Sete previsões tecnológicas para este ano

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9:57 am - 12 de abril de 2016
Sete previsões tecnológicas para este ano
A tecnologia está em constante evolução e é difícil prever o que está por vir, mas sempre há as tendências que mais se destacam e prometem ganhar força ao longo do ano. Para 2016, a Accenture traça sete previsões tecnológicas que podem ser esperadas, com base em pesquisas e interações com clientes.
1. Super plataformas geram um bilhão de novas emissoras
O crescimento, poder e influência das super plataformas – como Amazon, Apple, Facebook e Google – terão destaque na indústria de mídia e entretenimento ao longo dos próximos meses e no National Association of Broadcasters Show, que começa dia 16 de abril, em Las Vegas (EUA). Conhecidas por seus produtos e serviços focados no consumidor, essas empresas também têm infraestrutura, escala e alcance para fornecer super plataformas e serviços de nuvem atraentes e de baixo custo. Durante o evento, esteja atento às notícias sobre ofertas de produtos de vídeo concorrentes que surgiram como um canal cada vez mais importante para os consumidores.
 
Os gigantes das super plataformas estão em um ritmo acelerado de inovação que irá estimular uma quantidade crescente de rupturas radicais para as emissoras. Por exemplo, para o Facebook, o vídeo é uma forma primária de comunicação crescente e o Livestream da empresa é um excelente exemplo. De acordo com o Facebook, a empresa vai capacitar aproximadamente um milhão de novas emissoras, com um público em potencial de mesma proporção, juntamente com uma capacidade de análise para fazer as conexões certas.
 
Considere o que bilhões de novas emissoras poderiam fazer para a transmissão de notícias ao vivo, onde todos tornam-se um cinegrafista. Ao contrário das emissoras que constantemente têm dificuldades para decidir que imagens salvar e arquivar, o Facebook vai reescrever as regras de armazenamento, armazenando tudo.
 
2. A invasão de bloqueadores de anúncios ameaça a propaganda digital
A publicidade digital está sendo ameaçada e essa questão deve ter grande destaque durante o NAB Show. Uma pesquisa recente da Accenture revela uma frustração generalizada dos consumidores com anúncios digitais mal direcionados e um interesse crescente no uso de bloqueadores. A maioria dos consumidores entrevistados disse que os anúncios digitais são muito frequentes e não tratam de seus interesses pessoais. Os bloqueadores de anúncios estão se tornando um aplicativo necessário para esses espectadores, e a crescente sofisticação dessas ferramentas ameaça minar a receita das empresas de mídia e entretenimento.
 
Esses desafios afetam não apenas os anunciantes, mas também editoras, emissoras, provedores à cabo, provedores de serviços de Internet, criadores de conteúdo e consumidores. A expectativa é que haja muitas novidades focadas no que pode ser feito para personalizar o conteúdo da publicidade para os consumidores e em criar um sistema monetário que funcione.
 
O “jogo de gato e rato” entre os anunciantes digitais e provedores de bloqueio de anúncios será um tema importante, ao mesmo tempo que os fornecedores apresentam novas soluções programáticas apoiadas por poderosos mecanismos de análise. Essas soluções poderão fazer uma melhor coleta de dados, de diferentes fontes, e combinar os anúncios com públicos específicos. A publicidade programática também poderá ser vista em vários dispositivos, promovendo uma experiência consistente. Haverá anúncios sobre formatos bem-sucedidos de propaganda, que se beneficiam de ferramentas de análise, possibilitam a interatividade, incorporam textos em tempo real e integram conteúdo e anúncios.
 
3. A realidade virtual torna-se real
O tema realidade virtual ganhará mais importância do que nunca no NAB deste ano. Para os participantes do evento, a tecnologia de realidade virtual (VR) oferece oportunidades financeiras e criativas. A tecnologia abre as portas para a comunicação de novos tipos de histórias e para a venda de uma experiência única de imersão para uma ampla audiência. Um público crescente não está mais assistindo TV linear ou indo ao cinema de forma tradicional.
 
As capacidades técnicas da realidade virtual estarão em exibição em câmeras, iluminação, produção, efeitos especiais, shows, edição, distribuição de mídia, codificação, dispositivos vestíveis, projetores e aplicativos móveis. Os fornecedores, em particular, irão exibir as últimas novidades em VR para esportes ao vivo.
 
