Investimentos em novas fábricas não suprem demanda atual de chips

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10:25 am - 31 de janeiro de 2022
Semicondutores

A falta de autonomia dos Estados Unidos sobre a produção de chips e a escassez do insumo no mercado global levou o governo norte-americano a uma articulação com o setor privado para ampliar a produção local. No entanto, segundo pesquisa realizada pelo Departamento de Comércio dos EUA, ainda há um crescente descompasso entre oferta e demanda de chips, da qual o mercado – e os esforços do governo de Joe Biden – não dá conta de suprir.

Em setembro, o Departamento de Comércio lançou uma Solicitação de Informações (ou “RFI”) sobre a cadeia de suprimentos de semicondutores que deu uma nova visão sobre a cadeia global de suprimentos de semicondutores. O Departamento recebeu mais de 150 respostas, inclusive de quase todos os principais produtores de semicondutores e de empresas de vários setores de consumo.

De acordo com o RFI há um descompasso “significativo e persistente” na oferta e demanda de chips, no qual os entrevistados não veem desaparecer nos próximos seis meses. A demanda média pelos chips destacados pelos compradores que responderam ao RFI foi 17% maior em 2021 do que em 2019, e os compradores não estão vendo aumentos proporcionais na oferta que recebem.

“Não estamos nem perto de estar fora de perigo no que se refere aos problemas de fornecimento de semicondutores”, disse Gina Raimondo, Secretária de Comércio dos EUA, em uma entrevista coletiva na terça-feira (25). “A cadeia de suprimentos de semicondutores é muito frágil e continuará assim até que possamos aumentar a produção de chips nos Estados Unidos”.

Embora ainda haja sufoco para atender a demanda, a pesquisa mostra que houve progresso desde o início de 2021.

Desde que a escassez de semicondutores começou, em 2020, as empresas de semicondutores aumentaram significativamente a utilização de sua capacidade existente. Especificamente, do segundo trimestre de 2020 a 2021, as fábricas de semicondutores operaram com mais de 90% de utilização, o que é incrivelmente alto para um processo de produção que requer manutenção regular e quantidades muito altas de energia, destaca o RFI.

No entanto, Raimondo disse que para resolver o déficit da oferta, o “gargalo primário em geral parece ser a capacidade de produção de wafer”, escreveu. Dessa forma, mais fábricas precisam estar produzindo chips para atender a demanda de chips do mercado local. Não à toa, as empresas de semicondutores investiram mais dinheiro, mais rápido do que nunca, na expansão de sua capacidade, segundo o RFI.

Em seu relatório de 2021, a Semiconductor Industry Association previu que os gastos de capital (capex) da indústria de semicondutores chegariam perto de US$ 150 bilhões em 2021 e mais de US$ 150 bilhões em 2022. Para comparação, antes de 2021, o setor nunca gastou mais de US$ 115 bilhões em capex anual.

Esses números refletem anúncios recentes, como os de uma nova fábrica de semicondutores da Intel em Ohio e notícias da Global Foundries, que incluem planos para uma nova fábrica em Nova York.

Ainda assim, esses esforços só afetarão a cadeia de suprimentos quando essas fábricas estiverem em produção. Alguns dos investimentos estão previstos para entrar em operação já no segundo semestre de 2022. A Intel, que inaugurou suas mais novas fábricas no Arizona em setembro, no entanto, disse que as fábricas não estarão operacionais até 2024.

Isso tem a ver com outra descoberta do relatório: a maioria das empresas pesquisadas disse que não viu a escassez de chips diminuir por pelo menos mais seis meses.

Com informações de Ars Technica

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