Positivo traz smartphones Infinix ao Brasil e reforça estratégia de ser plataforma multimarcas
A Positivo Tecnologia anunciou nesta semana que entrará na disputa pelo mercado de smartphones intermediários no Brasil. A nova aposta da fabricante nacional no setor vem através de uma parceria com a Infinix, no segmento de aparelhos acima de R$ 1 mil. Com a estratégia, a companhia busca ocupar o espaço deixado pela LG, que abandonou o mercado de smartphones neste ano.
Segundo Hélio Rotenberg, presidente da Positivo, a empresa busca parceiros no setor há ao menos três anos. Na época, a companhia brasileira chegou perto de fechar uma parceria com a Huawei para comercializar dispositivos da fabricante no país. O acordo permitiria à Positivo bater de frente com empresas como Apple e Samsung pelo segmento premium do mercado.
A negociação, no entanto, não avançou. Meses depois, a Huawei passou a integrar uma lista de restrições do governo dos Estados Unidos que a impediu de fazer negócios com empresas do país. Com isso, a Huawei a também passou a sofrer restrições no uso do sistema operacional Android, do Google, e sofreu um baque no mercado global. “Ainda bem que retrocedemos a tempo por tudo que aconteceu com aquela empresa que seria nossa parceira”, comentou Rotenberg.
Desta vez, com o bem-sucedido acordo com a Transsion Holding, fabricante chinesa dona da marca Infinix, a Positivo quer uma participação “significativa” do setor de smartphones intermediários. Para isso, a primeira aposta é no Infinix Note 10 Pro, smartphone que chega ao país com valores a partir de R$ 1.499. O Infinix Note 10 Pro será vendido inicialmente com exclusividade pelo grupo varejista Via (Casas Bahia, Ponto e Extra), pela operadora de telefonia Vivo, além de loja on-line da própria marca, e terá garantia de dois anos.
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O Infinix Note 10 Pro tem display de 6,95 polegadas, 8 GB de RAM e opções de armazenamento de 128 GB ou de 256 GB. Na parte traseira, há uma câmera noturna de 64 MP. A câmera frontal é de 16 MP. Por baixo do capô, há o chipset Helio G95, da MediaTek. O modelo chegará em duas cores ao Brasil e ainda não é compatível com a rede 5G.
Com uma estratégia voltada para a oferta de dispositivos acessíveis em países em desenvolvimento, a Transsion Holding tem crescido rapidamente ao redor do mundo. Seus principais mercados hoje estão na África, onde é líder absoluta. Os negócios também têm crescido em áreas como a Índia e Rússia.
No primeiro semestre, a companhia chinesa expandiu suas receitas em 65% em relação ao ano anterior, segundo dados da Counterpoint Research. A participação da companhia no mercado global de smartphones cresceu de 3,5% para 5.5% em dois anos.
Fabricação local
Para ganhar força no Brasil junto à Positivo, o acordo prevê a fabricação local dos aparelhos. Os dispositivos serão fabricados na Zona Franca de Manaus e finalizados em outras estações da empresa, como em Curitiba.
“Quando você traz um produto, desta categoria, importado, ele vai sair até 35% mais caro que um produto nacional”, explicou o vice-presidente de Negócios de Consumo da Positivo Tecnologia, Norberto Maraschin. “A gente investiu muito tempo na fábrica com o objetivo de ter competitividade para dar essas ofertas para dar uma mexida na dinâmica do mercado brasileiro.”
Segundo o executivo, a empresa quer aproveitar o período de compras do final do ano para apresentar a marca Infinix ao mercado brasileiro. A partir do primeiro trimestre de 2022, a Positivo promete lançar outros dispositivos da Infinix. Os planos são de trazer o portfólio completo da companhia. A partir de janeiro de 2022, os modelos Infinix também estarão disponíveis nos cerca de 15 mil pontos de venda parceiros da companhia no Brasil.
Como fica a Quantum?
O lançamento de uma nova linha de smartphones no Brasil pela Positivo levantou questionamentos sobre o futuro da divisão Quantum. Lançada em 2015 pela fabricante brasileira, a marca de dispositivos móveis tinha a ambição de atingir um público similar ao buscado pela Infinix, mas nunca atingiu sucesso comercial.
Segundo o vice-presidente de Produtos da Positivo, a Quantum “não morreu”. Agora, no entanto, deixa de fazer smartphones para consumidores finais e passa a funcionar no mercado corporativo, no desenvolvimento de soluções tecnológicas. Entre suas principais áreas de atuação estão soluções de pagamento.
“É uma grande avenida de crescimento da Positivo”, explicou Maraschin. Segundo Rotenberg, presidente da Positivo, a empresa já tem um “grande contrato” de fornecimento de maquininhas de pagamento para a Cielo. Recentemente, a Quantum fechou um segundo grande projeto, para a comercialização de mais de 200 mil peças, com um adquirente não revelado.
Plataforma multimarcas de fabricação
A parceria com a Transsion para trazer a marca Infinix ao Brasil é só a mais recente de uma série de acordos da Positivo com outras marcas. A companhia já trabalhava com a marca Vaio no país e, em abril deste ano, anunciou que passaria a incorporar as operações da Compaq no Brasil.
A estratégia tem sido positiva para organização. No segundo trimestre fiscal de 2021, a Positivo Tecnologia registrou receita bruta de R$ 940 milhões, um aumento de 89% em relação ao mesmo período do ano anterior. O resultado representou o melhor desempenho da história da companhia brasileira, fundada em 1989, em um segundo trimestre.
À época, Hélio Rotenberg, presidente da Positivo Tecnologia, afirmou que a companhia esperava que 2021 fosse o melhor ano da história da organização. O resultado foi atribuído à estratégia de diversificação de portfólio, através da qual a marca quer se tornar uma “plataforma multimarcas” de fabricação, distribuição e atendimento de hardware no Brasil.