Assim como a realidade virtual, a realidade aumentada (AR) também será um tema de destaque. Esta tecnologia pode ajudar diretores a projetarem efeitos pré-visuais em uma cena ao vivo; a realidade virtual pode ajudar produtores a mexer com qualquer elemento de uma cena antes de usá-la. Atente-se aos importantes avanços em computação em nuvem que estarão presentes no back end, processamento de conteúdo VR/AR no front-end, e na distribuição para aplicativos e dispositivos móveis de uma forma que não prejudique a largura de banda. Veja também anúncios e exibições de vários estúdios de VR gerando conteúdo para este mercado.
 
Sob uma perspectiva comercial, o tema de VR focará no desafio de monetizar a experiência e oferecer soluções de baixo custo, personalizadas para o usuário casual, dando-lhes a oportunidade de expressar sua criatividade por meio da mídia. Esta é a única maneira da VR deixar seu nicho especializado e evitar o mesmo destino do 3D. Aguarde por muita experimentação com VR e criação de uma experiência de visualização mais intimista.
 
No All-Star Weekend da NBA deste ano, a liga norte-americana testou a tecnologia freeD da Intel, que permite aos fãs experimentar uma visão de 360 graus para reproduções em suas TVs, no site ou no aplicativo da NBA. A tecnologia ainda precisa progredir antes de atingir todas as telas – independentemente de sua dimensão – mas as empresas vão usar o NAB para explorar todo o potencial da mídia para captura, compressão, transmissão e exibição de conteúdo especificamente para o esporte. Não importa o que a próxima onda de tecnologias poderá trazer para as empresas de broadcasting; entrega rápida, flexível e ágil será fundamental.
 
4. A grande revolução na transmissão: ATSC 3.0
Para as emissoras tradicionais, a versão 3.0 do padrão ATSC (Advanced Television Systems Committee), chamado ATSC 3.0, oferece a melhor chance para competir com provedores digitais, como o Netflix e empresas de tecnologia – incluindo a Apple – que se destacam no mercado digital.
 
O padrão poderia permitir que as emissoras norte-americanas evitem os Distribuidores de Programação de Vídeo Multicanal, que são prestadores de serviços, tais como empresas de TV à cabo que oferecem serviços de programação de vídeo geralmente com uma taxa de assinatura como “Pay-TV”. Isso permitiria que os sinais lineares chegassem à maioria das TVs com resolução de vídeo 4K ou HD, incluindo ofertas mais amplas over-the-air.
 
Durante o NAB acontecerão importantes anúncios de emissoras que estão testando ATSC 3.0 com transmissões 4K, interatividade, inserção de anúncio local, guias de serviço e entrega de conteúdo para dispositivos móveis. O ATSC 3.0 será o grande disruptor que a indústria tem reivindicado.
 
O padrão oferece uma plataforma comprovada e acordada para a transmissão de TV digital em redes terrestres, à cabo e via satélite. Também oferece grandes melhorias em relação aos padrões de transmissão antiquados que os fornecedores utilizavam anteriormente. Ao adotar este padrão, eles têm um meio flexível para oferecer uma ampla gama de serviços digitais que variam de 4K a streaming móvel.
 
O padrão ATSC 3.0 deverá chegar à fase final de aprovação este ano. Uma vez formado o consenso da indústria, prevemos que uma série de serviços chegará ao mercado alimentada pelas capacidades do ATSC 3.0.
 
A aplicação mais imediata será em transmissões 4K over-the-air. A entrega de conteúdo de maior qualidade com mais eficiência vai dar ao público uma clara diferenciação entre as emissoras e os melhores provedores. 
 
5. Data Driven Broadcast: o que isso significa?
As mudanças nas expectativas dos consumidores digitais será um tema com enorme destaque no NAB. Os serviços de vídeo devem agora aprender as preferências pessoais e continuamente atualizar, customizar e melhorar as experiências que eles oferecem em múltiplas telas. Todas as experiências em navegação, consumo, publicidade e marketing devem ser relevantes. Caso contrário, os consumidores vão se sentir mais frustrados e estarão menos engajados.
 
Durante o NAB, aguarde por novidades sobre como os dados e as análises podem alimentar a inovação de produtos, marketing, publicidade, criação de conteúdo e operações. Isso significa não apenas “mais comunicação”, mas os insights de negócios estarão disponíveis em tempo real, e modelos preditivos e práticos vão estimular e adaptar proposições. As plataformas de fornecedores devem convergir dados de fontes distintas, tradicionais e digitais, e medir o feedback para promover uma experiência em constante evolução e relevante ao consumidor. Sob a perspectiva comercial, o assunto mais popular entre os participantes será a promoção do uso de processos orientados por dados que suportam, em vez de impedir, programas criativos e editoriais.
 
