Nem os funcionários do Facebook acreditam em sua segurança

E nem mesmo no próprio Mark Zuckerberg. Isto é o que revelam duas horas de áudios vazados.

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12:51 pm - 01 de outubro de 2019

Se Mark Zuckerberg não tivesse controle de voto no Facebook, já teria sido demitido. E é o próprio CEO da rede social quem faz tal afirmação.

O site The Verge publicou neste 1º de outubro uma reportagem com duas horas de áudios vazados de reuniões feitas em julho. Zuckerberg responde a funcionários do Facebook perguntas e tira até alguns risos da platéia.

Dentre os assuntos, ele passou instruções sobre como lidar com as críticas; falou de concorrentes; comentou embates com a senadora estadunidense Elizabeth Warren e muito mais.

“Em 2006, quando o Yahoo quis comprar nossa empresa, eu provavelmente teria sido demitido”, afirma Zuckerberg. “Nós nem estaríamos aqui se eu não tivesse controle”.

A fala do CEO vem acompanhada sobre a sua “sorte de construir o Facebook”. E, portanto, de ter “o controle do voto”. “Isso foi importante porque, sem isso, eu teria sido demitido em várias ocasiões”, disse.

Zuckerberg também falou sobre suas recusas a testemunhar diante de governos ao redor do mundo. “Quando surgiram os problemas no ano passado em torno da Cambridge Analytica, eu participei de audiências nos EUA e na União Europeia”, disse ele.

Para o executivo, “simplesmente não faz sentido” comparecer “a audiências em todos os países que querem” que ele responda perguntas.

Briga de cachorro grande

Os funcionários do Facebook conhecem ele melhor do que os tradicionais usuários. Isso é fácil de entender. Mas, da mecânica do Facebook e como ele deve agir, o CEO fala como um “dono da bola”.

Sobre Elizabeth Warren, que concorre à presidência dos Estados Unidos, ele diz que provavelmente a rede social teria “um desafio legal” se ela vencer as eleições de 2020, mas aposta que venceria um processo.

“Isso ainda seria péssimo para nós? Sim. Eu não quero ter um grande processo contra o nosso governo […] Mas, no final do dia, se alguém tenta ameaçar a existência de algo, você vai para o tatame e luta.”

Em sua conta no Twitter, Elizabeth respondeu à matéria do Verge e às afirmações de Zuckerberg:

“O que realmente seria péssimo é se não consertarmos um sistema corrupto que permite que empresas gigantes como o Facebook se envolvam em práticas anticoncorrenciais ilegais, sigam os direitos da privacidade do consumidor e se atrapalhem repetidamente com a responsabilidade de proteger nossa democracia.”

Warren defende, na corrida eleitoral, mudar como as grandes empresas de tecnologia funcionam. “As grandes empresas de tecnologia hoje têm muito poder sobre nossa economia, nossa sociedade e nossa democracia”, diz uma publicação da candidata.

Neste processo, a concorrência acaba sendo “destruída” e as prejudicadas são as pequenas empresas.

Markkkkk Zuckkkkerberg

Para o CEO do Facebook, desmembrar as grandes empresas – “seja o Facebook, Google ou Amazon” – não é uma solução.

Ele também fala sobre o Twitter e segurança. Para Zuckerberg, o Twitter “não pode fazer um trabalho tão bom quanto é possível”.

O CEO do Facebook diz que “eles [Twitter] enfrentam, qualitativamente, os mesmos problemas”. Por outro lado, “não podem investir”, e que o investimento em segurança do Facebook “é maior que toda a receita da empresa [do Twitter]”.

Nesse momento, os funcionários presentes na reunião começam a dar risada. Nem eles, que vivenciam o Facebook em seus locais de trabalho, parecem acreditar na fala de Zuckerberg ou na segurança da plataforma.

Moderadores e TikTok

Atualmente, o Facebook tem cerca de 30 mil funcionários na moderação da plataforma. Isto significa que eles analisam conteúdo violento, explícito e publicações da rede social.

O Verge publicou, em fevereiro, relatos sobre como é a vida dos moderadores. Para ele, publicações do tipo “são um pouco exageradas”. O CEO analisa que os moderadoras não passam o dia inteiro “apenas observando coisas horríveis”.

“Com uma população de 30.000 pessoas, haverá uma distribuição de experiências que as pessoas têm”.

“Mas há coisas muito ruins com as quais as pessoas têm de lidar”, diz ele. Parte do trabalho envolve oferecer “apoio à saúde mental de que [as pessoas] precisam”.

Mais um (ou menos um?) concorrente

Lembram quando o Facebook quis comprar o Snapchat por causa do formato “inovador” dos Stories? A compra não se concretizou, e hoje, todas as plataformas do Facebook têm o recurso.

Zuckerberg também tem um plano para o TikTok, da ByteDance. Lá no México, um país onde o TikTok não tem tanta abrangência, eles lançaram um app semelhante chamado “Lasso”.

“Estamos tentando primeiro ver se conseguimos fazê-lo funcionar em países onde o TikTok ainda não é grande” antes de lançar o Lasso ao redor do mundo.

Na publicação original, Zuckerberg ainda fala sobre a tentativa de lançamento da criptomoeda Libra. A transcrição das duas horas de gravação também foi disponibilizada pelo The Verge.

Fonte: The Verge.

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