

Para Rafaela, as decisões ousadas estão relacionadas ao erro. “O erro engrandece todo o processo, leva à busca pelo acerto, a caminhos inusitados, ao aprendizado. O resultado disso é extraordinário”, afirmou.

“Já perceberam que é no ócio, com a mente limpa que surgem grandes ideias? É o ócio criativo. Por isso, quando realizamos reuniões sem pauta é engrandecedor, muito diferente d que acontece em reuniões ordenadas.”

E provocou: “Por que não mexer em estratégias que estão dando certo? E só mexe diante do caos? As atualizações devem ser constantes, no caos e fora dele.”

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Solange Calvo

Diretora-editorial da Intertexto, jornalista especializada em produção de conteúdo digital, gestão de redes sociais, ghost-writer, colaboradora da Plataforma Febraban Tech, da Febraban;  IT Forum, da IT Mídia; e Convergência Digital.

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