As emissoras estão ousando para abranger decisões e operações baseadas em dados, beneficiando-se de informações do consumidor, da mesma forma que as super plataformas fazem para manterem-se atraentes e rentáveis. A disponibilidade dos consumidores para compartilhar seus dados pessoais em troca de melhores experiências é a oportunidade. Porém, ainda há dúvidas:
Como se tornar um negócio verdadeiramente “orientado por dados”?
Como os editores vão usar dados de consumo para tomar decisões informadas de comissionamento e aquisição, sem deixar de lado a criatividade?
Quais experiências são mais eficazes para influenciar a fidelidade por segmento, aumentando os principais indicadores de desempenho críticos de conteúdo consumido por “sessão”?
Quais formatos e temas de anúncios terão melhor repercussão em cada segmento de consumidor?
Quais consumidores são mais propensos a comprar assinaturas premium?
6. Urgência na entrega de conteúdo digital
As expectativas dos consumidores estão crescendo mais rápido do que nunca. Estimulados pelas mídias sociais, esses consumidores são agora mais engajados e tecnologicamente alfabetizados. Suas expectativas são mais elevadas. Neste turbilhão de constante mudança, em nenhum lugar este ritmo é mais rápido e amplo do que no mundo dos esportes. O público de grandes eventos como futebol, Copa do Mundo e Jogos Olímpicos continua forte. As emissoras estão investindo milhões de dólares em acordos de exclusividade para garantir que provedores over-the-top concorrentes continuem a ser o único veículo para a entrega de vídeo em uma TV ou dispositivo móvel.
 
Esteja atento às novidades sobre a expansão de conteúdos esportivos em dispositivos móveis e na Internet, à medida que os provedores buscam usar este ativo para reforçar suas estratégias digitais e investimentos. A entrega de conteúdo em dispositivos será um assunto em alta no NAB. Espere por notícias sobre como a tecnologia em nuvem será um facilitador importante desta capacidade. As emissoras de esportes estão usando a nuvem para gerenciar melhor as exigências de largura de banda para livestreams e reduzir os custos de produção. Considerando que antes elas ofereciam este conteúdo online de graça, agora elas estão à procura de formas para lucrar.
 
Para lidar com este ritmo frenético de mudança é crucial criar organizações de entrega que estejam abertas à mudança e inovação, e incentivar a transparência e previsibilidade, reforçada pelo apoio aos processos para assegurar uma produção de alta qualidade. As equipes precisam oferecer produtos aos consumidores com mais rapidez e reiterar com agilidade com base no feedback.
 
Especialistas técnicos e equipes complementares devem ser incorporados em uma “fábrica” eficaz criada para apoiar os objetivos e as capacidades da empresa. As organizações bem-sucedidas devem aproveitar esta oportunidade, alimentar a inovação e basear-se nos insights que ela traz.
 
7. O cancelamento de assinaturas (cord-cutting) não irá acabar com os canais à cabo
É um mito dizer que as empresas de TV à cabo estão enfrentando seus últimos dias de existência. Enquanto provedores over-the-top (OTT) estão desfrutando da onda de sucesso com produção de conteúdo próprio e contratos internacionais, a TV à cabo e as emissoras mantêm algumas vantagens distintas que vão mantê-las no mercado. Este será um assunto de destaque no NAB.
 
Embora uma pesquisa da Accenture forneça evidências de que os espectadores estão assistindo mais shows e filmes em dispositivos móveis, ainda acreditamos que provedores à cabo, emissoras e provedores de TV paga mantêm uma posição de força.
 
A visualização pode estar fragmentada, mas os consumidores estão nos dizendo que ainda valorizam plataformas confiáveis com conteúdo popular (ex: eventos esportivos ao vivo) pelo qual eles recebem uma conta. Apenas os provedores à cabo podem oferecer esta experiência premium.
 
Um pacote completo OTT continua a ser uma proposta cara e complexa, que representa um desafio para a maioria dos telespectadores. O ônus está sobre eles para montar um pacote com vários provedores. Mesmo assim, eles ainda não conseguem assistir aos shows que querem. Este será um assunto importante para acompanhar no evento.
 
Aguarde também notícias sobre mais inovações nas empresas de TV à cabo e emissoras na arena digital. Por exemplo, haverá novidades sobre integração cruzada entre as plataformas digitais e set-top boxes, ferramentas de descoberta de conteúdo mais inteligentes, e opções fáceis de usar offline e time-shifting. Da mesma forma, os provedores OTT vão demonstrar que também podem oferecer uma experiência de transmissão superior com a mesma qualidade do cabo. Integração e menos complexidade serão uma característica definitiva de suas ofertas. Pode levar um tempo, mas eventualmente cord-cutting vai se tornar uma realidade, mas não agora.

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