Morre Gordon Moore, cofundador da Intel, aos 94 anos
Formulador da famosa 'Lei de Moore', Gordon Moore é também um dos fundadores do que viria a ser o Vale do Silício
Morreu nessa sexta-feira (24) o cofundador da Intel e promulgador da famosa Lei de Moore, o químico, pesquisador e empreendedor Gordon Earle Moore, ou simplesmente Gordon Moore. A causa da morte não foi revelada, mas a família divulgou que o falecimento se deu em sua casa no Havaí cercado de filhos e netos – Moore deixou a esposa, Betty, dois filhos e quatro netos.
Nascido em São Francisco, Califórnia, Moore se formou em química em 1950 pela Universidade da Califórnia, em Berkeley. No mesmo ano ingressou no Instituto de Tecnologia da Califórnia, a Caltech, onde se especializou em física e obteve PhD em química, em 1954. Concluiu o pós-doutorado em física aplicada no laboratório da Universidade Johns Hopkins em 1956.
Com outros alunos da Caltech e do MIT, foi um dos primeiros funcionários da Fairchild Semiconductor, uma das pioneiras americanas na fabricação de semicondutores, que havia sido fundada no ano anterior (1955) por Sherman Fairchild e Arthur Rock. Foi lá que, em 1965, promulgou a notória ‘Lei de Moore’, quando era diretor de pesquisa e desenvolvimento.
Moore ajudou a criar e fabricar transistores de silício, bem como produzir um circuito de transistores planares em um único pedaço de silício. Foi o primeiro microchip do mundo.
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Só alguns anos mais tarde, em julho de 1968, que ele e Robert Noyce se uniram para fundar a NM Electronics, mais tarde rebatizada de Intel Corporation. Na empresa, Moore foi vice-presidente executivo entre 1975 e 1979, quando então se se tornou presidente e CEO. Em 1987 deixou a cadeira de CEO e reteve apenas o cargo de “chairman”, tendo sido o mais longevo dos que passaram pela companhia, ficando até 1997 (quando então se tornou “presidente emérito”, cargo do qual se aposentou apenas em 2006).
Durante seu período de liderança, a Intel cresceu e alcançou o posto de principal fabricante de microprocessadores do mundo, tendo sido em parte responsável pela popularização dos computadores pessoais (PCs). Também avançou no design de memórias, circuitos integrados e placas de rede, entre outros componentes. Pelo trabalho na Intel, Moore é reconhecido como um dos “fundadores do Vale do Silício“.
Em abril de 2022, a Intel renomeou um de campus em Hillsboro, Oregon, para homenagear o cofundador. O campus passou a se chamar “Parque Gordon Moore”, e um de seus edifícios “The Moore Center”.
Lei e legado de Moore
Em 1965, quando era diretor de pesquisa e desenvolvimento na Fairchild Semiconductor, Moore publicou pela primeira vez sobre a lei que leva seu nome. Convidado por uma revista – a Electronics Magazine -, o pesquisador escreveu um artigo em que previa que o número de transistores em um circuito integrado dobraria a cada ano sem incrementos consideráveis de custo de produção. Em 1975, dez anos depois, ele reviu o tempo da previsão para cerca de dois anos.
Desde então a lei se manteve verdadeira e pautou o ritmo de evolução da computação. Ela se aplica inclusive a outros tipos de transistores que não necessariamente os de CPUs. O padrão se manteve verdadeiro para grande parte da indústria pelo menos até o ano de 2021, quando o ritmo parece ter diminuído – embora o dado ainda não possa ser totalmente verificado. O surgimento de sistemas quânticos também coloca a lei em xeque.
Moore recebeu vários prêmios e reconhecimentos durante a carreira, incluindo a Medalha Presidencial da Liberdade – considerada a maior honraria para civis nos EUA – em 2002, além da Medalha Nacional de Tecnologia em 1990.
Também recebeu a medalha John Fritz (em 1993), a medalha dos fundadores do IEEE (Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos, em 1997), organização da qual também recebeu uma medalha de honra em 2008.
Desde 2000, Moore e sua esposa Betty mantinham a Gordon and Betty Moore Foundation. Chegaram a administrar um montante de US$ 5 bilhões aplicados em financiamento de projetos principalmente voltados para conservação ambiental (inclusive na Amazônia brasileira) e promoção das ciências, além de fazer doações substanciais para universidades e fundos para bolsas de estudo.
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