O que falta no mercado de TI?

Mais mulheres, negros, público LGBTQ+I e PCD’s, ou seja, falta inclusão e diversidade

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9:00 am - 05 de fevereiro de 2024
mulheres, TI, instituto, tecnologia, diversidade, inclusão, mercado de TI, vagas de diversidade, startups brasileiras Imagem: Shutterstock

A inclusão social e a diversidade são, sem dúvida alguma, fundamentos essenciais na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. No mercado de trabalho, garantir que todos tenham acesso a oportunidades, independentemente de raça, gênero, orientação sexual, idade ou condição física segue sendo um grande desafio e uma meta que precisa ser seguida incansavelmente pelas empresas e seus gestores, até porque o caminho a percorrer ainda é bastante extenso.

Além das políticas de inclusão, algumas delas pautadas inclusive por obrigatoriedades legais, é preciso olhar do ponto de vista da valorização das diferenças e suas inquestionáveis contribuições ao dinamismo imposto pela própria dinâmica de mercado. As diferenças são ricas, pois trazem olhares distintos, habilidades e vivências que enriquecem a questão colaborativa no ambiente empresarial; a construção sob perspectivas diferentes em um mundo mais plural é cada vez mais valorizada e exigida pela sociedade.

Posto isso, vou abrir aqui um capítulo nesta análise: a falta de diversidade no mercado de TI – que dentre todos os segmentos – ainda se destaca, infelizmente, pela falta de inclusão. Apesar de ser um segmento pujante, com muitas oportunidades de vagas – segundo a consultoria McKinsey, o Brasil deve sofrer com a falta de, pelo menos, um milhão de profissionais de tecnologia até 2030, o mercado além da carência por profissionais qualificados para preencher estas posições, carrega também o fardo de ser considerado um dos menos diversos. Uma pesquisa do Google Brasil revelou que 29% das empresas ainda veem suas áreas de TI como a menos diversa e 36% dos profissionais do setor percebem essa mesma realidade.

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O cenário que temos hoje, segundo levantamentos recentes de mercado de entidades como a Brasscom – Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais, mostra que enquanto 24% dos brasileiros apresentam algum tipo de deficiência física ou motora, apenas 0,8% deles ocupam vagas no setor. As mulheres, que são 51% da população brasileira, ocupam apenas 38% dos cargos em tecnologia. Os pretos e pardos são somente 30% do total dos colaboradores da área.

Os dados falam por si só e sabemos que a educação tecnológica que capacita esses profissionais tecnicamente para ocupar essas posições é fundamental neste cenário, mas deve-se caminhar lado a lado com políticas de inclusão dentro das companhias. Existem várias estratégias a seguir; entre elas: programas de capacitação informal e gratuitos para grupos minoritários –  em parcerias com edtechs e instituições de ensino – criação interna de políticas de inclusão e diversidade fortemente enraizada na cultura organizacional das empresas e equidade salarial são alguns destes caminhos.

Para além das políticas de diversidade e inclusão perfeitamente possíveis dentro das empresas, vale aqui uma reflexão sobre a história do mercado de TI que ao longo de anos sempre teve homens ocupando a grande maioria das vagas; em especial brancos e nerds. Este “modelo” acabou se perpetuando e ocupando o imaginário como perfil ideal para a função de programador. Estes vieses inconscientes atravancam a evolução do setor até hoje e não só para as mulheres, mas para gays e demais minorias.

Temos que lutar diariamente para quebrar todas estas barreiras sejam elas estruturais, sociais ou históricas. Cabe a todos um posicionamento firme e transformador deste cenário; governo, empresas, entidades e a sociedade como um todo. Em um país em que faltam empregos, sobra pobreza e miséria, não cabe nenhum tipo de conivência com pensamentos retrógrados e ultrapassados que tiram das pessoas a oportunidade de terem uma carreira, uma vida digna e um futuro promissor.

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Carmela Borst

Empreendedora Social e Especialista em ESG, Marketing e Tecnologia. Sólida carreira executiva com mais de 25 anos, como CMO na América Latina para gigantes globais como Oracle e Aon. Fundadora e CEO da SoulCode Academy, combina sua paixão por tecnologia com impacto social.

Há quase 10 anos desempenha papel como conselheira em renomadas ONGs, incluindo Casa do Zezinho, Gerando Falcões e Instituto Capim Santo, Instituto Ser Mais. Sua trajetória é marcada pela inovação e pelo compromisso com o desenvolvimento social e corporativo.

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