Segurança da informação e conectividade farão diferença no Open Insurance

B3 e Finansystech criam plataforma para apoiar seguradoras em todo o trâmite tecnológico e regulatório de informações

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5:25 pm - 24 de fevereiro de 2022
Ícaro Demarchi Araujo Leite, superintendente de produtos de seguros da B3 Ícaro Demarchi Araujo Leite, superintendente de produtos de seguros da B3

A primeira fase de implementação do Open Insurance no Brasil começou no fim de 2021. Sua implementação total deverá acontecer até meados de 2023 – quando as seguradoras poderão utilizar dados pessoais e públicos dos clientes que as autorizarem.

Por fazer parte do escopo de Open Banking, o Open Insurance ganhou agilidade em diversos pontos de sua implementação. Ícaro Demarchi Araujo Leite, superintendente de produtos de seguros da B3, explica que os parâmetros mínimos de comunicação, distribuições de API e confirmação de informações são alguns dos pilares de infraestrutura que puderam ser aproveitados em curto espaço de tempo.

“Desde a publicação da norma até a primeira entrada, em dezembro do ano passado, não foram necessários nem seis meses. Porém, o Open Insurance ainda está em processo de implementação. Em março deste ano, haverá a data obrigatória e, em tese, a primeira fase funcionando propriamente”.

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O profissional diz que, na primeira fase, serão usados os dados públicos. Já na segunda fase serão trabalhados os dados consentidos.

“O desafio nesse momento serão os dados. Nós temos os dados organizados (a parte mais fácil); os desorganizados (que precisarão ser organizados antes de transferidos); e os que não existem (o mais difícil, pois será preciso gerar a informação antes do tráfego)”. A boa notícia é que, no caso das seguradoras, os dados estão mais organizados em relação às instituições financeiras pois existe o Sistema de Registro de Operações – uma demanda regulatória que obriga a organização para manter um ambiente de registros.

Será um desafio, também, a cibersegurança. Por se tratar de dados sensíveis e consentidos pelos clientes, é crucial um nível de segurança, criptografia e checagem para mandar a informação de um ambiente para o outro. O mercado precisará, ainda, entender a instantaneidade da transmissão de dados.

Ícaro faz uma analogia com o mercado financeiro. Os dados de uma conta corrente mudam muito (e muito rápido). Dessa forma, a atualização das informações precisa ser em tempo real. O mercado de seguros, por sua vez, não tem tantas modificações e, provavelmente, não precisará dos dados online tão rapidamente. Mas os movimentos ainda estão sendo construídos.

Mudanças para empresas e clientes

“Será importantíssimo educar a população. O mercado de seguros é diferente do mercado bancário. No bancário, a percepção de valor é mais rápida (como aconteceu com o pix). O seguro depende de algumas circunstâncias para ter a percepção de valor, mas um dos momentos em que o cliente poderá sentir a diferença será no contrato com a seguradora. Hoje, ao contratar um seguro de automóvel, por exemplo, a pessoa precisa fazer diversos cadastros. Com o Open Insurance, as seguradoras poderão enviar os dados entre si”, frisa Ícaro.

Outro fator que possivelmente engajará o consumidor é a possibilidade de acessar novas empresas. Hoje, o cliente depende de um corretor (que não tem contato com todas as companhias existentes) ou faz a pesquisa por si (que dificilmente também chega em todas as opções). Mas, com o Open Insurance, vão surgir novas possibilidades, como market places para buscar diversas opções de seguradoras.

A variação de propostas diferentes poderá, indiretamente, diminuir os valores de seguros. “As margens nem sempre são tão grandes para as seguradoras, mas ao abrir o leque, o cliente consegue escolher uma seguradora que esteja de acordo. E, se a seguradora estiver perdendo mercado e achar que tem como se movimentar, acontecerá. Vai diminuir 80% o preço dos seguros? Óbvio que não. Mas poderá diminuir um pouco”, revela Ícaro.

Solução viabiliza Open Insurance

Olhando para esse mercado, a B3, em parceria com a startup Finansystech, desenvolveu uma plataforma para ajudar as empresas a cumprirem as normas do Open Insurance. A solução foi criada para facilitar e agilizar o procedimento de adesão aos sistemas abertos, usando os modelos de segurança cibernética e padrões operacionais do Open Banking.

A plataforma realiza a gestão de dados compartilhados, integração de sistemas, além de gestão de diretório, gestão de consentimento, motor de regras de negócios, entre outros processos operacionais. Desta forma, as seguradoras não precisam montar uma estrutura tecnológica própria para atender às normas da Superintendência de Seguros Privados (Susep).

“Quando a gente fala do mercado segurador, ele anda muito perto do mercado financeiro ‘puro’. No fim, eles são complementares. Em algum momento, esses dois mercados vão começar a se falar e isso é algo que os reguladores observam e querem fomentar. Como já temos uma solução no mundo bancário, fazer a mesma coisa para o mundo securitário se tornou quase que simples. No futuro, esse cliente poderá aproveitar a parte de Open Banking e até entrará em mercados que ele não atuava. Hoje um corretor tem um papel importante na vida das pessoas, mas ao mesmo tempo poderá ser o personal banking. O contrário também é uma verdade”, diz Danillo Branco, CEO da Finansystech.

Danillo comenta que a plataforma garante segurança e conectividade para a seguradora dentro do Open Insurance. Todo o trâmite de informações é feito pela plataforma e garante a segurança necessária. Como a regulação obrigada que todas as seguradoras tenham padrões de comunicação e segurança, os dados poderão ser tramitados ainda que apenas uma das empresas utilizem a solução da B3 com a Finansytech.

“Um dos diferenciais intangíveis da nossa plataforma é o âmbito regulatório. É muito caro manter uma equipe que olhe apenas para o regulatório. O colaborador que só foca no regulatório não necessariamente gera valor para a companhia e precisa se especializar em algo que não é o core da companhia. Com a plataforma, a empresa consegue focar em seus negócios”, diz ele.

Além disso, em termos de agilidade, para criar uma plataforma completa uma companhia pode gastar até seis meses de desenvolvimento. Ao contratar a solução, a implantação é feita em aproximadamente uma semana.

Hoje, as empresas já possuem alguns clientes de diversos tamanhos, inclusive aqueles que ainda não têm obrigatoriedade de utilizar o Open Insurance. Ícaro explica que a Susep segmenta o mercado em: S1 (grandes seguradoras ligadas ao banco), S2 (grandes seguradoras não ligadas ao banco), S3 (médias e pequenas), S4 (microsseguradoras). A exigência de participação é somente para S1 e S2, mas as S3 e S4 também devem olhar como uma oportunidade.

“Quem mais tem oportunidade de mercado são as S3 e S4, pois possuem produtos muitas vezes hiperpersonalizados e ela pode melhorar as ofertas ou até entender o porquê de não conseguir vender determinado produto que outras empresas conseguem. Isso gera uma concorrência mais justa para que as pessoas sejam beneficiadas”, finaliza Danillo.

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