Por que o Cadastro Positivo será benéfico?

Executivos da Quod e TransUnion acreditam em impacto relevante do novo sistema para cidadãos e empresas

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8:08 am - 20 de janeiro de 2020

No dia 11 de novembro de 2019, os bancos começaram a enviar dados de clientes para o Cadastro Positivo, que permite que empresas para as quais cidadãos pedem crédito enxerguem seu comportamento como pagador, uma lógica contrária do que acontece hoje com o cadastro negativo, quando as companhias analisam somente as contas que as pessoas deixaram de pagar, sem levar em consideração situações de emergência ou imprevistos.

O banco de dados que apresenta uma avaliação de risco de pessoas físicas e empresas para contrair empréstimos existe desde 2011. Contudo, com a nova legislação que culminou no Cadastro Positivo, a adesão dos usuários passa a ser automática, e não mais voluntária. O sistema será operado por instituições autorizadas pelo Banco Central, que não fazem vendas de dados e, portanto, não há invasão na privacidade dos dados do dono do score.

Inicialmente, o Banco Central (BC) concedeu às empresas Serasa, Gestora de Inteligência de Crédito (Quod), Boa Vista Serviços e Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL- SPC Brasil) o direito de serem gestoras de banco de dados de registro, que viabilizará o funcionamento do Cadastro Positivo de clientes do sistema financeiro.

Estima-se, assim, que de 6 milhões de cadastros vigentes, o Brasil passe a somar até 130 milhões. Com ele, cada consumidor terá uma nota elaborada a partir do histórico de pagamentos de contas e dívidas. Assim, pessoas e empresas bem avaliadas poderão ter acesso facilitado a crédito e, eventualmente, com taxas menores.

Antonio Carlos Pina, CTO da Quod, acredita que o Cadastro Positivo será benéfico para o mercado e para o cidadão e indica que a Quod está preparada para ele. A Quod, gestora de crédito e de dados dos cinco maiores bancos brasileiros para implementação do Cadastro Positivo e Score de Crédito, surgiu na esteira do Cadastro Positivo e tem grandes expectativas para essa nova era.

“O Cadastro Positivo vai revolucionar o País nos próximos dez anos, com a possibilidade de conceder R$ 1 milhão em crédito novo”, contou o executivo. “Os países que migraram do sistema negativo para o positivo tiveram melhora substancial na concessão de crédito”, completa. Pina explica que o modelo de score de crédito já gerou resultados impressionantes em outros países, como Chile, EUA, Alemanha e China e no Brasil a expectativa de sucesso é alta.

O executivo indica que o score de crédito é como uma nota que normalmente vai de 0 a 1000 e é um recurso preditivo e não reativo, permitindo reduzir o risco da concessão do crédito enquanto democratiza o acesso às informações, aumentando a concorrência.

No começo de 2020, a empresa lançará seus primeiros produtos para seguir o cronograma do Cadastro Positivo para os usuários e estima contar com outros serviços muito rapidamente, indo além do crédito, usando dados como base para seus negócios.

Quem também acredita no potencial do Cadastro Positivo é a TransUnion, multinacional norte-americana que atua no combate de fraudes. Juarez Zortea, presidente da TransUnion no Brasil, indica que as empresas, hoje, que tomam decisão de risco se baseiam em volume e precisam entender o consumidor 360 graus.

Segundo suas estimativas, o Brasil conta hoje com cerca de 63 milhões de pessoas negativadas, enquanto 30 milhões não têm histórico algum e 100 milhões são ‘pouco visíveis’ para o sistema. “Não há inclusão. Por isso, somos favoráveis ao Cadastro Positivo, porque traz luz aos negativados”, conta.

O papel da TransUnion nesse cenário, portanto, é o de automatizar o processo de gestão de ciclo de vida do cliente. “Temos camada de integração em dados internas e externas e automatizamos o processo de decisão”, explica.

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