Katia Vaskys: ‘quando você está no topo de uma organização, você está só’

Em entrevista ao podcast IT Forum Líderes, Gerente geral da IBM revisa o início da carreira até os dias atuais e compartilha os desafios da liderança

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7:45 am - 23 de julho de 2021

Se Katia Vaskys tivesse seguido as primeiras pretensões do início de sua vida profissional, o destino dela e os desafios da carreira certamente teriam sido outros. Mas obra do acaso ou não, a vida decidiu colocar a jovem graduada em Comunicação Social nos trilhos que a levariam a ocupar eventualmente o cargo máximo da operação brasileira da IBM. No dia 4 de janeiro de 2021, a gigante de tecnologia anunciava para o mercado Katia como gerente geral e com ela um marco para a história da companhia: era a primeira mulher a ocupar tal cadeira. “Eu costumo falar que foi a TI que me escolheu”, conta Katia para o podcast IT Forum Líderes.

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Com o convite para assumir a liderança da IBM, veio a projeção de planos de ação e estratégias. Mas uma mudança no próprio modelo de negócios da companhia cobraria um novo direcionamento para Katia. “Quando você recebe um convite de que vai assumir uma posição, a primeira coisa que a gente faz é sentar e planejar o que a gente vai fazer. A gente para e pensa que vai transformar tal área, construir tal modelo de negócio, trazer tal pessoa para trabalhar com você, você começa já mesmo sem o anúncio oficial”, conta. “Só que a IBM é uma jovem empresa que se transforma muito […] e o início de 2021 foi um ano muito especial porque a IBM transformou de maneira radical o seu modelo de ida ao mercado. Então, todos os planos que eu tinha feito não eram válidos mais. E eu tive de reinventar algumas coisas que estava fazendo em modo voo”, lembra Katia ao se referir ao anúncio da IBM de dividir a companhia em duas, uma delas dedicada à infraestrutura de TI e a outra a serviços e consultoria.

Se com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades, ao ser nomeada à liderança da IBM Brasil, Katia também passou a representar um sem número de mulheres no mercado corporativo. Muitas mensagens de apoio vieram, assim como pedido de conselhos, o que despertou, diz Katia, um compromisso e uma missão. “Uma pessoa da minha idade, que já atuo há mais de 25 anos só na área de TI, é natural que a gente chegue a acreditar que está tudo bem. Então, quando eu chego nesta posição, depois de tudo que eu passei na minha vida, você começa a construir uma certa normalidade e começa a achar que não tem mais preconceito, discriminação, estamos trabalhando em um ambiente favorável às mulheres, está tudo OK. Porque isso acaba sendo um pouco do meu dia a dia e do meu pequeno mundinho”, diz a executiva. “E quando eu fui nomeada à Gerente geral da IBM Brasil, este não era o aspecto mais importante e nem achava que seria o aspecto que iria mais se destacar e para mim foi algo que me chamou muito atenção e fez um chamado pessoal para a minha atuação mais efetiva, a maneira como eu fui recebida e recebi feedback de jovens mulheres pedindo ajuda, pedindo mentoria, pedindo para eu contar a minha história, me despertando o quanto a gente ainda precisa fazer”, conta.

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Liderança não pode ser uma ilha

A liderança pode se tornar um caminho solitário dentro das organizações. Para Katia, é um exercício diário que ela pratica para não perder a sua autenticidade. “Normalmente quando você ocupa um cargo de alta liderança, você tende a assumir uma postura muito protocolar […] Mas eu procuro fazer isso sem perder a minha essência, para permitir que as pessoas se sintam a vontade para falar comigo, para me dar feedback, para me trazer o pulso do que está acontecendo no dia a dia. Um dos problemas principais da liderança é que a gente fica muito sozinho. Quando você está no topo de uma organização, você está só, porque as pessoas a sua volta, elas automaticamente filtram o que elas vão te trazer, elas se preparam para conversar com você. Então, se você não quebra isso, se você não fala: ‘gente, eu sou de verdade, falem a verdade’, você não consegue saber o que está acontecendo”, diz Katia.

Parte do exercício de manter a autenticidade na liderança se reflete em manter a diversidade de assuntos que Katia consome. Ao mesmo tempo, abrir-se para o diálogo com quem estiver em diferentes cenários. “Eu não leio só o jornal de negócios, o livro de negócios, os livros de tecnologia ou a mídia especializada, eu procuro a aprender em tudo. E quando eu falo isso é sobre aprender ouvindo com o balconista da padaria, porque ele, com certeza, vai te trazer uma grande lição, é explorar todas os séries e filmes que têm em todos os streaming, é escutar um podcast diferente, escutar uma música diferente, conversar com as pessoas a sua volta. O aprendizado vem das coisas da vida, das coisas do dia a dia, então a gente não pode se afastar nunca disso, nunca da realidade. Eu procuro aprender o tempo todo e das formas mais distintas”, indica Katia.

Ao podcast IT Forum Líderes, Katia revisa os primeiros anos da carreira, a transição para o universo da tecnologia e como busca conciliar a vida profissional e privada. Escute o podcast no Spotify:

 

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