Cerqueira Cesar, do BB: ‘Interesses comerciais e políticos querem me derrubar’

Em entrevista exclusiva ao COMPUTERWORLD, vice-presidente de tecnologia e logística do Banco do Brasil, diz que manobras de interesses comerciais em outros órgãos do Governo querem forçá-lo a se demitir.

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1:02 pm - 29 de julho de 2005

O vice-presidente de tecnologia e logística do Banco do Brasil, José Luiz de Cerqueira Cesar, disse hoje em entrevista exclusiva ao COMPUTERWORLD que manobras de interesses comerciais e políticos querem aproveitar a “lambança” feita por alguns profissionais de outros órgãos do Governo e que está sendo amplamente investigada pela CPMI dos Correios para forçá-lo a se demitir do Banco do Brasil. “Eu nunca tinha participado de governo e é preciso ter nervos de aço para agüentar momentos como este, em que as pressões surgem de vários setores”, diz Cerqueira Cesar.

Cerqueira reforça que a escolha de seu nome para dirigir as áreas de TI, segurança e logística do banco seguiu critérios altamente técnicos – ainda como CIO da BM&F, em 2001 e 2002, o executivo foi um dos principais líderes de TI do Brasil no período de concretização do novo Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), além de ter sido superintendente de TI do Unibanco no final da década de 90 – e que projetos de TI e de gestão implementados nos últimos dois anos, aumentando o controle e a transparência de todos os processos de compras do banco, têm feito muitos inimigos.

O executivo deixa claro também que as acusações de “PTzação” de sua vice-presidência são infundadas. “Meus dois diretores diretos não têm nenhum vínculo partidário e foram escolhidos entre profissionais de carreira do banco”, afirma. Cerqueira, no entanto, sempre teve forte ligação com partidos de esquerda, desde os tempos de estudante na USP na década de 70.

Durante entrevista de pouco mais de 40 minutos, Cerqueira citou 6 vezes seu trabalho a favor de sistemas e iniciativas que evitem lavagem de dinheiro. “Além de encabeçar e dar palestras em dois seminários internacionais sobre lavagem de dinheiro, eu e minha equipe entregamos recentemente proposta ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras, ligado ao Ministério da Fazenda) para automatizar um sistema de mensageria que permitiria um controle muito maior de eventuais esquemas de lavagem de dinheiro”, completa o vice-presidente do Banco do Brasil.

Fontes ligadas ao Banco do Brasil confirmam que reportagens publicadas principalmente pelo jornal O Estado de S. Paulo têm acusado Cerqueira de irregularidades em contratos e que isso pode levar ao processo de “profecia auto-realizável”, em que as acusações – fundadas ou infundadas – acabarão obrigando Cerqueira Cesar a sair do banco. O vice-presidente afirma que seu contato com o presidente do banco, Rossano Maranhão Pinto, é bastante próximo e claro e que não existe pressão política internamente. “As pressões vêm de fora para dentro”, completa Cerqueira Cesar.

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