Em crescimento, Serpro quer faturar R$ 4,2 bi em 2024

Empresa deve alcançar R$ 3,8 bi ainda esse ano, ressalta o diretor-presidente Alexandre Amorim em entrevista exclusiva ao IT Forum

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8:02 am - 12 de setembro de 2023
Alexandre Amorim, diretor-presidente do Serpro. Foto: Divulgação

O Serviço Federal de Processamento de Dados, ou apenas Serpro, como é mais conhecido, beira os 60 anos de idade. Foi fundado em dezembro de 1964, alguns meses após o golpe militar de abril daquele ano, com o objetivo de modernizar a administração pública do governo recém-formado, particularmente a Receita Federal – ou seja, o principal órgão de arrecadação em âmbito federal.

Desde então cresceu e se tornou a maior empresa pública brasileira de serviços de tecnologia. Em 2022 o faturamento foi de R$ 3,6 bilhões, com expectativa de alcançar R$ 3,8 bilhões esse ano – eram R$ 2,15 bilhões até o mês de agosto.

São atualmente 10 filiais espalhadas pelo País, além da sede em Brasília (DF). O número de funcionários supera os 11 mil.

“A ideia é crescer enquanto empresa pública e de Estado. Não somos só prestadores de serviços, somos desenvolvedores de soluções, produzimos inovação e, para 2024, a previsão do faturamento anual é de R$ 4,2 bilhões”, diz ao IT Forum o diretor-presidente do Serpro, Alexandre Amorim.

Atualmente submetido ao Ministério da Fazenda, o Serpro não recebe verbas oriundas do Orçamento Geral da União (OGU) desde 2004. Ou seja, ele depende de contratos com órgãos e entes da administração pública nas três esferas – federal, estadual e municipal – nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

Segundo Amorim, o Serpro é hoje responsável por cerca de 90% dos sistemas estruturantes do Governo Federal. “Na nossa gestão, a tendência é a de expandir cada vez mais os serviços, buscando uma maior interiorização para que a tecnologia chegue de igual forma a estados e municípios”, diz.

A observação do executivo tem razão de ser. Atualmente 80% do faturamento da estatal vem de contratos com órgãos e entidades do Governo Federal. São 706 contratos ativos, com clientes como a Receita Federal (o Serpro é responsável pelo programa de declaração do imposto de renda e da emissão da Nota Fiscal Eletrônica, por exemplo).

Há ainda projetos com a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) – a Carteira Digital de Trânsito –, o Ibama – Sistemas de Monitoramento de Produtos Florestais – e o Ministério do Trabalho – eSocial e FGTS Digital –, além do Gov.br com o Ministério da Gestão e da Inovação, entre outros projetos. Esse último, aliás, é um dos maiores pilares da estratégia federal de digitalização de serviços públicos.

Os demais 20% do faturamento do Serpro vem de contratos distribuídos entre 24 mil clientes no mercado privado, estados e municípios e até pessoas físicas.

Eixos estratégicos

Alexandre Amorim, o diretor-presidente do Serpro, tem um longo histórico em empresas e órgãos da administração pública. Entre 2006 a 2012, trabalhou em projetos de planejamento e implantação de polos tecnológicos e de um projeto de reestruturação administrativa no Uruguai. Pouco mais tarde, entre 2013 e 2015, foi diretor do Instituto de Pesquisa, Administração e Planejamento de São José dos Campos (Ipplan).

Em 2015, assumiu a Secretaria de Administração e de Governo na Prefeitura Municipal de São José dos Campos. No ano de 2021, atuou como secretário-adjunto de Inovação e Tecnologia na Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia da Prefeitura de São Paulo. E 2020 foi diretor-presidente da Empresa de Tecnologia da Prefeitura de São Paulo, a Prodam, maior empresa de tecnologia de um governo municipal da América Latina.

“Nossa gestão tem como compromisso olhar para frente e pensar em como o Serpro, enquanto empresa pública, pode trabalhar em prol do Brasil. A tecnologia tem que estar a serviço das pessoas: ela facilita a vida de muita gente, mas também precisa ser acessível para toda gente”, diz o executivo ao IT Forum.

Na prática, diz ele, isso significa que a tecnologia precisa ser fácil de entender, leve (para rodar em aparelhos mais simples e acessíveis) e capaz de chegar em quem não tem boa conexão de internet. “[As soluções tecnológicas devem dar] acesso aos serviços públicos para quem não teve a oportunidade de ter um letramento digital, para quem não cresceu entre telas”, ressalta.

Essa experiência, no âmbito do Serpro, leva a algumas prioridades. Primeiro prover plataformas de negócio que impulsionem a transformação digital do Estado, seja melhorando a experiência ao cidadão ou trazendo mais eficiência ao Estado, “ao mesmo tempo em que se promove a inclusão sociodigital”.

Depois, enumera o executivo, vem “valorizar pessoas e ter uma cultura organizacional de empresa de Estado. Não se faz tecnologia sem pessoas”. O desafio, diz ele, é atrair e reter profissionais e promover a melhoria do clima na empresa.

“Além desses dois destaques no nosso planejamento estratégico temos, como norte, fortalecer a marca do Serpro enquanto empresa pública, trazer inovação para nossas soluções, potencializar a base de clientes e garantir nossa sustentabilidade econômica e financeira”, completa.

Inclusão social

Perguntado sobre como o Serpro conjuga esforços com governos, particularmente o Federal, para a formulação de políticas públicas na área de tecnologia, Amorim diz que se trata de um trabalho multisetorial e com o objetivo de promover uma “cidadania digital”.

“O avanço tecnológico deve ser visto como uma poderosa ferramenta de inclusão social, jamais como mais um instrumento de segregação”, pondera.

O diretor-presidente também ressalta que o Serpro está implementando uma agenda ESG, com o objetivo de conectar cultura interna e entregas aos eixos social, ambiental e de governança. E conta que essa agenda inclui investimentos sociais e o lançamento do chamado Programa Agora – que busca incluir minorias e grupos minorizados no mercado de tecnologia.

São dois editais em andamento para populações minorizadas: o Agora 3T: Tecnologia para Pessoas Trans e Travestis, cujas inscrições já estão encerradas, e o Agora 2M: Tecnologia para as Mulheres.

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Marcelo Gimenes Vieira

Jornalista com mais de 13 anos de experiência nos setores de TI, inovação, games, telecomunicações e saúde, sempre com um viés de negócios.

É fundador do The Gaming Era, primeiro portal brasileiro de notícias de negócios com foco no mercado de jogos eletrônicos, os games.

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